Desempenho Económico na Zona Euro e Reino Unido

De acordo com os dados divulgados em 23 de abril de 2025, a atividade económica na zona euro e no Reino Unido sofreu uma quebra de dinamismo, com particular destaque para o setor dos serviços, que passou a território de contração. O índice composto da Hamburg Commercial Bank (HCOB), elaborado pela S&P Global, caiu de 50,9 em março para 50,1 em abril, falhando a previsão dos analistas de 50,3.

A contração foi mais visível no setor dos serviços da zona euro, onde o PMI caiu para 49,7, contrariando a estimativa de uma descida mais suave para 50,5. O economista-chefe da HCOB, Cyrus de la Rubia, observou que “o setor dos serviços tornou-se um verdadeiro desmancha-prazeres”, sublinhando que este estava em crescimento contínuo desde fevereiro de 2024, e agora passou a contribuir para a estagnação da economia.

Impacto da Política Comercial dos EUA e Ambiente Empresarial

As recentes flutuações nas tarifas comerciais impostas pelos EUA, sob a administração do Presidente Donald Trump, afetaram negativamente o sentimento económico europeu, embora os efeitos diretos na produção ainda sejam limitados. O analista Jack Allen-Reynolds, da Capital Economics, apontou que estas medidas “fizeram cair a confiança económica este mês”, afetando as perspetivas, sobretudo no setor dos serviços.

O índice de confiança empresarial no setor dos serviços da zona euro caiu para 53,1, o valor mais baixo desde meados de 2020, quando a pandemia de COVID-19 estava no auge. Este recuo reflete uma crescente preocupação com as condições de comércio internacional e a incerteza regulatória.

Na Alemanha, a maior economia da Europa, a contração do setor privado foi impulsionada pela fragilidade dos serviços e pelas incertezas no comércio externo. Em França, a atividade empresarial retraiu-se a um ritmo ainda mais acentuado, refletindo uma forte quebra na prestação de serviços.

Setor Industrial: Sinais Mistos com Ligeira Melhoria na Zona Euro

Apesar da queda geral, o setor industrial da zona euro apresentou alguns sinais positivos. O PMI da indústria subiu para 48,7, o nível mais alto em 27 meses, contrariando as expectativas de uma queda para 47,5. O índice de produção, que entra no cálculo do PMI composto, aumentou para 51,2, o seu valor mais elevado desde meados de 2022.

Contudo, no Reino Unido, a indústria continua sob forte pressão. O PMI caiu para 44,0 em abril, um mínimo de 20 meses, refletindo a fraqueza da procura interna e externa. As empresas britânicas estão a ser afetadas por incertezas políticas e tarifárias, à medida que o governo norte-americano alterna entre posturas protecionistas e conciliatórias.

Muitas empresas ainda estão a finalizar encomendas antigas, com o índice de trabalho em atraso a cair para 46,8, o nível mais baixo em três meses. Face à queda da procura, as empresas retomaram a redução de pessoal, com o índice de emprego a descer para 49,9, abaixo do limiar de expansão.

Conclusão

Os dados económicos de abril de 2025 mostram que a recuperação da Europa está a vacilar, com o setor dos serviços a entrar em contração e a confiança empresarial a cair para mínimos não vistos desde a pandemia. Embora a indústria esteja a dar sinais tímidos de estabilização, o ambiente geopolítico incerto e a guerra comercial em curso com os EUA continuam a pesar sobre as perspetivas.

Os próximos meses serão cruciais para determinar se esta estagnação se transformará numa recessão técnica, especialmente se a incerteza global se mantiver. O desempenho futuro dependerá da resiliência da procura interna e de possíveis ajustes nas políticas comerciais internacionais.