DESTAQUES (7 de fevereiro de 2025):

• O crescimento do emprego nos EUA desacelerou em janeiro, com a criação de 143.000 postos de trabalho.
• A taxa de desemprego manteve-se em 4,0%, sinalizando um mercado de trabalho ainda robusto.
• Salários cresceram 0,5%, o maior aumento mensal desde agosto.
• As tarifas comerciais e a repressão à imigração de Donald Trump levantam receios sobre o impacto no mercado de trabalho.
• A Fed poderá adiar cortes nas taxas de juro pelo menos até junho, aguardando mais sinais da economia.

Desaceleração no Crescimento do Emprego

O relatório de emprego do Departamento do Trabalho dos EUA revelou uma desaceleração no crescimento do emprego em janeiro, com 143.000 novos postos de trabalho criados, significativamente abaixo dos 307.000 empregos registados em dezembro. Apesar desta redução, o mercado de trabalho continua a demonstrar resiliência, sendo um dos principais motores da expansão económica do país.

A taxa de desemprego manteve-se em 4,0%, o que deverá dar ao Federal Reserve espaço para adiar eventuais cortes nas taxas de juro, possivelmente até junho. O crescimento robusto dos salários, que aumentaram 0,5% no mês e 4,1% no acumulado de 12 meses, pode impulsionar o consumo e sustentar a economia.

Impacto das Tarifas e Incerteza Empresarial

O mercado de trabalho poderá enfrentar desafios adicionais nos próximos meses, devido à incerteza provocada pelas tarifas comerciais impostas pela administração Trump e pela repressão à imigração. Embora a aplicação de tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México tenha sido adiada, a possibilidade de implementação destas medidas pode desencorajar o investimento empresarial e, consequentemente, travar a criação de novos empregos.

Os consumidores também demonstram preocupação com o impacto destas tarifas, com as expectativas de inflação a 12 meses atingindo o nível mais alto em mais de um ano, de acordo com um inquérito da Universidade de Michigan.

Sectores com Maior e Menor Crescimento

O sector dos cuidados de saúde liderou a criação de emprego em janeiro, com 44.000 novos postos de trabalho distribuídos entre hospitais, lares de idosos e serviços de saúde ao domicílio. O sector do retalho registou 34.000 novos empregos, impulsionado por contratações em lojas de mercadorias gerais.

Por outro lado, o emprego em restaurantes e bares diminuiu 15.700 postos de trabalho, o que pode ter sido influenciado pelos incêndios florestais na Califórnia e pelo tempo frio em várias regiões dos EUA.

Outros sectores como a construção, indústria transformadora, transportes e armazenagem, serviços financeiros e serviços empresariais mostraram pouca ou nenhuma variação no número de postos de trabalho.

Política Monetária e Perspetivas Futuras

A resiliência do mercado de trabalho poderá levar a Fed a manter as taxas de juro inalteradas no intervalo de 4,25%-4,50%, pelo menos até meados do ano. Desde o início do ciclo de flexibilização, em setembro, a Fed já reduziu as taxas em 100 pontos base, mas os sinais de forte crescimento salarial e estabilidade do emprego sugerem que novos cortes podem ser adiados.

O relatório de emprego também trouxe revisões anuais que indicam que foram criados menos 598.000 empregos entre março de 2024 e março de 2025 do que anteriormente estimado. Apesar disso, o mercado de trabalho mantém-se sólido, como evidenciado pelo crescimento contínuo dos salários e pelo aumento da força de trabalho em 2,1 milhões de pessoas.

Conclusão

Embora o crescimento do emprego nos EUA tenha abrandado, o mercado de trabalho continua sólido e resiliente, sustentado pelo crescimento dos salários e pela criação de emprego em sectores-chave como a saúde e o retalho. A incerteza política e económica, incluindo as políticas comerciais da administração Trump e as possíveis tarifas comerciais, poderá afetar a confiança empresarial nos próximos meses.

A Fed mantém uma abordagem cautelosa, analisando os dados económicos antes de decidir sobre novos cortes nas taxas de juro. Com os mercados financeiros atentos à evolução do mercado de trabalho, a expectativa de uma redução das taxas em junho continua a ser a hipótese mais provável para 2025.