Destaques (4 de Abril de 2025)

• Emprego total no Canadá caiu em 32.600 postos de trabalho em março, o primeiro recuo desde 2021.
• Taxa de desemprego subiu para 6,7%, face aos 6,6% registados em fevereiro.
• A incerteza em torno das tarifas e a sua aplicação estão a pesar sobre o investimento e a contratação.
• O dólar canadiano recuou 0,72% após retaliação da China aos EUA.
• Mercado aposta em novo corte da taxa de juro pelo Banco do Canadá a 16 de abril.

Impacto das Tarifas e Incerteza Económica

O mercado de trabalho canadiano sofreu uma quebra inesperada em março de 2025, com a perda de 32.600 empregos, revelando os primeiros sinais de enfraquecimento desde o início da vaga de incerteza comercial gerada pela administração norte-americana. Segundo dados do Statistics Canada, a descida deveu-se sobretudo à redução acentuada no emprego a tempo inteiro.

A taxa de desemprego subiu para 6,7%, em linha com as previsões dos analistas, e representa o primeiro aumento desde novembro. Este resultado surge após um crescimento robusto do emprego entre novembro e janeiro (+211.000) e um fevereiro praticamente estagnado.

Os analistas apontam para a crescente hesitação das empresas em investir ou contratar, devido à falta de visibilidade sobre as novas tarifas impostas pelos EUA. As medidas anunciadas por Donald Trump incluem um imposto de 25% sobre o aço e alumínio canadiano, assim como tarifas sobre carros e componentes que não cumpram os critérios do acordo de livre-comércio.

Efeitos no Câmbio e na Confiança Monetária

O dólar canadiano recuou 0,72%, para 1,4194 CAD/USD, na sequência da imposição de tarifas retaliatórias por parte da China contra os EUA. Os mercados de taxas de juro passaram a descontar 62% de probabilidade de novo corte da taxa diretora pelo Banco do Canadá na reunião de 16 de abril, contra apenas 25% no dia anterior.

Segundo o mesmo organismo estatístico, o número total de desempregados subiu em 36.000 para 1,5 milhões em março, mais 167.000 face a março de 2024. Destes, 44% perderam o emprego devido a despedimentos nos últimos 12 meses, sobretudo nos sectores da construção (18,4%) e do comércio por grosso e a retalho (12,4%).

A taxa de despedimento manteve-se nos 0,7%, valor semelhante ao período pré-pandemia, o que sugere uma degradação ainda moderada mas com potencial para se intensificar nos próximos meses.

Remunerações e Perceção dos Consumidores

O crescimento dos salários horários dos trabalhadores permanentes abrandou para 3,5% em março, face a 4% em fevereiro, segundo o indicador monitorizado pelo Banco do Canadá como sinalizador de pressões inflacionistas.

O banco central alertou no mês passado para um aumento das preocupações entre os canadianos relativamente à segurança laboral e à sua situação financeira, com tendência para uma maior contenção no consumo.

Conclusão

Os dados de março confirmam que o mercado laboral canadiano começa a ressentir-se do ambiente de incerteza e disrupção comercial internacional. Apesar da estabilidade relativa da taxa de despedimento, a subida do desemprego e o abrandamento salarial são sinais claros de fragilidade crescente. Com os mercados a antecipar novos cortes nas taxas de juro e o consumo em retração, o risco de desaceleração mais acentuada da economia canadiana tornou-se bem mais palpável.