Crescimento tecnológico e avanço na inteligência artificial

A 29 de abril, a Alibaba revelou oficialmente o modelo Qwen 3, uma evolução significativa na sua linha de IA, dotada de capacidades de raciocínio híbrido, um passo além da versão anterior Qwen 2.5-Max. O novo sistema pretende proporcionar maior eficiência e adaptabilidade para programadores de software e plataformas de aplicações.

Este lançamento surge no contexto de uma corrida tecnológica na China, onde startups como a DeepSeek e rivais como a Baidu têm lançado modelos de IA de alto desempenho e baixo custo, pressionando os grandes grupos a acelerarem a inovação.

“Queremos desenvolver modelos que expandam os limites da inteligência”, afirmou Eddie Wu, CEO da Alibaba.

Reestruturação interna e retoma do recrutamento

A 25 de março, Joe Tsai anunciou que a Alibaba irá retomar as contratações, encerrando um ciclo de 12 trimestres de cortes de pessoal. A decisão foi influenciada pela mudança de tom das autoridades chinesas, após uma reunião de alto nível entre o Presidente Xi Jinping e líderes de empresas tecnológicas, incluindo Jack Ma.

Segundo Tsai, o reinício das contratações será essencial para gerar confiança económica e estabilidade de rendimentos, elementos fundamentais para estimular o consumo interno.

Este movimento surge num momento em que a Alibaba tenta reconstruir o seu ímpeto operacional, após anos de abrandamento económico, crise no setor imobiliário e desemprego jovem elevado na China.

Resultados financeiros e desempenho operacional

A empresa reforçou a intenção de continuar a investir em inteligência artificial e serviços cloud, afirmando que, nos próximos três anos, irá aplicar mais capital nestas áreas do que nos dez anos anteriores.

Parceria com a Apple e sinal de força no mercado

A 13 de fevereiro, a Alibaba confirmou uma parceria estratégica com a Apple para alimentar os iPhones vendidos na China com os seus modelos de IA, resolvendo meses de especulação sobre o fornecedor local de serviços inteligentes.

“Eles falaram com várias empresas chinesas. No fim, escolheram-nos”, disse Tsai num evento em Dubai.

Esta cooperação surge num contexto em que a Apple enfrenta quedas significativas nas vendas na China, em parte devido à ausência de funcionalidades avançadas de IA e à ascensão de concorrentes como a Huawei e a Vivo.

A colaboração com a Alibaba poderá ajudar a Apple a recuperar parte da quota de mercado perdida, ao mesmo tempo que valida a robustez dos modelos Qwen junto de investidores e consumidores.

Avaliação de mercado e perspetiva de longo prazo

Com a combinação de apoio político, inovação tecnológica e expansão internacional, a Alibaba conseguiu recuperar o entusiasmo dos mercados. As ações da empresa subiram mais de 60% desde o início de 2025, reforçadas por:

• O acordo com a Apple
• O lançamento do Qwen 3
• A estabilidade interna após a reestruturação da sua unidade de e-commerce

Ainda assim, analistas alertam para os riscos associados a uma bolha no setor de IA, especialmente face a valores de investimento exagerados noutros mercados. Tsai mostrou ceticismo face aos investimentos “fora da realidade” de centenas de mil milhões de dólares nos EUA, sublinhando que a Alibaba prefere alinhar investimento com procura real.

Conclusão

A Alibaba emerge em 2025 como um dos protagonistas centrais da revolução de inteligência artificial na China, consolidando o seu estatuto com lançamentos tecnológicos estratégicos, parcerias de peso e resultados financeiros sólidos.

A retoma das contratações e a orientação para inovação sustentada refletem uma empresa em fase de reconstrução ambiciosa, mas consciente dos desafios de longo prazo, incluindo concorrência intensificada, regulação tecnológica e riscos de sobre-investimento.

A próxima etapa será provar que consegue converter liderança tecnológica em vantagem comercial e rentabilidade estável, num ambiente global altamente competitivo e politicamente volátil.