DESTAQUES (28 de Janeiro de 2025)

• Vendas globais comparáveis caíram 4% no primeiro trimestre fiscal de 2025, um resultado melhor do que a queda de 4,6% prevista pelos analistas.
• Ações da Starbucks subiram 0,5% nas negociações após o fecho do mercado, acumulando uma valorização de quase 30% desde a nomeação do CEO Brian Niccol em agosto de 2024.
• Niccol planeia revitalizar a marca com um regresso às suas raízes, simplificando o menu, introduzindo chávenas de cerâmica e reformulando o sistema de pedidos móveis.
• Reestruturação na liderança: saída da presidente da América do Norte, Sara Trilling, e do diretor da cadeia de abastecimento, Arthur Valdez.
• Lucro por ação ajustado de 69 cêntimos, superando a previsão de 67 cêntimos.
• Conflito sindical em curso, com mais de 300 lojas em greve em dezembro e acusações de práticas laborais desleais.

Desempenho Financeiro e Impacto no Mercado

A Starbucks apresentou uma queda de 4% nas vendas globais comparáveis no primeiro trimestre fiscal de 2025, encerrado a 29 de dezembro de 2024. Embora seja um resultado negativo, foi melhor do que a descida de 4,6% prevista pelos analistas, de acordo com dados da LSEG. Este desempenho sugere que as mudanças implementadas pelo novo CEO, Brian Niccol, começam a surtir efeito.

As ações da Starbucks registaram uma subida de 0,5% após o anúncio dos resultados, acumulando uma valorização de quase 30% desde agosto de 2024, quando Niccol assumiu a liderança da empresa.

Segundo Danilo Gargiulo, analista sénior da Bernstein, os investidores estão à procura de indícios iniciais de que a transformação da Starbucks está em curso, e os resultados foram globalmente alinhados com as expectativas.

Plano de Reestruturação e Mudanças na Estratégia

Niccol, conhecido pelo seu sucesso anterior na reestruturação da Chipotle Mexican Grill (CMG.N), tem como objetivo “devolver a Starbucks às suas raízes” nos EUA. Para isso, anunciou várias mudanças estratégicas, incluindo:
✅ Simplificação do menu, para melhorar a experiência do cliente e a eficiência operacional.
✅ Reintrodução de chávenas de cerâmica e estações de condimentos nos cafés, reforçando o conceito de coffee house.
✅ Redução do tempo de espera para menos de quatro minutos.

Um dos principais desafios identificados por Niccol é o sistema atual de pedidos móveis, que processa as encomendas por ordem de chegada. Segundo o CEO, este método cria um “estrangulamento” operacional, sobrecarregando os baristas e aumentando os tempos de espera. Uma revisão do sistema poderá aumentar significativamente a eficiência das lojas.

Além disso, Niccol afirmou que a Starbucks tem potencial para duplicar o número de lojas nos EUA a longo prazo, caso consiga otimizar os seus processos e melhorar a experiência do cliente.

Outra mudança relevante foi a redução de promoções e descontos, com um foco maior na expansão do marketing para além do programa de fidelização, de forma a atrair novos clientes.

Reorganização na Liderança e Desafios Operacionais

A Starbucks também anunciou mudanças significativas na sua equipa de gestão. A presidente da América do Norte, Sara Trilling, e o diretor da cadeia de abastecimento, Arthur Valdez, deixaram a empresa. O cargo de Trilling será dividido entre dois novos executivos:

• Mike Grams (ex-Taco Bell) – Diretor de operações das lojas na América do Norte.
• Meredith Sandland – Diretora de desenvolvimento das lojas na América do Norte.

Niccol, que também trabalhou na Taco Bell antes de liderar a Chipotle, está a rodear-se de profissionais em quem confia para garantir que as mudanças estratégicas sejam bem implementadas.

Conflitos com Sindicatos e Perdas de Mercado na China

Apesar dos avanços na reestruturação, a Starbucks continua a enfrentar desafios, especialmente nos EUA e na China:

Mercado chinês em declínio: A Starbucks perdeu terreno para concorrentes como a Luckin Coffee, registando uma queda nas vendas comparáveis na China pelo quarto trimestre consecutivo.

🇺🇸 Conflitos sindicais: A empresa continua envolvida em disputas laborais com o sindicato Workers United, que representa os baristas norte-americanos.

• Em dezembro de 2024, cerca de 300 lojas entraram em greve, exigindo um novo contrato.
• O sindicato apresentou mais de 90 denúncias por práticas laborais desleais contra a Starbucks nas últimas semanas, acusando a empresa de retroceder em acordos previamente estabelecidos.

Previsões para 2025 e Perspetivas Futuras

A Starbucks decidiu suspender as suas previsões financeiras para 2025 no final do ano passado, de forma a permitir que Niccol implemente as suas mudanças sem pressões imediatas do mercado.

A longo prazo, os analistas acreditam que a reformulação da Starbucks pode gerar crescimento sustentável, mas os desafios regulatórios, a concorrência na China e as negociações sindicais nos EUA continuarão a influenciar o desempenho da empresa.

Conclusão

A Starbucks mostrou primeiros sinais de recuperação, com um desempenho melhor do que o esperado no primeiro trimestre fiscal de 2025. As mudanças estratégicas lideradas pelo CEO Brian Niccol, como a simplificação do menu e a reformulação dos pedidos móveis, parecem estar a começar a dar frutos.

No entanto, a empresa ainda enfrenta desafios consideráveis, incluindo a queda nas vendas na China e a escalada dos conflitos sindicais nos EUA. O sucesso a longo prazo dependerá da capacidade de Niccol para equilibrar a modernização da marca com a resolução destas questões estruturais.

A reação positiva do mercado às primeiras medidas sugere que os investidores confiam na estratégia do novo CEO, mas os próximos trimestres serão cruciais para avaliar se a Starbucks conseguirá retomar um crescimento sustentado e consolidar a sua posição no setor do café global.