DESTAQUES (06 fevereiro de 2025)

• Investidores privados e grandes bancos estão a demonstrar interesse crescente na energia nuclear.
• A produção nuclear na Europa caiu para menos de 25% da matriz energética e poderá cair para menos de 15% em dez anos.
• A China está a consolidar-se como líder global no setor nuclear.
• Pequenos reatores modulares são vistos como o futuro da energia nuclear no Ocidente.
• Para atingir metas ambiciosas, a Europa precisa de reduzir custos e aumentar os investimentos para 25 mil milhões de dólares até 2030.

Energia Nuclear na Europa: Um Setor em Transformação

A energia nuclear na Europa enfrenta um momento decisivo, com um crescente interesse por parte de investidores privados e empresas tecnológicas. O aumento da procura de eletricidade para centros de dados e aplicações de inteligência artificial tem impulsionado este interesse, mas barreiras regulatórias e incertezas políticas continuam a dificultar uma expansão mais acelerada do setor.

Segundo Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia (AIE), os governos europeus precisam de criar mecanismos de redução de risco para o investimento, garantindo contratos de longo prazo e simplificando processos regulatórios. Sem estas medidas, a indústria nuclear europeia pode continuar a perder relevância no cenário global.

O Avanço Chinês e o Declínio Europeu

Enquanto a Europa luta para revitalizar o seu setor nuclear, a China está a emergir como a grande líder da indústria. O compromisso do governo chinês com a energia nuclear tem levado a um forte crescimento da capacidade instalada, superando os Estados Unidos e a União Europeia em projeções até 2030.

Atualmente, existem 63 reatores nucleares em construção no mundo, representando mais de 70 gigawatts (GW) de capacidade. Destes, metade estão na China, que aumentou o seu investimento no setor em quase 50% nos últimos três anos.

Na Europa, por outro lado, a produção nuclear caiu para menos de 25% da matriz energética e poderá diminuir para menos de 15% dentro de uma década. Essa queda coloca a Europa em desvantagem na corrida global pela segurança energética e redução das emissões de carbono.

Reatores Modulares: A Aposta para o Futuro

O desenvolvimento de pequenos reatores modulares (SMR) é visto como uma oportunidade para os Estados Unidos, Europa e Japão retomarem a liderança tecnológica no setor nuclear. Com um forte investimento, poderão ser instalados cerca de 80 GW até 2040, permitindo uma maior descentralização da produção de energia nuclear.

Os reatores modulares são mais baratos e rápidos de construir do que as grandes centrais nucleares convencionais, o que pode ajudar a atrair investimentos e reduzir os riscos financeiros associados à energia nuclear. No entanto, a Europa precisará de melhorar a competitividade do setor e reduzir os custos para tornar essa tecnologia viável.

Desafios e Perspetivas para o Setor Nuclear na Europa

Para que a energia nuclear europeia volte a ganhar destaque, é essencial que haja reformas políticas e investimentos substanciais. O setor precisa de reduzir os custos para níveis comparáveis aos projetos de energia hidroelétrica e eólica offshore em grande escala.

Atualmente, o investimento anual em energia nuclear na Europa é insuficiente para sustentar um crescimento robusto. De acordo com o relatório da AIE, será necessário quintuplicar os investimentos para 25 mil milhões de dólares até ao final da década para garantir uma transição energética sustentável.

Conclusão

A energia nuclear continua a ser um elemento-chave para a transição energética global, mas a Europa está a perder terreno para potências como a China. Se os governos europeus quiserem revitalizar a indústria nuclear, precisarão de garantir um ambiente de investimento mais estável, reduzir barreiras regulatórias e investir significativamente em novas tecnologias como os reatores modulares.

A próxima década será decisiva para determinar se a Europa pode recuperar a sua posição como líder em energia nuclear ou se continuará a depender de outras fontes energéticas para atender à crescente procura elétrica.