
Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia dos EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.
Défice comercial dos EUA recua em abril e julho após máximos históricos no primeiro trimestre
Strategic Highlights (29 de julho de 2025)
- O défice comercial de bens dos EUA recuou significativamente em abril e voltou a encolher em julho de 2025, após ter atingido um recorde histórico de 140,5 mil milhões de dólares em março
- O défice de março registou um aumento mensal de 14%, impulsionado por importações antecipadas face às tarifas impostas por Trump, sobretudo sobre produtos chineses
- As importações de bens atingiram um máximo histórico de 346,8 mil milhões de dólares em março, incluindo um salto de 22,5 mil milhões em bens de consumo, com destaque para produtos farmacêuticos provenientes da Irlanda
- As exportações cresceram marginalmente em março, atingindo 278,5 mil milhões de dólares, mas não conseguiram compensar o aumento das importações, provocando um corte de 4,83 pontos percentuais no PIB trimestral
- A normalização do défice comercial a partir de abril deverá apoiar a recuperação do PIB no segundo trimestre, após uma contração de 0,3% anualizado no primeiro trimestre
Explosão do défice em março devido à antecipação de importações
Em março de 2025, o défice comercial dos EUA disparou 14% face ao mês anterior, atingindo 140,5 mil milhões de dólares, o valor mais elevado de sempre. Este agravamento foi impulsionado por importações massivas de bens, numa tentativa por parte das empresas de antecipar a aplicação de tarifas mais elevadas impostas pela administração Trump.
As importações de bens subiram 5,4%, totalizando 346,8 mil milhões de dólares, com destaque para:
- 22,5 mil milhões em bens de consumo, incluindo farmacêuticos da Irlanda
- 3,7 mil milhões em bens de capital, especialmente acessórios informáticos
- 2,6 mil milhões em veículos e componentes automóveis
Em contraste, as importações de matérias-primas industriais caíram 10,7 mil milhões, e as de ouro não monetário recuaram 1,8 mil milhões, refletindo o impacto da política comercial nos fluxos de metais preciosos.
Economistas apontam também para um movimento de fuga de capitais do dólar, associado ao “armazenamento” de ouro e prata offshore no valor acumulado de 92,5 mil milhões de dólares entre dezembro de 2024 e março de 2025.
Exportações com crescimento tímido e impacto negativo no PIB
As exportações cresceram apenas 0,2% em março, para 278,5 mil milhões de dólares, o que não foi suficiente para compensar o salto nas importações. No detalhe:
- Exportações de bens: +0,7% para 183,2 mil milhões
- Exportações de automóveis: +1,2 mil milhões
- Exportações de bens de capital: -1,5 mil milhões, penalizadas por uma queda de 1,8 mil milhões em aviões civis
As exportações de serviços caíram 0,9 mil milhões, para 95,2 mil milhões, influenciadas pela queda no turismo, especialmente de visitantes provenientes do Canadá, em protesto contra tarifas e medidas migratórias.
Segundo o governo, o défice comercial retirou 4,83 pontos percentuais ao PIB do primeiro trimestre, provocando uma contração de 0,3% anualizado, o primeiro declínio desde o início de 2022.
Queda no défice em abril e julho sinaliza possível inversão
Em abril de 2025, o défice comercial registou uma redução significativa, refletindo o desaparecimento do efeito de antecipação das importações. De acordo com o documento de 30 de maio, esta contração resultou principalmente de uma queda nas importações, sem que tenha sido necessário um aumento expressivo das exportações.
A 29 de julho de 2025, foi novamente reportado um recuo do défice comercial, que deverá dar um contributo positivo ao crescimento do PIB no segundo trimestre. Este ajustamento está alinhado com as previsões dos economistas, que esperam que o impacto das tarifas no fluxo de bens comece a esbater-se nos meses seguintes à implementação inicial.
Ainda assim, persistem riscos no lado das exportações: boicotes a produtos norte-americanos e instabilidade geopolítica poderão limitar os ganhos no setor externo.
Implicações económicas e reações do mercado
A forte deterioração do défice comercial nos primeiros três meses de 2025 teve consequências imediatas:
- Revisões em baixa das previsões de crescimento do PIB: Goldman Sachs apontou para uma contração de 0,8% e a JPMorgan para -1,75%
- Queda da confiança dos consumidores: o índice da Conference Board caiu para 86,0 em abril, o valor mais baixo desde maio de 2020
- Preocupações com o mercado laboral: o indicador da disponibilidade de emprego também caiu, embora ainda sem reflexo em despedimentos
Os mercados financeiros reagiram de forma mista: o dólar recuou 5,11% desde o início do ano face aos principais parceiros comerciais, e os yields dos títulos do Tesouro mostraram sinais de incerteza.
O impacto no mercado acionista foi mais contido, mas os investidores continuam a seguir de perto as declarações da Reserva Federal. A política de tarifas agressiva, ainda sem acordos comerciais firmados, tem sido apontada como um dos fatores de maior instabilidade.
Conclusão
O défice comercial dos EUA registou uma evolução marcada por fortes desequilíbrios no primeiro trimestre de 2025, com o pico histórico de 140,5 mil milhões de dólares em março, motivado por uma antecipação de importações face a novas tarifas. Esta deterioração contribuiu diretamente para a contração do PIB, penalizando o desempenho económico do país.
No entanto, os dados mais recentes de abril e julho apontam para uma correção parcial do défice, que poderá atenuar o impacto negativo no segundo trimestre. O futuro dependerá da evolução das exportações, da estabilidade cambial e do rumo das políticas comerciais norte-americanas, que continuam a gerar incerteza tanto para os mercados como para os parceiros internacionais.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Balança Comercial dos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 29 de Julho de 2025. Categoria: Economia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Economia, EUA, Trade Balance)