Incêndios florestais afetam lucros e pressionam resultados operacionais

A AIG registou uma queda de 6,4% no lucro ajustado do primeiro trimestre de 2025, penalizada por custos elevados com sinistros decorrentes das catástrofes naturais. Os incêndios que devastaram mais de 16.000 estruturas na Califórnia causaram perdas seguradas de $40 mil milhões no setor, segundo a Swiss Re, sendo a AIG responsável por $460 milhões desses danos, antes dos prémios de reinstalação.

Apesar da magnitude das perdas, o impacto ficou dentro da estimativa antecipada pela seguradora, que previa perdas líquidas de aproximadamente $500 milhões com o evento.

Rácio combinado melhora apesar das perdas

O rácio combinado ajustado de acidentes foi de 87,8% no trimestre, uma melhoria face aos 88,4% do ano anterior. Este indicador mede a rentabilidade da subscrição de seguros: valores abaixo de 100% significam que a empresa arrecadou mais em prémios do que pagou em sinistros e despesas operacionais.

“Apesar das perdas por catástrofes, mantivemos uma disciplina técnica robusta e um portefólio rentável”, destacou Zaffino.

A subsidiária de seguros gerais reportou prémios brutos de $4,5 mil milhões, estáveis em base nominal, mas com uma subida de 8% em base ajustada, sinalizando crescimento subjacente saudável.

Contexto global e tarifas geram incerteza para o setor

Além dos desafios operacionais, a AIG opera num ambiente geopolítico e económico incerto. O CEO apontou diretamente a guerra comercial entre os EUA e a China, reativada pela nova administração Trump, como fonte de instabilidade:

“Estamos a atravessar um período prolongado de incerteza macroeconómica e política, mas a AIG enfrenta esse contexto a partir de uma posição de força.”

As seguradoras norte-americanas estão particularmente expostas a riscos indiretos das tarifas, desde a volatilidade nos mercados financeiros até ao aumento do custo dos materiais de construção, que afeta o valor das apólices e os custos de reposição.

Comparação com pares e perspetiva

Enquanto a AIG viu os lucros cair, o setor como um todo também foi penalizado pelas mesmas catástrofes. A Travelers, por exemplo, reportou mais de $2 mil milhões em perdas ligadas aos mesmos incêndios, ainda que tenha superado as expectativas devido a ganhos técnicos mais fortes.

A AIG não emitiu guidance específico para o segundo trimestre, mas os analistas esperam que as pressões sobre a subscrição e a sinistralidade se prolonguem até ao verão, com eventuais ajustamentos nas tarifas e novos modelos de avaliação de risco climático.

Conclusão

A AIG iniciou 2025 sob forte pressão operacional devido aos incêndios devastadores na Califórnia, mas conseguiu manter a rentabilidade técnica e superar as expectativas de lucro. A gestão prudente da carteira e a melhoria no rácio combinado são sinais de robustez, mas o contexto global, marcado por catástrofes mais frequentes e incerteza geopolítica crescente, continuará a desafiar o setor.

A capacidade da AIG para ajustar o pricing, manter disciplina na subscrição e gerir riscos sistémicos será crítica para preservar a rentabilidade no resto do ano.