
Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia dos EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.
Mercado de trabalho dos EUA resiste em abril, mas sinais de fragilidade emergem com impacto crescente das tarifas
Destaques (2 de maio de 2025)
- Os EUA criaram 177.000 empregos em abril, acima dos 130.000 esperados, mas abaixo dos 185.000 revistos de março
- A taxa de desemprego manteve-se em 4,2%, com duração média de desemprego a subir para 10,4 semanas, a mais elevada desde a pandemia
- Os salários por hora subiram 0,2% no mês, mantendo o ritmo anual em 3,8%, suficiente para sustentar o consumo a curto prazo
- A criação de emprego concentrou-se em saúde (+51.000), transportes (+29.000) e lazer (+24.000), com destaque para restaurantes e armazéns
- A indústria automóvel e a eletrónica perderam postos de trabalho; o setor público federal cortou 9.000 empregos devido à campanha de cortes liderada pelo Departamento de Eficiência Governamental
Crescimento moderado no emprego com mercado ainda resiliente
O Departamento do Trabalho reportou a criação de 177.000 empregos não agrícolas em abril, num sinal de que o mercado de trabalho norte-americano mantém alguma resiliência, apesar do abrandamento da economia e da incerteza gerada pelas novas tarifas comerciais.
A taxa de desemprego permaneceu nos 4,2%, mas a duração mediana do desemprego subiu para 10,4 semanas, o nível mais elevado desde 2021. A subida é vista como indicador precoce de arrefecimento do mercado, ainda que o ritmo de contratações continue sólido.
“A palavra com ‘R’ que este relatório mostra não é recessão, mas resiliência”, afirmou Olu Sonola, da Fitch Ratings. “No entanto, devemos conter o otimismo. A política comercial será um travão para a economia.”

Impacto das tarifas começa a sentir-se no emprego industrial
As tarifas aplicadas pela administração Trump sobre produtos chineses, componentes automóveis e bens eletrónicos estão a começar a manifestar-se nos dados setoriais:
- A indústria transformadora perdeu 1.000 postos de trabalho, com cortes em montagem de veículos e eletrónica
- A General Motors reviu em baixa as previsões para 2025 e apontou um impacto das tarifas entre $4 e $5 mil milhões, o que poderá traduzir-se em redução de turnos no segundo semestre
Apesar do alívio parcial nas tarifas sobre peças, os analistas esperam aceleração da perda de empregos fabris nos próximos meses, à medida que os stocks se ajustam e os fabricantes absorvem os custos adicionais.
Setores de serviços sustentam o emprego

A criação de emprego foi sustentada por:
- Saúde: +51.000, com forte crescimento em hospitais e clínicas ambulatórias
- Transportes e armazenagem: +29.000, beneficiando do aumento de importações no 1.º trimestre
- Lazer e hospitalidade: +24.000, com a maioria nos restaurantes e bares
- Construção: +11.000
- Serviços sociais e financeiros: +22.000 no total
Já o setor público federal cortou 9.000 empregos em abril, acumulando uma perda de 26.000 postos desde janeiro, no seguimento da campanha de cortes liderada pelo Departamento de Eficiência Governamental, dirigido por Elon Musk. Economistas alertam que as perdas poderão acelerar após setembro, quando terminarem os pacotes de indemnizações.

Participação laboral e subemprego com sinais mistos
O inquérito aos agregados familiares revelou que 436.000 pessoas entraram no mercado de trabalho, absorvendo a maior parte do crescimento da força laboral (518.000). A taxa de subemprego (part-time por razões económicas) desceu ligeiramente.
Contudo:
- A proporção de desempregados de longa duração aumentou
- O número de trabalhadores com múltiplos empregos subiu, sinalizando dificuldades na manutenção de rendimento estável
Perspetiva do Fed e riscos para o verão
O presidente Trump renovou os apelos para que a Reserva Federal corte taxas de juro já em maio, mas o relatório de emprego dá cobertura ao banco central para manter a taxa nos 4,25%-4,50%.
Economistas alertam que, com a confiança empresarial em queda e muitas empresas a retirar previsões para o segundo semestre, o mercado laboral poderá sofrer um abalo mais visível entre julho e setembro, quando os efeitos das tarifas se tornarem mais evidentes nos dados duros.
“O pior poderá vir no verão, quando o impacto completo das tarifas estiver refletido no investimento e no emprego”, alertou Stephen Stanley, da Santander U.S. Capital Markets.
Conclusão
O mercado de trabalho nos EUA ainda mostra sinais de robustez, mas a desaceleração está a chegar, setor a setor. As tarifas comerciais e a instabilidade regulatória estão a contaminar a confiança, com impacto já visível na indústria e no emprego público.
A margem de manobra da Fed continua limitada: se o emprego resistir e os salários sustentarem o consumo, os cortes nas taxas poderão ser adiados. Mas a deterioração silenciosa nos indicadores de desemprego de longa duração e trabalho múltiplo sugere que a travagem da economia poderá intensificar-se no verão.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre o emprego mensal nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 02 de Maio de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, EUA, NFPs, Emprego, Taxa Desemprego)