Morgan Stanley supera previsões de lucros, mas mercado penaliza queda na banca de investimento

Resultados acima do esperado mas com sinais mistos

O Morgan Stanley apresentou a 16 de julho de 2025 lucros superiores às estimativas de mercado, com 2.56 mil milhões de dólares em lucro líquido, o que corresponde a 1.45 dólares por ação, acima dos 1.32 dólares previstos por analistas.

O crescimento foi impulsionado principalmente pela divisão de gestão de patrimónios, que registou receitas de 7.3 mil milhões de dólares, beneficiando da valorização dos mercados e maior entrada líquida de ativos. A unidade de trading em ações e obrigações manteve a robustez observada no trimestre anterior.

Pressão na banca de investimento volta a preocupar

Apesar dos bons resultados operacionais, a banca de investimento registou um recuo de 6% nas receitas face ao trimestre anterior, penalizada por uma desaceleração na atividade de fusões e aquisições e um mercado de capitais ainda hesitante. O volume global de IPOs continua fraco, e a volatilidade associada às tarifas comerciais tem levado muitas empresas a adiar decisões estratégicas.

No primeiro trimestre, a receita da divisão Institutional Securities tinha atingido 9 mil milhões de dólares, apoiada por operações como o IPO da CoreWeave e o acordo de take-private da Walgreens, mas o ritmo de novas transações abrandou visivelmente desde então.

Impacto residual das tarifas e visão estratégica cautelosa

Em abril de 2025, o CEO Ted Pick alertou para os riscos crescentes associados à política comercial dos EUA, afirmando que alguns negócios em pipeline foram colocados em pausa por incertezas relacionadas com tarifas. Apesar disso, o banco mantém uma postura de otimismo cauteloso quanto à retoma da atividade no segundo semestre, especialmente se houver maior previsibilidade na política fiscal e monetária.

O CFO Sharon Yeshaya reforçou que o pipeline continua forte, mas sujeito a volatilidade de curto prazo. A expectativa é que taxas de juro mais estáveis e maior clareza fiscal estimulem novamente o apetite por fusões e emissões.

Reação negativa do mercado

As ações do Morgan Stanley recuaram 2.7% após a divulgação dos resultados, refletindo a preocupação dos investidores com o declínio da banca de investimento — um dos motores tradicionais de crescimento do banco.

Apesar dos bons resultados em trading e wealth management, o mercado reagiu à perspetiva de crescimento mais moderado no core business de assessoria estratégica, o que poderá limitar a expansão da margem operacional no curto prazo.

Conclusão

O Morgan Stanley terminou o segundo trimestre de 2025 com lucros fortes e desempenho sólido nas áreas de gestão de patrimónios e trading, mas enfrentou nova pressão na banca de investimento, que continua a ressentir-se da instabilidade macroeconómica e comercial. A penalização nas ações mostra que o mercado exige sinais mais claros de retoma no dealmaking. A capacidade do banco em equilibrar ganhos consistentes com a adaptação estratégica ao ambiente de incerteza será determinante nos próximos trimestres.