
Política Monetária do Banco de Inglaterra: Cortes nas Taxas e Perspetivas de Inflação e Crescimento
- O Banco de Inglaterra (BoE) reduziu as taxas de juro de 5% para 4,75%, na segunda descida desde 2020, com expectativas de cortes futuros a ocorrerem de forma gradual.
- O orçamento britânico recente deverá elevar a inflação e o crescimento a curto prazo, com previsão de aumento de 0,5% na inflação no seu pico e de 0,75% no PIB em 2024.
- A inflação é esperada subir para 2,5% até ao final de 2024 e 2,7% até ao final de 2025, recuando para valores abaixo do objetivo de 2% em meados de 2027.
- Fatores externos, como potenciais políticas comerciais dos EUA, poderão influenciar a trajetória de cortes nas taxas.
Na quinta-feira passada, o Banco de Inglaterra voltou a reduzir as taxas de juro, passando de 5% para 4,75%, marcando a segunda descida desde 2020. Esta decisão teve como objetivo responder ao abrandamento das pressões inflacionárias observadas recentemente. Contudo, o BoE sublinhou que as próximas reduções de taxas devem ocorrer de forma gradual, uma vez que o novo orçamento britânico aponta para uma possível subida tanto da inflação quanto do crescimento económico.

Detalhes da Decisão de Política Monetária
O Comité de Política Monetária (MPC) votou por 8-1 a favor da redução, superando a expectativa de uma votação de 7-2. Apenas Catherine Mann se manifestou contra, preferindo a manutenção da taxa de juro. Após o anúncio, a libra esterlina subiu ligeiramente face ao dólar americano, embora as previsões de novos cortes em 2025 tenham-se mantido estáveis.
O governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, comentou que a descida das taxas não pode ser muito rápida, alertando para a necessidade de prudência. Acrescentou, contudo, que, caso a economia evolua conforme o previsto, é provável que a política monetária se mantenha orientada para uma redução gradual das taxas. Este posicionamento cauteloso reflete uma análise contínua da trajetória da inflação e do impacto dos gastos governamentais.
Efeitos do Orçamento no Crescimento e Inflação
O orçamento recente, que inclui elevados gastos e aumento do limite para dívidas, levou os investidores a moderar as expetativas quanto ao ritmo de novos cortes nas taxas. O BoE estima que as novas medidas fiscais adicionarão cerca de 0,5% à inflação no seu pico, previsto para os próximos dois anos, atrasando o regresso ao objetivo de inflação de 2% do banco central.
Em termos de crescimento, o orçamento deverá impulsionar a economia britânica em cerca de 0,75% em 2024, embora se espere que esse impacto não melhore as taxas de crescimento anual no médio prazo. A Ministra das Finanças, Rachel Reeves, e o Primeiro-Ministro, Keir Starmer, recém-eleito, destacaram o crescimento económico como prioridade, considerando as novas medidas essenciais para impulsionar a economia.
Perspetivas de Inflação para 2024-2025
O BoE prevê um aumento da inflação, que poderá chegar a 2,5% até ao final de 2024 e 2,7% até ao final de 2025, antes de recuar gradualmente para valores abaixo dos 2% em meados de 2027. Este aumento deve-se em parte à decisão governamental de aumentar os impostos sobre propinas de escolas privadas, as tarifas de autocarros e as contribuições patronais para a segurança social.
Além disso, o aumento de 6,7% no salário mínimo nacional deve elevar os custos para os empregadores, embora o impacto no comportamento das empresas ainda seja incerto, segundo Bailey. Grandes empresas britânicas, como a BT e a Sainsbury’s, manifestaram preocupações sobre o impacto das alterações fiscais na inflação.
Perspetivas do BoE e Fatores Externos
O BoE mantém a sua atual convenção de previsão para evitar grandes flutuações nos mercados financeiros e deverá avaliar novamente a situação em dezembro. Em conjunto com os riscos globais, o banco está atento às políticas comerciais internacionais, nomeadamente dos EUA, onde propostas de tarifas comerciais adicionais podem trazer desafios para o cenário económico britânico.
Em suma, o Banco de Inglaterra está a adotar uma abordagem cautelosa, equilibrando a redução gradual das taxas com uma análise contínua das tendências de inflação e crescimento económico.
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