Preços das casas: oscilações e primeiras quedas anuais

O verão de 2025 trouxe sinais claros de enfraquecimento do mercado imobiliário. Em junho, o índice da Halifax mostrou preços estagnados (0,0% m/m), com variação homóloga de +2,5%. No mês seguinte, os dados da Nationwide indicaram nova recuperação, com +0,6% m/m em julho e um preço médio de 272 664 £, refletindo algum apoio da descida das taxas hipotecárias.

Contudo, os dados de setembro da Rightmove mostraram a primeira queda anual de preços pedidos (-0,1%) desde janeiro de 2024, acompanhada de uma subida mensal de apenas +0,4%, abaixo do típico para esta altura do ano. A queda foi liderada por imóveis no sul de Inglaterra, mais expostos a rumores de alterações fiscais.

Rendas: crescimento mais lento em quatro anos

O mercado de arrendamento também perdeu tração. A Zoopla reportou em setembro um crescimento de apenas +2,4% y/y nas rendas, o valor mais baixo em quatro anos, com a renda média em 1 300 £/mês (≈1 761 USD).

A oferta de casas para arrendar aumentou, enquanto a procura arrefeceu com menor migração e maior disponibilidade de crédito hipotecário para primeiros compradores. Ainda assim, a Zoopla prevê que as rendas terminem 2025 com uma subida de cerca de +3%.

Acessibilidade e crédito hipotecário

Apesar da desaceleração, a acessibilidade melhorou face ao pico de 2022. A relação preço/rendimento caiu para ~5,75x em julho, abaixo do máximo de 6,9x registado em 2022. As taxas de hipotecas fixas a cinco anos recuaram para ~4,3%, contra 5,7% no final de 2023.

Um inquérito da Reuters mostrou que 92% dos analistas esperam melhor acessibilidade para primeiros compradores nos próximos anos, com crescimento salarial e condições de crédito mais favoráveis a apoiar a procura.

Política monetária e riscos fiscais

O Bank of England já cortou 125 pontos base desde meados de 2024, mas deverá manter a taxa em 4% na reunião de setembro, com mercados a anteciparem o próximo corte apenas para a primavera de 2026.

No plano fiscal, o Orçamento de novembro poderá incluir subidas de impostos para colmatar um défice de cerca de 20 mil milhões £. A incerteza já afeta a atividade, sobretudo no segmento de imóveis de maior valor no sul de Inglaterra, e poderá limitar a recuperação do mercado em 2026.

Perspetivas regionais e de médio prazo

As projeções recolhidas em setembro apontam para crescimento moderado:

• Reino Unido: +2,6% em 2025, +3,1% em 2026 e +3,1% em 2027.
• Londres: +1,9% em 2025, +2,7% em 2026 e +3,8% em 2027, todas revisões em baixa face às estimativas anteriores.

Combinando salários em alta, hipotecas mais acessíveis e aumento da oferta no mercado de arrendamento, a tendência é de maior estabilidade, mas o risco fiscal e a desaceleração económica poderão travar ganhos mais fortes.

Conclusão

O mercado imobiliário britânico entra no outono de 2025 marcado por preços de casas em abrandamento, rendas a crescer ao ritmo mais lento em quatro anos e incerteza fiscal. Se por um lado a acessibilidade melhora para os compradores, apoiada pela descida das taxas e crescimento salarial, por outro os riscos de subida de impostos e a postura cautelosa do Bank of England limitam o potencial de recuperação rápida.

A trajetória até 2027 deverá ser de crescimento moderado, mais sustentável do que os picos anteriores, mas sujeita à evolução da política fiscal e ao desempenho do mercado de trabalho britânico.

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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre o setor Imobiliário no Reino Unido, formato “Geral”, atualizado com informações até 16 de Setembro de 2025. Categoria: Economia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Economia, Reino Unido, Imobiliário)