Destaques (12 de Abril de 2025)

• Administração Trump isenta smartphones, computadores e outros eletrónicos das tarifas de 125% sobre importações chinesas.
• Medida abrange produtos como chips, semicondutores, e ecrãs planos, proporcionando alívio a gigantes como Apple, Dell, Nvidia e TSMC.
• Isenção aplica-se retroativamente desde 5 de Abril, segundo a U.S. Customs and Border Protection.
• Tarifas anteriores de 20% sobre todos os produtos chineses, justificadas pela crise do fentanil, continuam em vigor.
• Exclusão sinaliza preocupação com impacto sobre consumidores e inflação, mas Trump prepara nova investigação comercial sobre semicondutores.

Isenção inesperada em tecnologia expõe receios internos sobre impacto das tarifas

Num volte-face inesperado, a administração de Donald Trump anunciou a isenção de tarifas sobre produtos eletrónicos importados da China, incluindo smartphones, computadores e componentes essenciais como chips e discos rígidos. A medida, publicada pela U.S. Customs and Border Protection, abrange 20 categorias de produtos, incluindo o código aduaneiro abrangente “8471”, que cobre desde laptops a processadores.

A decisão surge após a entrada em vigor das tarifas “recíprocas” de 125% sobre bens chineses, no início desta semana, e aplica-se retroativamente a partir de 5 de Abril.

Embora a administração Trump não tenha explicado formalmente os motivos, analistas apontam que a medida revela preocupação com o impacto inflacionista destas tarifas sobre os consumidores norte-americanos, sobretudo numa altura em que a luta contra a inflação é central na narrativa eleitoral de Trump.

Alívio para gigantes tecnológicas… e para os consumidores

Apple, Dell, Nvidia e outras grandes tecnológicas respiram de alívio. Analistas tinham estimado que o preço de um iPhone topo de gama poderia subir para 2.300 dólares, face aos atuais 1.599, com a aplicação das tarifas de 125%. A isenção evita um cenário que muitos consideravam praticamente insustentável para o consumo interno.

Em 2024, os smartphones foram o principal produto importado pelos EUA da China, totalizando 41,7 mil milhões de dólares. Os computadores portáteis ocuparam o segundo lugar, com 33,1 mil milhões.

Apesar da exclusão agora decretada, Trump deixou claro que vai avançar com uma nova investigação comercial sobre semicondutores com base em preocupações de segurança nacional, um processo que pode vir a justificar novas tarifas sobre o sector no futuro próximo.

Trump mantém linha dura com a China, apesar da exceção pontual

O Presidente norte-americano manteve a tarifa base de 10% sobre quase todas as importações e reforçou que as tarifas de 125% sobre os bens chineses são para manter. Em resposta, Pequim anunciou tarifas idênticas de 125% sobre produtos norte-americanos, intensificando ainda mais o conflito.

Apesar de alguma moderação, com o adiamento de tarifas mais elevadas sobre 57 parceiros comerciais, Trump tem reiterado que a guerra comercial é um passo necessário para “reorganizar a ordem económica global”.

Segundo Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, Trump acredita que os EUA não podem continuar a depender da China para tecnologias críticas. Sublinhou que empresas como Apple, Nvidia e Taiwan Semiconductor estão a acelerar planos para relocalizar a produção nos EUA.

Mercados voláteis e confiança em declínio

A exclusão de última hora trouxe algum alívio aos mercados, mas o sentimento global continua tenso. O ouro tocou máximos históricos e os juros das obrigações norte-americanas subiram ao ritmo mais rápido desde 2001, enquanto o dólar caiu, sinais de crescente desconfiança sobre o rumo económico dos EUA.

O próprio Trump, ao fim de semana na Florida, disse confiar numa solução com o Presidente chinês Xi Jinping, mas reiterou que está confortável com as tarifas elevadas.

Conclusão

A isenção de tarifas sobre tecnologia de consumo mostra que a administração Trump está consciente do impacto político e económico das suas próprias políticas, sobretudo em produtos sensíveis como smartphones e computadores.

Contudo, a exclusão seletiva não representa um recuo generalizado. O conflito com a China mantém-se intenso, e a ameaça de novas tarifas sobre tecnologia de ponta continua em cima da mesa. Com o risco de recessão e instabilidade nos mercados a aumentar, os próximos meses serão cruciais para perceber se esta guerra comercial pode escalar ainda mais ou encontrar um caminho para a resolução.