BoE, Valorização Excessiva dos Ativos – 25 Out 24

Banco de Inglaterra Alerta para Valorização Excessiva e Risco de Correção nas Ações

  • O Banco de Inglaterra alerta para a valorização excessiva dos ativos globais, destacando riscos de correção nos mercados.
  • Preocupações com o risco geopolítico atingem níveis recorde desde 2008, com foco em conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia.
  • A dívida pública britânica atinge 100% do rendimento nacional, e o crescimento da economia é previsto em 0,3% por trimestre no segundo semestre de 2024.
  • O FPC manterá o buffer de capital anticíclico inalterado em 2%.

O Banco de Inglaterra (BoE) lançou um alerta sobre a valorização excessiva dos ativos globais, destacando a vulnerabilidade dos preços a uma queda acentuada devido ao aumento das preocupações dos investidores com os riscos geopolíticos. No seu comunicado recente, o BoE sublinhou que os riscos para a estabilidade financeira do Reino Unido mantêm-se estáveis desde a avaliação de junho, mas advertiu que a rápida recuperação dos preços dos ativos após a queda de agosto não deve ser motivo de otimismo.

“As valorizações em várias classes de ativos, em particular as ações, voltaram rapidamente a níveis elevados após o episódio. Os mercados continuam a ser suscetíveis de uma correção acentuada”, afirmou o Comité de Política Financeira (FPC) do Banco de Inglaterra, acrescentando que “as vulnerabilidades globais continuam a ser importantes, tal como a incerteza em torno do ambiente geopolítico e das perspetivas globais”.

Um inquérito bianual do BoE revelou que as preocupações com o risco geopolítico atingiram o ponto mais alto desde o início do estudo em 2008, com 55 empresas financeiras a responderem entre 23 de julho e 12 de agosto. O estudo identificou os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, além das eleições presidenciais nos EUA, como principais fontes de risco.

Relativamente à Grã-Bretanha, o BoE observou que a dívida pública subiu para 100% do rendimento nacional situando-se a meio da tabela entre as economias avançadas. A ministra das Finanças, Rachel Reeves, deverá apresentar o seu primeiro orçamento anual a 30 de outubro, após as eleições do Partido Trabalhista de 4 de julho.

O BoE avaliou que a maioria das famílias e empresas britânicas está a gerir bem as taxas de juro elevadas, embora algumas pequenas empresas e aquelas com apoio de capital privado estejam a enfrentar dificuldades. Em agosto, o Banco de Inglaterra reduziu a taxa de juro para 5%, após ter alcançado 5,25% o nível mais alto em 16 anos mantendo-a inalterada em setembro. Os mercados financeiros estimam uma probabilidade de 90% de uma nova redução para 4,75% na reunião de 7 de novembro.

Além disso, as taxas de juro mais baixas poderão aliviar o peso dos empréstimos hipotecários para as famílias cujas hipotecas a taxa fixa expiram no próximo ano, segundo o BoE. Globalmente, os custos com os juros da dívida devem manter-se abaixo dos valores registados após a crise financeira mundial.

O banco central também indicou que a economia britânica deverá crescer 0,3% por trimestre no segundo semestre de 2024, um crescimento alinhado com a taxa tendencial a longo prazo do país. Contudo, esse ritmo é inferior ao do primeiro semestre do ano, que beneficiou da recuperação da recessão superficial observada no final de 2023.

Por fim, o FPC anunciou que manterá inalterado o buffer de capital anticíclico em 2%, uma ferramenta essencial para a gestão de riscos no ciclo de crédito dos bancos. O BoE também chamou a atenção para o aumento da posição líquida curta dos fundos de cobertura em obrigações do Tesouro dos EUA, que passou de 875 mil milhões para 1 bilião de dólares desde junho. Alterações na perceção de risco ou outros fatores que forcem os fundos a desfazerem essas posições podem gerar tensões graves nos mercados financeiros. Por outro lado, a elevada dívida pública nas principais economias continua a ser uma potencial fonte de instabilidade, especialmente se os investidores adotarem uma visão mais pessimista face ao endividamento.


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