DESTAQUES (12 de março de 2025)

• Inflação anual da Índia caiu para 3,61% em fevereiro, abaixo da previsão de 3,98% e o nível mais baixo desde julho de 2024.
• Inflação alimentar desacelerou para 3,75%, a menor desde maio de 2023, impulsionada pela queda nos preços dos vegetais.
• Preços dos vegetais registaram uma queda de 1,07% face ao mesmo período do ano anterior, contrastando com um aumento de 11,35% em janeiro.
• Inflação manteve-se dentro da margem de tolerância do Banco da Reserva da Índia (2%-6%) pelo quarto mês consecutivo.
• A queda da inflação reforça as expectativas de novos cortes da taxa de juro, com previsões de um corte adicional de 50 pontos base entre abril e agosto.

Tendência da Inflação e Impacto dos Preços dos Alimentos

A inflação no retalho da Índia registou uma desaceleração expressiva em fevereiro de 2025, atingindo 3,61%, abaixo da previsão média de 3,98% dos economistas. Este foi o valor mais baixo registado desde julho de 2024 e marcou o quarto mês consecutivo dentro da margem de tolerância estabelecida pelo Banco da Reserva da Índia (RBI), que varia entre 2% e 6%. A principal razão para esta desaceleração foi a queda nos preços dos vegetais, impulsionada por um aumento da oferta devido a condições climáticas favoráveis. A inflação alimentar caiu para 3,75%, o menor nível desde maio de 2023, após um valor de 5,97% registado em janeiro. Os preços dos vegetais, que haviam subido 11,35% em janeiro, registaram uma queda anual de 1,07% em fevereiro.

Nos últimos 12 meses, os preços dos vegetais foram um dos principais fatores de pressão inflacionária, com um crescimento superior a 20% em nove desses meses. No entanto, a recente estabilização destes preços teve um impacto direto na desaceleração geral da inflação.

Outros itens alimentares mostraram sinais mistos:
• Cereais registaram um aumento de 6,1%, ligeiramente abaixo dos 6,24% de janeiro.
• Leguminosas tiveram uma ligeira queda de 0,35%, contrastando com um crescimento de 2,59% no mês anterior.

Expectativas para a Política Monetária e Reação do Mercado

Com a inflação a desacelerar mais rapidamente do que o esperado, economistas acreditam que o Comité de Política Monetária (MPC) terá maior margem de manobra para reduzir ainda mais a taxa de juro de referência. Segundo Radhika Rao, economista do DBS Bank, o MPC poderá avançar com um novo corte em abril, beneficiando-se deste alívio inflacionário. Atualmente, os analistas antecipam uma redução adicional de 50 pontos base entre abril e agosto de 2025, após o corte de 25 pontos base anunciado em fevereiro, o primeiro em quase cinco anos.

A reação do mercado foi imediata: os juros das obrigações indianas de referência caíram temporariamente para 6,6746% na quarta-feira, descendo 2 pontos base em resposta à nova taxa de inflação.

Desafios Económicos e Pressões Externas

Embora o crescimento económico da Índia tenha melhorado no último trimestre de 2024, este continua abaixo do potencial, refletindo uma recuperação mais lenta do que o esperado.

Além disso, o país enfrenta pressões externas, nomeadamente incertezas relacionadas com as políticas comerciais da administração do Presidente dos EUA, Donald Trump, que planeia impor tarifas recíprocas sobre importações. Esta medida poderá afetar a dinâmica de exportação da Índia e aumentar a volatilidade dos mercados financeiros.

Conclusão

A descida da inflação para 3,61% em fevereiro de 2025 representa um desenvolvimento positivo para a economia indiana, aliviando preocupações sobre o custo de vida e abrindo espaço para mais cortes nas taxas de juro.

A queda nos preços dos alimentos, especialmente dos vegetais, foi o fator determinante para esta desaceleração, e os economistas esperam que o Banco da Reserva da Índia aproveite esta margem para reduzir ainda mais os custos de financiamento, incentivando o crescimento económico.

Contudo, desafios persistem: a recuperação económica continua moderada, e as incertezas comerciais globais podem introduzir novos obstáculos. A capacidade da Índia de manter esta tendência inflacionária favorável e, ao mesmo tempo, lidar com pressões externas, será crucial para o desempenho económico nos próximos meses.