DESTAQUES (13 de fevereiro de 2025):

• O índice de preços ao produtor (PPI) subiu 0,4% em janeiro, superando as previsões de 0,3%.
• Nos 12 meses até janeiro, o PPI aumentou 3,5%, reforçando a tendência inflacionária.
• Custos energéticos (+1,7%) e alimentares (+1,1%) impulsionaram a subida dos preços.
• Preços dos ovos dispararam 44% devido a um surto de gripe aviária.
• Reserva Federal (Fed) pode adiar cortes nas taxas de juro para a segunda metade do ano.

Aceleração da Inflação no Produtor

Os preços ao produtor nos Estados Unidos registaram um aumento significativo em janeiro, um sinal de que as pressões inflacionárias continuam a afetar a economia. O Departamento do Trabalho relatou uma subida de 0,4% no PPI, ultrapassando as expectativas do mercado. O aumento abrangeu tanto os bens como os serviços, refletindo uma pressão inflacionária generalizada.

A inflação no produtor é um indicador importante, pois muitas vezes antecipa os movimentos dos preços ao consumidor. Este aumento reforça a percepção de que a Fed não irá cortar as taxas de juro tão cedo, mantendo a sua política monetária restritiva por mais tempo.

Principais Fatores de Pressão Inflacionária

O PPI registou um aumento significativo em diversos sectores:

• Bens energéticos: +1,7%, refletindo o aumento dos combustíveis.
• Produtos alimentares: +1,1%, com destaque para a subida de 44% no preço dos ovos devido à gripe aviária.
• Serviços: +0,3%, impulsionados pelo aumento dos custos de alojamento (+5,7%) e da gestão de carteiras (+0,4%).

Por outro lado, houve algumas quedas de preços:

• Combustíveis e lubrificantes (-9,8%)
• Tarifas aéreas (-0,3%)
• Cuidados hospitalares (-0,3%)

Os aumentos nos preços ao produtor tendem a ser repassados para os consumidores, indicando que a inflação poderá continuar elevada nos próximos meses.

Impacto nas Expectativas da Reserva Federal

A Fed tem mantido a sua taxa de referência entre 4,25% e 4,50% desde janeiro, e os recentes dados de inflação sugerem que um corte nas taxas de juro pode ser adiado para a segunda metade do ano. Os mercados financeiros reavaliaram as expectativas de um afrouxamento monetário, uma vez que a inflação permanece persistente.

O economista Kurt Rankin, da PNC Financial, destacou que “as tarifas impostas pela administração Trump podem agravar ainda mais os custos empresariais, refletindo-se nos preços ao consumidor nos próximos meses“. A Fed continuará a monitorizar a evolução da inflação subjacente, que é um indicador chave para a sua política monetária.

Perspectivas para a Inflação

Com os dados do IPC e do PPI agora em mãos, os economistas estimam que o índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE) suba entre 0,2% e 0,3% em janeiro. Este valor é inferior ao que muitos previam após o forte aumento do IPC, sugerindo alguma moderação.

As previsões indicam que a inflação subjacente anual deverá cair para 2,6% em janeiro, abaixo dos 2,8% registados em dezembro. Se esta tendência se mantiver, poderá dar à Fed alguma margem para ajustar a política monetária no segundo semestre de 2025.

Os mercados reagiram com otimismo a estes dados:

• Wall Street registou ganhos.
• O dólar desvalorizou-se ligeiramente.
• Os rendimentos das obrigações do Tesouro caíram.

No entanto, a incerteza permanece elevada, especialmente devido ao impacto potencial das novas tarifas comerciais e políticas migratórias que podem afetar os custos das empresas e pressionar ainda mais a inflação.

Conclusão

O aumento sólido dos preços ao produtor em janeiro reforça a ideia de que a inflação nos EUA ainda não está sob controlo. Com os custos empresariais a subir, é provável que haja uma transmissão para os preços ao consumidor nos próximos meses, tornando menos provável um corte iminente das taxas de juro por parte da Fed.

O mercado continua a ajustar as expectativas, e os decisores políticos vão monitorizar os dados nos próximos meses para determinar o melhor momento para qualquer flexibilização da política monetária. Entretanto, os investidores e consumidores devem preparar-se para um período prolongado de taxas elevadas e possíveis novas pressões inflacionárias.