BlackRock atinge novo recorde de ativos, mas ações recuam com incerteza em torno das tarifas

Aumento dos ativos não evita queda das ações

A BlackRock anunciou a 15 de julho que os ativos sob gestão atingiram um novo máximo histórico de 12,5 biliões de dólares, impulsionados por uma recuperação nos mercados de ações e obrigações ao longo do segundo trimestre de 2025. No entanto, as ações da maior gestora de ativos do mundo recuaram após os resultados, refletindo preocupações do mercado quanto ao impacto prolongado das tarifas comerciais impostas pelos EUA e ao aumento dos custos operacionais.

O CEO Larry Fink referiu que, apesar da valorização dos ativos, o ambiente atual é marcado por “ansiedade nos mercados e entre os clientes institucionais”, o que tem condicionado as decisões de alocação de capital.

Lucro ajustado sobe, mas custos também

No primeiro trimestre do ano (dados mais detalhados), a empresa reportou um lucro líquido de 1,51 mil milhões de dólares, abaixo dos 1,57 mil milhões registados no mesmo período de 2024. No entanto, o lucro ajustado por ação subiu 15% face ao ano anterior, situando-se em 11,30 dólares por ação, excluindo custos relacionados com aquisições.

As despesas operacionais totais subiram de 3,04 para 3,58 mil milhões de dólares, refletindo maior investimento em tecnologia, compliance e estruturas de apoio à expansão internacional.

Entradas líquidas mostram resiliência do modelo diversificado

A BlackRock continua a beneficiar de um modelo diversificado que abrange obrigações, ações, ativos alternativos e liquidez, o que permite mitigar a volatilidade nos ciclos de mercado. As entradas líquidas de longo prazo somaram 83 mil milhões de dólares no trimestre, com destaque para:

• Obrigações: 37,7 mil milhões (ligeira queda face aos 41,7 mil milhões de 2024)
• Ações: 19,3 mil milhões (ligeiro aumento face aos 18,4 mil milhões de 2024)
• Produtos alternativos e cash: crescimento estável

O analista Kyle Sanders, da Edward Jones, afirmou que esta diversidade “reduz a volatilidade dos lucros e reforça a capacidade da BlackRock para atravessar ciclos de mercado com relativa estabilidade”.

Impacto das tarifas e cenário macro afetam sentimento

Apesar do forte desempenho operacional, as ações da BlackRock caíram mais de 10% desde o anúncio, por parte da administração norte-americana, de tarifas alargadas sobre parceiros comerciais-chave, o que aumentou a instabilidade nos mercados e originou vendas de ativos, especialmente em obrigações soberanas.

Fink alertou que esta volatilidade não representa risco sistémico, mas afeta diretamente os investidores individuais, nomeadamente em fundos de pensões e ETFs expostos a títulos de dívida norte-americana.

Ainda assim, a empresa não sinalizou revisões negativas nas suas metas operacionais, e manteve o foco na expansão da sua base de clientes institucionais fora dos EUA, particularmente na Europa.

Conclusão

A BlackRock entra no segundo semestre de 2025 com um novo recorde em ativos sob gestão, mas sob pressão nos mercados acionistas, refletindo tensões geopolíticas e incerteza económica global. O modelo diversificado continua a proteger os fluxos e lucros ajustados, mas o aumento de custos e a sensibilidade às políticas comerciais dos EUA continuam a pesar sobre a avaliação de mercado. A capacidade da empresa de se adaptar ao novo contexto e manter a liderança em alocação global será decisiva nos próximos trimestres.