DESTAQUES (18 de fevereiro de 2025)

• EUA e Rússia concordam em manter negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia, mas sem envolvimento direto de Kiev.
• Moscovo endurece exigências, recusando qualquer possibilidade de adesão da Ucrânia à NATO.
• Críticas da Europa e da Ucrânia, que rejeitam qualquer decisão tomada à revelia de Kiev.
• Trump e Putin manifestam interesse em encontro futuro, sem data definida.
• Discussões incluem possível levantamento de sanções, enquanto a NATO discute o envio de forças de manutenção da paz.

Conversações Entre EUA e Rússia Geram Polémica

Os Estados Unidos e a Rússia concordaram em prosseguir com as negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia, após uma reunião inicial realizada em Riade, na Arábia Saudita. No entanto, estas conversações excluíram Kiev, o que representa uma mudança significativa na abordagem dos EUA, que anteriormente privilegiavam negociações multilaterais com aliados europeus para isolar Moscovo.

Durante a reunião de quatro horas e meia, Moscovo endureceu a sua posição, afirmando que não aceitará a adesão da Ucrânia à NATO e exigindo garantias de que a aliança revogará a promessa feita em 2008 de que Kiev se tornaria membro no futuro.

A Ucrânia reagiu com forte oposição, recusando qualquer acordo imposto sem o seu consentimento. O chanceler alemão Olaf Scholz também rejeitou qualquer decisão que não envolva diretamente Kiev.

Críticas e Preocupações da Europa

Antes da reunião, políticos europeus criticaram a administração de Donald Trump por fazer concessões gratuitas à Rússia, nomeadamente ao excluir a adesão da Ucrânia à NATO e ao minimizar a possibilidade de recuperação dos territórios ocupados por Moscovo.

A diplomacia acelerada entre Washington e Moscovo gerou preocupações em Kiev e noutras capitais europeias, com receios de que um acordo rápido entre Trump e Putin pudesse comprometer a segurança europeia a longo prazo.

A analista Jana Puglierin, do Conselho Europeu de Relações Externas, alertou que os EUA parecem cada vez menos comprometidos com a segurança europeia, num sinal de mudança profunda nos interesses estratégicos de Washington.

Moscovo Endurece Posição e Rejeita Presença da NATO

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, também aproveitou a reunião para reforçar que Moscovo não aceitará a presença de tropas da NATO na Ucrânia, mesmo que estas operem sob a bandeira de forças de manutenção da paz.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, reiterou que não basta que a NATO congele o processo de adesão da Ucrânia, sendo necessário revogar formalmente a promessa feita em 2008.

O presidente Volodymyr Zelenskiy respondeu adiando a sua visita à Arábia Saudita, decisão que, segundo fontes diplomáticas, foi tomada para evitar legitimar as negociações bilaterais entre Washington e Moscovo.

Possibilidade de Levantamento de Sanções

Durante as discussões, Lavrov mencionou que há um grande interesse em remover as barreiras económicas impostas pelos EUA e pelos seus aliados contra a Rússia desde o início da guerra.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou que o tema das sanções foi discutido, mas sublinhou que qualquer decisão terá de envolver a União Europeia, uma vez que os países europeus também impuseram sanções severas contra Moscovo.

Os dois países também concordaram em trabalhar para restabelecer missões diplomáticas em Washington e Moscovo, após o encerramento de várias embaixadas e consulados ao longo dos últimos dois anos.

Conclusão

As negociações entre EUA e Rússia sobre a Ucrânia representam um novo capítulo na diplomacia internacional, mas levantam questões críticas sobre o futuro da segurança europeia e o compromisso de Washington com os seus aliados.

A exclusão da Ucrânia destas discussões gerou fortes reações negativas em Kiev e na Europa, que receiam que Trump possa conceder demasiadas vantagens a Putin em troca de um acordo rápido.

O cenário político continua volátil, e a evolução das negociações dependerá da resposta de Kiev, do posicionamento da União Europeia e da relação futura entre Trump e Putin.