Preocupações centrais na reunião de maio

Durante a reunião de 6 e 7 de maio de 2025, os responsáveis da Reserva Federal reconheceram que poderão ter de enfrentar dilemas significativos na condução da política monetária. A possibilidade de uma inflação mais persistente, impulsionada em grande parte pelas tarifas sobre as importações, coincide com previsões de abrandamento económico e subida do desemprego, segundo as minutas publicadas a 28 de maio de 2025.

A Fed apontou que, caso ambos os fenómenos, inflação elevada e deterioração do mercado laboral se verifiquem em simultâneo, será necessário decidir entre apertar ainda mais a política monetária ou reduzir taxas de juro para apoiar o crescimento e o emprego. Este equilíbrio delicado é agravado pela incerteza associada às políticas governamentais ainda por definir.

Impacto das tarifas e reações do mercado

Os responsáveis da Fed destacaram que a proposta de impor uma tarifa de 145% sobre produtos oriundos da China, ainda que temporariamente suspensa, provocou uma reação negativa nos mercados. Antes da suspensão anunciada a 13 de maio de 2025, as yields das obrigações do Tesouro subiram e os principais índices bolsistas registaram quedas acentuadas.

Apesar da pausa nas tarifas, os analistas continuam a considerar que o risco de recessão se mantém quase tão provável quanto o cenário de crescimento moderado delineado pela Fed. Para os decisores da política monetária, o problema está longe de estar resolvido: as tarifas continuam apenas suspensas até julho, mantendo a incerteza elevada.

Perspetivas económicas e decisão sobre taxas

As minutas revelam que os técnicos da Fed preveem uma inflação significativamente mais elevada ao longo de 2025, com a taxa de desemprego a ultrapassar os 4,6% considerados sustentáveis no longo prazo. A expectativa é que este nível se mantenha durante pelo menos dois anos.

Ainda assim, a Fed decidiu manter a taxa de juro diretora entre os 4,25% e os 4,5%, optando por uma postura prudente enquanto aguarda maior clareza sobre os efeitos das políticas comerciais. A próxima reunião está marcada para 17 e 18 de junho de 2025, data em que serão atualizadas as projeções para inflação, crescimento e taxas de juro. Em março, o cenário mediano entre os membros do comité apontava para dois cortes de 25 pontos base até ao final do ano.

Monitorização de riscos financeiros

As minutas sublinham ainda preocupações com a volatilidade nos mercados financeiros. Os responsáveis referiram que alterações no estatuto de refúgio do dólar e a subida das yields das obrigações do Tesouro podem ter efeitos duradouros sobre a economia, exigindo vigilância apertada.

Conclusão

As minutas da Fed mostram um banco central cauteloso, num contexto de elevada incerteza económica. A coexistência de pressões inflacionistas e riscos de abrandamento levanta desafios significativos à política monetária. Com as tarifas em suspenso até julho e sem clareza sobre o seu impacto total, a Fed opta por esperar, mas terá de reagir rapidamente caso os dados económicos se deteriorem nas próximas semanas.