
A Disputa Eleitoral nos EUA: Kamala Harris Ganha Terreno sobre Trump
- Kamala Harris tem reduzido a vantagem de Donald Trump nos subúrbios e entre as famílias de rendimento médio, segmentos fundamentais do eleitorado.
- Harris lidera com 47% contra 41% de Trump entre os eleitores suburbanos, uma oscilação de nove pontos desde o início da sua campanha em julho.
- Entre as famílias de rendimento médio, Harris superou Trump, com 45% contra 43%, invertendo a vantagem inicial do republicano.
- A economia é o tema mais importante para os eleitores, com Trump a ser considerado o melhor candidato nesta área por 46% dos inquiridos.
- Harris tem ganho apoio ao destacar temas como o fortalecimento da classe média e a defesa da democracia contra o extremismo político.
- Embora Harris tenha uma vantagem de três pontos percentuais nas sondagens nacionais, o resultado da eleição será decidido em estados-chave como Arizona, Michigan e Pensilvânia.
- Apoiante de Harris relataram ter-se aproximado da candidata à medida que aprendiam mais sobre as suas posições e propostas, especialmente em questões como o direito ao aborto e a acessibilidade económica.
Nas eleições presidenciais dos EUA, marcadas para 5 de novembro, a candidata democrata Kamala Harris tem vindo a reduzir a vantagem do rival republicano, Donald Trump, em dois segmentos fundamentais da sociedade americana: os residentes nos subúrbios e as famílias de rendimento médio. Uma análise das sondagens Reuters/Ipsos revela uma viragem importante a favor de Harris, especialmente desde que o atual Presidente, Joe Biden, decidiu retirar-se da corrida à reeleição em 21 de julho.
A Importância dos Subúrbios
Os subúrbios, onde reside cerca de metade do eleitorado dos EUA e que são representativos da diversidade racial do país, constituem um campo de batalha essencial. Em 2020, Joe Biden venceu Trump nestas zonas por seis pontos percentuais, mas antes de abandonar a corrida, Trump havia conseguido inverter esta tendência. As sondagens realizadas em junho e julho indicavam que o ex-presidente liderava com 43% das intenções de voto entre os suburbanos, em comparação com os 40% de Biden.
Contudo, a entrada de Kamala Harris na corrida presidencial trouxe uma nova dinâmica. Desde o lançamento oficial da sua campanha em julho, Harris começou a diminuir a diferença. Em setembro e outubro, já liderava com 47% contra 41% de Trump, uma mudança significativa de nove pontos percentuais em comparação com o cenário anterior, segundo a análise das seis sondagens da Reuters/Ipsos que incluíram mais de 6.000 eleitores registados.
O Desempenho entre as Famílias de Rendimento Médio
Outro grupo demográfico crucial são as famílias de rendimento médio, ou seja, aquelas que ganham entre 50.000 e 100.000 dólares anuais. Trump liderava inicialmente com 44% contra 37% de Biden entre estes eleitores, mas o cenário também mudou após a desistência do atual presidente. As mais recentes sondagens mostram que Harris conseguiu ultrapassar Trump, atingindo 45% das intenções de voto, contra os 43% do republicano. Esta mudança de nove pontos a favor de Harris entre a classe média é um marco importante para a candidata democrata, que tem centrado a sua campanha em promessas de fortalecer esta faixa da população.
É importante notar que, em 2020, Trump venceu este grupo com 52% dos votos, uma margem que agora parece estar a encolher. As margens de erro das sondagens são de cerca de três pontos percentuais, o que torna a corrida ainda mais apertada.
A Economia e Outros Temas Decisivos
A economia continua a ser a principal preocupação dos eleitores americanos. Em outubro, 46% dos eleitores afirmaram que Trump era o melhor candidato para gerir a economia, superando Harris por 8 pontos percentuais. Além disso, Trump é visto como o mais fiável em questões de imigração e criminalidade. Durante um comício em agosto, Trump destacou a segurança nos subúrbios como um dos principais temas da sua campanha, prometendo manter os imigrantes ilegais fora destas zonas.
Por outro lado, Kamala Harris tem apelado à classe média, prometendo melhorar as suas condições e defender a democracia contra o extremismo político. Esta abordagem tem sido bem-sucedida em reduzir a vantagem de Trump em temas económicos como a inflação, que tem afetado especialmente a classe média. A promessa de Harris de fortalecer a acessibilidade económica e proteger a classe média tem sido um ponto central dos seus discursos.
David Wasserman, analista do Cook Political Report, sublinha que Harris tem tido um bom desempenho entre os suburbanos mais abastados, que parecem estar a ganhar confiança na recuperação económica. Além disso, as suas promessas constantes de apoio à classe média estão a ressoar junto das famílias de rendimento médio.
O Apoio Crescente a Harris
Interessante notar que muitos apoiantes de Harris, segundo entrevistas conduzidas pela Reuters, admitiram não ter prestado grande atenção à vice-presidente antes de ela se tornar candidata. À medida que aprenderam mais sobre as suas propostas e ideias, acabaram por apoiá-la de forma mais convicta.
Na última das seis sondagens realizadas entre 4 e 7 de outubro, Harris liderava por uma margem de três pontos percentuais entre os eleitores registados em geral, com 46% contra 43% de Trump. Esta vantagem modesta nas sondagens nacionais, embora significativa, não garante a vitória, uma vez que o resultado da eleição será, provavelmente, decidido em sete estados cruciais — Arizona, Michigan, Pensilvânia, Carolina do Norte, Nevada, Wisconsin e Geórgia. Nestes estados, a disputa também se mantém acirrada.
A memória das eleições de 2016, onde Hillary Clinton venceu o voto popular, mas perdeu para Trump devido a reviravoltas em estados essenciais, ainda paira sobre a campanha. Naquele ano, Clinton obteve quase 3 milhões de votos a mais que Trump, vencendo nos subúrbios por uma margem de 1 ponto percentual, mas acabou por perder o Colégio Eleitoral.
O Papel dos Estados Decisivos
Os condados de batalha, como Maricopa no Arizona, desempenham um papel vital. Em 2020, este condado foi fundamental para a vitória de Biden, virando democrata por uma margem estreita após ter votado em Trump em 2016. Sheila Lester, uma residente de 83 anos de Peoria, Arizona, e apoiante de Harris, disse numa entrevista telefónica que inicialmente acreditava que Trump venceria Biden. No entanto, ficou satisfeita ao ver a unidade do Partido Democrata em torno da candidatura de Harris, destacando o potencial de a vice-presidente se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto do país.
Em Michigan, outro estado-chave, Karen Davidson, residente de 83 anos de West Bloomfield, explicou que só começou a formar uma opinião mais positiva de Harris após esta subir nas sondagens. Davidson destacou a força de Harris em enfrentar as críticas, algo que considera essencial para liderar o país.
Em Pooler, Geórgia, Kevin Garcia, de 24 anos, disse sentir-se aliviado com a saída de Biden da corrida e favorável às promessas de Harris de apoiar as pequenas empresas, algo que considera mais convincente do que a retórica de Trump sobre tarifas a produtos importados.
Um Futuro Incerto
Apesar dos ganhos de Harris nas sondagens, Wasserman alerta para a importância da participação eleitoral nas áreas urbanas, tradicionalmente democratas, e nas zonas rurais, dominadas pelos republicanos. Estes fatores poderão ser decisivos para o resultado da eleição.
Enquanto a economia e a segurança continuam a ser temas centrais, a corrida entre Kamala Harris e Donald Trump mantém-se excecionalmente renhida, com cada voto a contar no desfecho de uma das eleições mais imprevisíveis da história recente dos EUA.
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