Tesla, News – 11 Out 25

Tesla 2025: Recorde trimestral à custa de estímulos e Europa em retração


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Tesla. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 02 outubro 2025

  • Tesla entregou 497.099 veículos no 3.º trimestre de 2025, novo máximo histórico, +7,4% face a 2024.
  • Crédito fiscal norte-americano de 7.500 USD expirou em setembro, provocando um efeito de antecipação nas vendas.
  • Europa manteve trajetória negativa, com –42,9% nas vendas da Tesla na UE entre janeiro e agosto.
  • Model Y remodelado impulsionou ganhos localizados (Dinamarca, Noruega, Espanha), mas não inverteu a tendência estrutural.
  • BYD ultrapassou Tesla na UE pelo segundo mês consecutivo em agosto, reforçando a ascensão chinesa no mercado europeu.

Nota de Contexto

A Tesla Inc. é o maior fabricante de veículos elétricos dos Estados Unidos, com foco na integração entre automóveis, software e energia. A Europa tem sido, desde 2019, um dos pilares da sua expansão internacional, mas o ciclo de forte crescimento iniciado em 2021 entrou em reversão em 2025, pressionado por nova concorrência europeia e chinesa, margens reduzidas e controversas posições políticas do CEO Elon Musk, que afetaram parte da perceção pública na Europa.
Paralelamente, o mercado norte-americano foi distorcido por mudanças fiscais, que criaram picos artificiais de procura antes da eliminação de incentivos federais.

1. Resultados e desempenho recente

O terceiro trimestre de 2025 trouxe um marco para a Tesla: 497.099 veículos entregues, superando largamente as previsões de 441.500 e representando um aumento de 7,4% face ao mesmo período de 2024.

Destes, 481.166 foram Model 3 e Model Y, continuando a constituir a quase totalidade do volume global da empresa.
A melhoria deveu-se essencialmente à antecipação de compras nos Estados Unidos, motivada pela expiração do crédito fiscal federal de 7.500 USD para veículos elétricos no final de setembro.

Nos dias seguintes ao anúncio, a ação da Tesla recuou –3,4%, refletindo a perceção de que o impulso seria pontual. Vários analistas sublinharam que as vendas não resultaram de nova procura, mas de consumidores que anteciparam aquisições, criando o risco de um vazio no 4.º trimestre.

Mesmo com este trimestre recorde, a Tesla teria de entregar cerca de 389.498 veículos no último trimestre para cumprir as projeções anuais de 1,61 milhões, o que implicaria um declínio sequencial relevante.

2. Impacto do crédito fiscal e dinâmica nos EUA

O mercado norte-americano concentrou a totalidade do crescimento trimestral.
A retirada do incentivo de 7.500 USD funcionou como um choque de calendário, que a Tesla amplificou através de descontos, campanhas de leasing e comunicação direta a clientes.
Com a expiração do crédito, os preços de leasing subiram significativamente, embora os preços de venda base (ex-crédito) tenham permanecido inalterados.

Este movimento trouxe ganhos de curto prazo, mas fragilizou as perspetivas do 4.º trimestre, com analistas a preverem abrandamento e compressão de margens.
O próprio Elon Musk reconheceu que a empresa enfrentará “alguns trimestres difíceis” até que o software de condução autónoma e os serviços robóticos possam substituir parte da dependência das vendas de automóveis.

3. Europa: declínio estrutural e sinais mistos em setembro

Na Europa, os resultados mantêm-se preocupantes. Entre janeiro e agosto de 2025, as vendas da Tesla recuaram –42,9% na União Europeia e –32,6% no continente como um todo.

Em agosto, o quadro agravou-se: a quota de mercado da Tesla na UE caiu para 1,2%, enquanto a BYD atingiu 1,3%, superando-a pelo segundo mês consecutivo.
O mês de setembro marcou uma ligeira recuperação:

  • França +2,7%,
  • Dinamarca +20,5%,
  • Noruega +14,7%,
  • Espanha +3,4%,
    mas com quedas pronunciadas em Suécia (–64%) e Países Baixos (–48%).

O Model Y remodelado, lançado em junho, foi o modelo mais vendido na Dinamarca, representando também um impulso relevante em Espanha, onde as matrículas subiram 60%.
No entanto, os analistas da Schmidt Automotive Research alertam que este “mini-surto” reflete apenas um “bottoming out”, um possível fundo temporário da tendência, e não uma viragem estrutural.

A ausência de novos modelos de massa desde 2020 e o forte crescimento dos híbridos plug-in (utilizados pelas marcas europeias para cumprir metas ambientais com maior rentabilidade) deixaram a Tesla exposta num mercado saturado e altamente competitivo.

4. Concorrência global: BYD e Stellantis emergem

A BYD consolidou o seu avanço na Europa com vendas +201% em agosto e 1,3% de quota, apoiada pela estratégia de introduzir PHEV e BEV de preço intermédio.
Simultaneamente, a Stellantis (grupo que integra Peugeot, Fiat, Opel, Jeep e Citroën) registou em agosto o primeiro crescimento anual em mais de um ano, beneficiando da aposta em PHEV e cumprimento de emissões com margens mais confortáveis.

Este contexto reforça uma alteração estrutural no mercado europeu:

  • Marcas chinesas (BYD, MG/SAIC) ganham terreno, expandindo redes locais de distribuição;
  • Incumbentes europeus equilibram a transição energética com modelos híbridos rentáveis;
  • Tesla, com um portefólio reduzido, perde elasticidade de produto e de preço.

5. Perspetivas e riscos estratégicos

Com base nas projeções atuais:

  • 2025 deverá encerrar com ~1,61 milhões de entregas globais, –10% face a 2024.
  • A Tesla depende de China para estabilizar volumes no 4.º trimestre, através do novo Model Y L (6 lugares), lançado em setembro.
  • A Europa continuará a ser o elo mais fraco, a menos que o novo Model Y de baixo custo seja antecipado para 2026.

O fator político também pesa: a ligação de Musk a movimentos populistas europeus e ao financiamento da campanha de Donald Trump nos EUA gerou resistência de parte dos consumidores, especialmente nos países nórdicos e Alemanha.

Conclusão

O terceiro trimestre de 2025 confirmou a capacidade operacional da Tesla, mas expôs a fragilidade estrutural da procura global.
O crescimento de +7,4% nas entregas decorreu quase exclusivamente de incentivos temporários e de um efeito fiscal transitório.
Na Europa, a marca mantém-se em correção acentuada, perdendo espaço para BYD, MG/SAIC e Stellantis, que diversificam a oferta com PHEV e elétricos acessíveis. Sem um novo modelo de entrada ou um reposicionamento competitivo, a Tesla arrisca transformar 2025 num ano de estagnação estratégica, com um pico artificial no 3.º trimestre e perspetivas de desaceleração no 4.º trimestre e início de 2026.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Tesla, formato “News”, atualizado com informações até 02 de Outubro de 2025. Categorias: Transporte. Tags: Acionista, EUA, Tesla, Transporte, Veículos Elétricos)

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