DESTAQUES (22 de fevereiro de 2025)

• CDU/CSU lidera as sondagens, mas perde apoio e enfrenta dificuldades na formação de governo.
• AfD cresce para 21%, complicando ainda mais o cenário político.
• SPD de Scholz cai para 15%, enquanto Verdes e FDP mantêm estabilidade.
• Coligações complexas são inevitáveis, podendo resultar em negociações prolongadas.
• Impacto internacional significativo, com a posição da Alemanha a ser questionada face a um possível afastamento dos EUA da Europa.

Eleições Cruciais para o Futuro da Alemanha e da Europa

A Alemanha enfrenta um dos seus momentos políticos mais delicados dos últimos anos, com as eleições deste domingo a indicarem um cenário de fragmentação que poderá dificultar a formação de um governo funcional. As sondagens mostram que nenhum partido está perto de garantir uma maioria clara, prevendo-se negociações prolongadas para a formação de uma coligação viável.

A CDU/CSU, liderada por Friedrich Merz, continua a ser o partido mais forte com 29% das intenções de voto, mas perdeu um ponto percentual na última sondagem. Em paralelo, a extrema-direita da AfD (Alternativa para a Alemanha) subiu para 21%, um crescimento que reforça a complexidade política e limita as opções de coligação, uma vez que nenhum dos partidos tradicionais está disposto a cooperar com a AfD.

O SPD do chanceler Olaf Scholz caiu para 15%, enquanto os Verdes e os Democratas Livres (FDP) mantiveram-se estáveis com 13% e 5%, respetivamente. A Esquerda subiu um ponto para 8%.

Coligações Difíceis e um Futuro Incerto

Os resultados projetados sugerem que não será possível formar um governo de dois partidos, o que obrigará a negociações para uma coligação tripartida. Entre as possibilidades estão:

1. CDU/CSU + SPD + Verdes – Uma aliança entre conservadores, sociais-democratas e ambientalistas, que poderia dar maior estabilidade, mas enfrentaria desafios políticos internos.
2. CDU/CSU + SPD + FDP – Outra alternativa, juntando forças pró-mercado, mas que exigiria cedências significativas entre os partidos.

A fragmentação política significa que Scholz poderá continuar no cargo como chanceler interino durante meses, sem capacidade para tomar decisões importantes até que seja formada uma nova coligação. Este atraso pode prejudicar a estabilidade política e económica do país, num momento crítico para a Europa.

Impacto Global e Relação com os EUA

As eleições alemãs acontecem num contexto de incerteza geopolítica crescente, especialmente devido ao regresso de Donald Trump à presidência dos EUA. A sua postura mais isolacionista e a tentativa de restabelecer relações com a Rússia levantam dúvidas sobre a solidez da aliança ocidental.

Friedrich Merz já alertou para a possibilidade de uma Europa sem o apoio norte-americano, afirmando que “mesmo sem os EUA, o nosso lugar continua a ser no centro da Europa, não ao lado de Putin”. Este posicionamento indica que a Alemanha poderá ter de assumir um papel de liderança europeia mais forte, caso a relação transatlântica enfraqueça.

Conclusão

A Alemanha está prestes a enfrentar um dos seus desafios políticos mais complexos das últimas décadas. A fragmentação do voto e o crescimento da extrema-direita tornam a formação de um governo uma tarefa difícil e potencialmente demorada. O impacto não será apenas interno, a posição da Alemanha na Europa e a sua relação com os EUA também estão em jogo.

As negociações pós-eleitorais irão definir se o país conseguirá garantir estabilidade política e económica ou se entrará num período de impasse prolongado, com consequências para toda a União Europeia.