
Fed dividida entre cortes agressivos e cautela: Powell tenta caminho intermédio
Aqui pode acompanhar os últimos desenvolvimentos relacionadas com a Política Monetária dos EUA (FED). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta economia e mundo com as políticas, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 23 setembro 2025
- Stephen Miran (22 setembro): novo governador defendeu cortes agressivos de até -200 pontos base, considerando a taxa atual (4%–4,25%) demasiado restritiva.
- Michelle Bowman (23 setembro): apelou a cortes proativos para travar riscos no mercado laboral, com taxa de desemprego em 4,3%, alertando para fragilidade na criação de emprego.
- Jerome Powell (23 setembro): sublinhou que os riscos estão “em alta para a inflação e em baixa para o emprego”, defendendo equilíbrio e reafirmando que a política não está num curso pré-definido.
- Outros membros (Musalem, Bostic, Hammack): consideram que já há pouca margem para cortar sem risco de reacender inflação, ainda 1 pp acima do objetivo.
- Próxima reunião: 28–29 outubro 2025, com alta probabilidade de novo corte de 25 pontos base, em linha com as projeções medianas do FOMC.
Nota de Contexto
A Reserva Federal enfrenta um dos períodos mais delicados desde a pandemia, pressionada por dois riscos opostos: inflação ainda elevada (cerca de 3%, acima da meta de 2%) e sinais crescentes de fraqueza no mercado laboral. O debate interno intensificou-se após o corte de 25 pontos base decidido em setembro, o primeiro do atual mandato presidencial. A divisão expôs três blocos: dissidentes a favor de cortes rápidos (Miran, Bowman), cautelosos pró-inflação (Musalem, Bostic, Hammack, Goolsbee) e Powell, que mantém a linha centrista.
As posições em confronto
Stephen Miran (governador, 22 setembro)
- Defende que a Fed subestima o impacto das políticas fiscais e migratórias da administração Trump, que terão reduzido a taxa neutra de juro.
- Vê a taxa atual como 2 pp acima do nível adequado → propõe cortes de meio ponto nas próximas reuniões.
- Alerta para risco de “desemprego desnecessário” se política permanecer excessivamente restritiva.
Michelle Bowman (vice-presidente de Supervisão, 23 setembro)
- Considera que o Fed corre risco de estar “já atrasado” no apoio ao mercado de trabalho.
- Apoia cortes graduais mas consistentes, projetando reduções em outubro e dezembro.
- Afirma: “É mais fácil apoiar o mercado de trabalho antes de quebrar do que repará-lo depois”.
Jerome Powell (presidente, 23 setembro)
- Reforça visão equilibrada: inflação ainda elevada vs. risco de abrandamento laboral.
- Assinala que o crescimento do emprego caiu para ~25.000/mês nos últimos três meses, abaixo do necessário para estabilizar o desemprego.
- Mas alerta: cortes excessivos podem reacender a inflação, exigindo reversão posterior.
Membros regionais (Musalem, Bostic, Hammack, Goolsbee)
- Preferem cautela, defendendo que a política já se aproxima de neutra.
- Com inflação ainda ~1 pp acima da meta, temem que cortes rápidos alimentem expectativas inflacionistas.
- Goolsbee: “Precisamos de cuidado para não sermos demasiado agressivos”.
Drivers e Impacto de Mercado
- Divisão interna: aumenta a incerteza sobre a trajetória de juros, alimentando volatilidade em Treasury yields e dólar.
- Mercado laboral: taxa de desemprego a 4,3%, sinais de abrandamento na contratação; risco de layoffs crescentes.
- Inflação: ainda persistente, com tarifas da administração Trump a manter pressão nos preços de bens.
- Expectativas de política: mercados atribuem probabilidade elevada a cortes em outubro e dezembro, mas amplitude dependerá dos próximos dados de emprego e inflação.
Perspetivas
A Fed aproxima-se de um ponto de inflexão:
- Cenário dovish (Miran, Bowman): cortes mais rápidos e profundos para proteger emprego, mesmo com inflação acima da meta.
- Cenário hawkish (Musalem, Bostic, Hammack): manutenção de cautela até sinais claros de desinflação.
- Cenário intermédio (Powell): cortes graduais, dependentes de dados, evitando comprometer-se com ritmo fixo.
Conclusão
Setembro de 2025 expôs a maior divisão interna na Fed em anos. Enquanto Miran e Bowman pressionam por cortes agressivos para proteger o emprego, os presidentes regionais pedem prudência para não perder a batalha da inflação. Powell mantém-se numa posição de equilíbrio, sublinhando que não existe “caminho livre de riscos”. O próximo encontro de outubro será decisivo para definir se a Fed cede à ala dovish ou mantém a cadência gradual.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Monetária nos EUA (FED) Discursos de Membros, formato “Geral”, atualizado com informações até 23 de Setembro de 2025. Categorias: Bancos Centrais. Tags: Política Monetária, FED, Banco Central, Taxa de Juro, EUA)