
Apple reposiciona estratégia: de hardware premium a plataforma de inteligência
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Apple. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 01 outubro 2025
- Apple suspende o redesenho do Vision Pro, canalizando recursos para óculos de realidade aumentada com IA, previstos para 2027.
- Negociações com a Google para integrar o modelo Gemini AI num novo Siri, com decisão final ainda pendente.
- iPhone 17 e iPhone Air lançados a 9 de setembro, com preços inalterados apesar das tarifas de Trump, e novos chips A19 e N1 para eficiência e conectividade.
- Conflito com a UE: Apple pede a revogação do Digital Markets Act, alegando que a lei atrasou lançamentos e aumentou riscos de segurança.
- Foco renovado na IA aplicada a hardware: integração de tradução em tempo real nos AirPods Pro 3 e monitorização de saúde no Watch.
Nota de Contexto
A Apple atravessa em 2025 uma fase de redefinição estratégica. Após uma década centrada na sofisticação do hardware, a empresa enfrenta duas pressões estruturais: a desaceleração da procura global de smartphones e o atraso relativo na corrida da inteligência artificial generativa.
Enquanto Google e Samsung incorporam assistentes com modelos de linguagem próprios, a Apple tenta reconfigurar o ecossistema Siri–iPhone–Watch para recuperar relevância funcional sem perder controlo sobre privacidade e integração vertical, a base do seu posicionamento histórico.
1. Reorientação tecnológica: do Vision Pro para os óculos inteligentes
A 1 de outubro, a Apple confirmou internamente a suspensão do projeto N100 uma versão mais leve e económica do Vision Pro, transferindo equipas para o desenvolvimento de óculos inteligentes de nova geração (N50 e N70).
O primeiro modelo, sem ecrã próprio, deverá ligar-se ao iPhone e ser lançado em 2027, enquanto uma versão com ecrã incorporado está prevista para 2028.
A decisão marca uma mudança clara: o Vision Pro, lançado a 3.499 USD, não alcançou tração comercial, devido à escassez de conteúdos e ao preço elevado.
A aposta em óculos mais leves e com interação por voz e IA indica um reposicionamento estratégico em linha com as tendências de wearable computing.
O movimento também reflete a pressão competitiva da Meta, cujo modelo Ray-Ban Display de 800 USD lidera o segmento de consumo.
2. Lançamento do iPhone 17 e contenção de preços sob tarifas
A 9 de setembro de 2025, em Cupertino, a Apple revelou a nova linha iPhone 17 e o iPhone Air, mantendo os preços face à geração anterior apesar das tarifas de 145% impostas por Donald Trump sobre produtos chineses.
Principais destaques:
- iPhone Air: bateria de alta densidade, chip A19 Pro, design ultrafino, preço base 999 USD;
- iPhone 17 base: 256 GB a 799 USD (o dobro da capacidade pelo mesmo preço do iPhone 16);
- iPhone 17 Pro: 256 GB a 1.099 USD, sem opção de menor armazenamento;
- AirPods Pro 3: tradução simultânea de línguas em tempo real;
- Apple Watch: novo medidor de tensão arterial, com lançamento condicionado a aprovação regulatória.
A manutenção de preços foi interpretada como absorção deliberada de custos tarifários para proteger quota face à Samsung e aos fabricantes chineses.
O evento, contudo, evidenciou o atraso da Apple em demonstrações práticas de IA generativa, contrastando com o enfoque da Google na integração do modelo Gemini em telemóveis Pixel.
3. Parceria potencial com a Google para o novo Siri
A 22 de agosto, fontes revelaram que a Apple está em negociações preliminares com a Google para integrar o modelo Gemini AI numa versão redesenhada do Siri, prevista para 2026.
O objetivo seria superar a limitação estrutural do Siri incapaz de realizar tarefas complexas ou integrações de terceiros e criar um assistente multimodal com capacidade contextual, aproximando-se da abordagem do ChatGPT.
A Apple também terá sondado Anthropic (Claude) e OpenAI (ChatGPT), sem decisão final.
Esta abertura a parcerias externas marca uma rutura cultural importante: pela primeira vez, a empresa considera ceder parte do controlo do seu motor de IA a um fornecedor externo, um passo que sugere urgência estratégica.
4. Confronto regulatório com a União Europeia
A 25 de setembro, a Apple enviou à Comissão Europeia um pedido formal de revisão do Digital Markets Act (DMA), argumentando que a legislação está a comprometer a segurança e a inovação.
Segundo a empresa:
- o DMA obrigou a adiar lançamentos de novas funcionalidades na UE, incluindo espelhamento de iPhone para Mac, tradução ao vivo com AirPods e recursos de localização no Apple Maps;
- a imposição de interoperabilidade obrigatória com terceiros teria criado “um ecossistema mais vulnerável a fraudes, malware e aplicações pornográficas”;
- a empresa “não encontrou forma de cumprir integralmente o DMA sem comprometer a privacidade dos utilizadores”.
A Comissão respondeu que a conformidade é uma obrigação “e não uma escolha”.
O episódio confirma a crescente tensão transatlântica entre regulação e inovação tecnológica, e posiciona a Apple como porta-voz da indústria americana contra o modelo europeu de regulação digital.
5. Interpretação estratégica
O terceiro trimestre de 2025 expõe a transição da Apple de empresa de hardware premium para plataforma de experiência inteligente, onde o foco é menos o dispositivo e mais a integração entre IA, sensores e ecossistema fechado.
As decisões de:
- conter preços,
- reorientar o Vision Pro,
- abrir-se a IA externa,
- e confrontar o regulador europeu,
são peças coerentes de uma estratégia de defesa de margens e controlo tecnológico, enquanto o valor diferencial da marca migra do hardware para a inteligência aplicada ao utilizador.
Conclusão
A Apple entra no último trimestre de 2025 com duas frentes decisivas:
- Acelerar a incorporação de IA em todos os dispositivos antes do lançamento do novo Siri em 2026;
- Redefinir a relação com a regulação europeia, que ameaça travar a sua capacidade de diferenciação no software.
O ciclo 2024–2025 mostra que a Apple já não dita o ritmo da inovação tecnológica global, mas ainda define o padrão de integração entre privacidade, design e performance.
A sua vantagem competitiva dependerá agora de uma pergunta essencial: conseguirá controlar a inteligência que não produz, sem abdicar da coerência do seu ecossistema?
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo a Apple, formato “News”, atualizado com informações até 02 de Outubro de 2025. Categorias: Tecnologia. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, EUA, Apple, Earnings, Consumo, Smartphones, Inteligência Artificial)