Destaques (04 Mar 25)

• PMI oficial da China subiu para 50,2 em fevereiro, o nível mais alto desde novembro de 2023.
• PMI não-manufatureiro registou crescimento, atingindo 50,4.
• Governo chinês prepara novas medidas económicas antes da reunião parlamentar anual a 5 de março de 2025.
• Tensões comerciais com os EUA persistem, com novas tarifas impostas por Donald Trump em fevereiro e março de 2025.
• Dados económicos serão divulgados a 7 de março de 2025, trazendo mais clareza sobre a recuperação.

Crescimento industrial regista maior ritmo em três meses

A atividade industrial da China expandiu-se ao ritmo mais acelerado dos últimos três meses, impulsionada pelo aumento das novas encomendas e dos volumes de compra, que resultaram numa produção sólida. Os dados do índice oficial de gestores de compras (PMI), divulgados a 1 de março de 2025, mostraram uma subida para 50,2, face aos 49,1 registados em janeiro. Este desempenho superou as previsões de 49,9 feitas por analistas consultados pela Reuters.

O setor não-manufatureiro também acompanhou esta tendência positiva, com o PMI a subir para 50,4, contra os 50,2 registados no primeiro mês do ano. O crescimento no setor de serviços e construção reflete um ligeiro fortalecimento da economia, apesar dos desafios persistentes.

Impacto nas políticas económicas

Os dados positivos do PMI surgem num momento crítico para os decisores políticos chineses, que se preparam para definir as metas económicas anuais na reunião parlamentar que terá início a 5 de março de 2025. A economia chinesa, avaliada em cerca de 18 mil milhões de dólares em 2024, atingiu o objetivo de crescimento governamental de 5% no ano passado, mas de forma desigual. Enquanto as exportações e a produção industrial cresceram significativamente ao longo de 2024, o consumo interno e o emprego continuaram a ser preocupações centrais no início de 2025.

A expectativa é que Pequim mantenha a meta de crescimento para este ano, mas os economistas alertam para a necessidade de mais estímulos para reanimar a procura interna. As autoridades chinesas já indicaram que aumentarão as despesas fiscais e a emissão de dívida para apoiar a recuperação ao longo de 2025.

Tensões comerciais com os EUA

As relações comerciais entre a China e os EUA continuam a deteriorar-se. A 4 de março de 2025, Donald Trump aplicará uma nova tarifa de 10% sobre os produtos chineses, somando-se aos 10% já impostos a 4 de fevereiro do mesmo ano. A medida, justificada pelo aumento do tráfico de fentanil nos EUA, poderá elevar as tarifas para 20%, com a possibilidade de aumentos adicionais até ao final do ano.

O governo chinês reagiu cautelosamente, afirmando a 1 de março de 2025 que pretende retomar as negociações comerciais com Washington, mas alertando para possíveis retaliações caso os EUA continuem a agravar as tarifas.

Perspetivas e próximos dados económicos

Os dados do PMI podem ter sido influenciados por fatores sazonais, como o Festival da Primavera, celebrado entre janeiro e fevereiro de 2025. Para uma análise mais completa, os analistas aguardam a divulgação dos dados comerciais relativos ao período de janeiro-fevereiro, que será feita a 7 de março de 2025.

Apesar do crescimento da atividade industrial, desafios como o desemprego elevado, o abrandamento da procura interna e as tensões comerciais com os EUA continuam a pesar sobre a recuperação económica chinesa. A atenção dos investidores estará voltada para as decisões da reunião parlamentar em Pequim e para eventuais medidas adicionais de estímulo nos meses seguintes.

Conclusão

A recuperação da atividade industrial chinesa em fevereiro de 2025 é um sinal positivo para a economia do país, indicando que os estímulos adotados no final de 2024 estão a surtir efeito. No entanto, a sustentabilidade deste crescimento dependerá de novas medidas para reforçar a procura interna e mitigar os impactos das tensões comerciais com os EUA. O mercado acompanhará de perto os próximos dados económicos e as decisões políticas que serão tomadas na reunião parlamentar de março de 2025.