DESTAQUES (19 de fevereiro de 2025)

• Fed mantém preocupações sobre inflação, destacando os riscos associados às tarifas comerciais e políticas de imigração da administração Trump.
• Empresas esperam repassar custos mais elevados para os consumidores, potencialmente dificultando o processo de desinflação.
• Mercados antecipam primeiro corte de taxas em julho, com os futuros a indicarem uma única redução em 2025.
• Fed discute impacto do teto da dívida e possível ajuste na redução do balanço, à medida que se aproxima o prazo de financiamento do governo.
• Banco central mantém compromisso com meta de 2% de inflação e pleno emprego, com revisão de política monetária prevista para o final do verão.

Fed Alerta para Riscos Inflacionários com Políticas de Trump

A ata da reunião de 28 e 29 de janeiro da Reserva Federal (Fed), divulgada esta quarta-feira, revelou uma crescente preocupação entre os decisores políticos sobre o impacto das tarifas comerciais e das mudanças na política de imigração da administração Trump. Os responsáveis do banco central destacaram que as empresas nos EUA planeiam repassar os custos mais altos para os consumidores, aumentando a pressão inflacionária.

A ata mencionou que os participantes da reunião “citaram os possíveis efeitos de potenciais mudanças na política comercial e de imigração, o potencial de desenvolvimentos geopolíticos para perturbar as cadeias de abastecimento ou gastos domésticos mais fortes do que o esperado”.

Embora a Fed ainda espere que a inflação continue a desacelerar gradualmente, os membros do comité alertaram que vários fatores podem dificultar esse processo, incluindo o aumento das expectativas de inflação nos mercados financeiros.

Mercados Ajustam Expectativas para Cortes nas Taxas

Após a divulgação das minutas, os mercados pouco reagiram, mas os futuros das taxas de juro continuam a indicar que a primeira, e possivelmente única, redução das taxas da Fed em 2025 poderá ocorrer em julho.

Os responsáveis do banco central reforçaram que não há pressa em reduzir os juros, considerando que a inflação permanece acima da meta de 2% e que os impactos das políticas económicas da nova administração ainda estão a ser avaliados.

Desde que a Fed manteve as taxas no intervalo 4,25%-4,50% na reunião de janeiro, os investidores têm ajustado as suas previsões, reduzindo a probabilidade de cortes agressivos este ano.

Impacto das Políticas Fiscais e o Debate sobre o Teto da Dívida

Outro ponto relevante nas discussões da Fed foi o possível impacto do teto da dívida dos EUA. A ata revelou que vários decisores políticos sugeriram a possibilidade de desacelerar ou pausar a redução do balanço da Fed, caso a dinâmica do teto da dívida gere instabilidade nos mercados financeiros.

O governo norte-americano precisa de aprovar um novo financiamento até 14 de março, e os legisladores terão de negociar um aumento do limite de endividamento antes do verão para evitar um cenário de incumprimento, o que poderia afetar a política monetária.

Revisão da Estratégia da Fed Prevista para o Verão

A reunião de janeiro também serviu como ponto de partida para uma revisão mais ampla da política monetária da Fed, um processo que deverá decorrer durante os próximos meses. A ata deixou claro que o banco central não irá alterar o seu compromisso com a meta de inflação de 2% nem com a obtenção do máximo emprego.

Os responsáveis indicaram que a revisão deverá estar concluída até ao final do verão, altura em que podem ser introduzidas eventuais mudanças na abordagem da Fed em relação à comunicação dos riscos económicos e à definição da taxa de juro de referência.

Conclusão

As minutas da Fed confirmaram que a inflação continua a ser a principal preocupação do banco central, especialmente devido às tarifas comerciais e mudanças na política de imigração propostas pela administração Trump. Embora o mercado continue a prever um primeiro corte de taxas em julho, a Fed mantém uma abordagem cautelosa, aguardando sinais mais claros de uma desaceleração sustentada da inflação.

Além disso, o debate sobre o teto da dívida e a possível pausa na redução do balanço da Fed podem acrescentar novas camadas de incerteza ao cenário económico dos EUA. A política monetária da Fed continua dependente da evolução dos preços e do impacto das decisões fiscais e comerciais da Casa Branca nos próximos meses.