Air France-KLM, News – 12 Nov 25

Air France–KLM estabiliza frente laboral: braço neerlandês KLM encerra greves com novo acordo até 2027


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Strategic Highlights – 31 outubro 2025

  • Air France–KLM garante estabilidade laboral no ramo neerlandês, após a KLM firmar um acordo coletivo de dois anos com cinco sindicatos.
  • O pacto prevê aumento salarial total de 3,25% e pagamentos líquidos de 500 € (dez. 2025) e 250 € (jan. 2026).
  • O acordo é retroativo a 1 março 2025 e vigora até 28 fevereiro 2027.
  • A decisão encerra duas greves em setembro que causaram o cancelamento de mais de 150 voos e afetaram 27.000 passageiros.
  • A normalização das relações laborais reforça a previsibilidade operacional do grupo Air France–KLM, num ano marcado por pressões salariais na aviação europeia.

Nota de Contexto

A Air France–KLM, uma das maiores transportadoras aéreas da Europa, opera com uma estrutura dual: Air France em França e KLM Royal Dutch Airlines nos Países Baixos.
Embora o grupo detenha 100% do capital da KLM, esta mantém autonomia jurídica e sindical, com acordos coletivos próprios e negociações enquadradas pela lei laboral neerlandesa.

O braço neerlandês representa cerca de 30% da receita consolidada e é responsável por uma parte significativa das ligações intraeuropeias, cruciais para alimentar as operações de longo curso da Air France.
É, portanto, uma peça essencial do ecossistema do grupo, tanto do ponto de vista operacional como financeiro.

De setembro a outubro: dois meses de tensão e resolução

O verão e o início do outono de 2025 foram marcados por tensões laborais crescentes em Schiphol.
A primeira greve, em 9 setembro, resultou no cancelamento de 100 voos, afetando 27.000 passageiros.
O protesto, liderado pelos sindicatos FNV e CNV, surgiu após a rejeição de um pré-acordo salarial considerado insuficiente face à inflação neerlandesa.
A KLM, pressionada por custos crescentes e limitações orçamentais impostas pela holding, tentou manter um perfil discreto, mas a situação rapidamente escalou.

Na semana de 15 setembro, a paralisação prolongada obrigou à supressão de dezenas de voos adicionais, afetando a rede europeia e gerando atrasos em cascata.
O índice de pontualidade do grupo Air France–KLM caiu 6 pontos percentuais, acentuando as preocupações dos analistas sobre a resiliência da operação.
Durante várias semanas, nenhuma das partes cedeu publicamente, alimentando o receio de que o impasse se estendesse até ao inverno, um cenário que o grupo não podia permitir.

O desbloqueio chegou a 31 outubro, com a assinatura de um acordo coletivo de dois anos.
O documento estabelece um aumento salarial total de 3,25% até fevereiro de 2027, pagamentos únicos de 500 € em dezembro de 2025 e 250 € em janeiro de 2026, além da institucionalização do regime 80-90-100, um mecanismo que permite aos trabalhadores séniores reduzir a carga horária para 80%, receber 90% do salário e manter 100% da contribuição para pensão.

“Alcançámos um equilíbrio sólido entre remuneração justa, flexibilidade e sustentabilidade financeira”, afirmou a Chief HR Officer Miriam Kartman, sublinhando o carácter “realista e de longo prazo” do acordo.

Com este desfecho, a KLM encerra um dos períodos de maior tensão laboral da última década, enquanto o grupo recupera visibilidade operacional.

Impacto estratégico no grupo Air France–KLM

A estabilização no ramo neerlandês tem implicações diretas para a holding Air France–KLM, cuja performance depende de equilíbrio entre os seus dois polos operacionais.
Com as greves terminadas, o grupo ganha dois anos de paz social, o que lhe permite concentrar esforços em renovação de frota, digitalização e metas ambientais.

A nível financeiro, o impacto do acordo é modesto e controlado, estimando-se que o acréscimo de custos salariais na KLM não ultrapasse 0,3% das despesas consolidadas do grupo.
Mais relevante é o efeito reputacional e operacional: a KLM assegura continuidade nos seus hubs de Amesterdão e Paris, reduzindo riscos de perturbação e fortalecendo a imagem do grupo como operador fiável e socialmente responsável.

Em contraste, o braço francês enfrenta negociações mais tensas com controladores e pessoal de cabine, o que reforça o papel estabilizador da subsidiária neerlandesa.
No conjunto, o grupo fecha o ano com margens operacionais ainda 3,1 p.p. abaixo do pré-pandemia, mas com melhor previsibilidade de custos e calendário de produção.

Análise de política laboral e governação

O novo acordo coletivo da KLM reflete um modelo de negociação gradualista, centrado na previsibilidade e no compromisso.
A subida salarial de 3,25% em dois anos é inferior à inflação acumulada, mas os pagamentos líquidos compensam a erosão do poder de compra sem pressionar os encargos fixos.
Além disso, a consolidação do regime 80-90-100 introduz um mecanismo de transição geracional pioneiro no setor, que equilibra produtividade com bem-estar e pode reduzir absentismo e custos médicos.

Esta política distingue-se do padrão francês, onde os acordos da Air France permanecem mais rígidos e fortemente influenciados pela legislação pública.
A descentralização da negociação neerlandesa, apoiada pela direção do grupo, mostra uma cultura de autonomia com accountability, coerente com a visão do CEO Ben Smith, que desde 2019 procura uma governação binacional equilibrada.

Comparação interna: Air France e KLM

IndicadorAir FranceKLM
Jurisdição laboralFrançaPaíses Baixos
Último acordo coletivo2024–2026 (tripulações)2025–2027 (pessoal de terra)
Aumento salarial médio~3%/ano3,25% total em 2 anos
Regime de pré-reformaParcialPermanente (80-90-100)
Nível de greves em 2025ElevadoResolvido
Impacto reputacionalNeutroPositivo

Esta comparação evidencia o contraste entre a rigidez francesa e a flexibilidade neerlandesa, mas também a complementaridade funcional dentro do grupo.
A KLM emerge como referência de estabilidade social, equilibrando disciplina financeira com políticas progressistas de recursos humanos.

Perspetivas e implicações

Com o acordo neerlandês consolidado e negociações mais controladas em França, o grupo Air France–KLM entra em 2026 com estabilidade laboral em ambos os eixos.
O novo quadro dá à administração maior margem para otimizar custos e reforçar investimentos em descarbonização, um dos pilares do plano “Flightpath 2030”.

A nível de mercado, a Air France–KLM distingue-se num contexto em que concorrentes como Lufthansa e Ryanair ainda enfrentam greves e pressões inflacionistas, reforçando a sua posição competitiva e reputação ESG.

Conclusão

A resolução do impasse na KLM é mais do que um sucesso sindical: é um sinal de maturidade institucional para o grupo Air France–KLM.
Num setor em que a paz social é cada vez mais rara, o grupo consegue estabilizar custos, assegurar previsibilidade e consolidar credibilidade junto dos mercados.

O equilíbrio alcançado entre moderação salarial e bem-estar laboral projeta a KLM como modelo de governança social inteligente, e oferece à holding francesa-neerlandesa uma vantagem estratégica num período de transformação profunda.

Em suma, a Air France–KLM entra em 2026 mais estável, mais previsível e mais alinhada com as exigências de sustentabilidade social e económica que hoje moldam a aviação europeia.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Air France-KLM, formato “News”, atualizado com informações até 31 de Outubro de 2025. Categorias: Transporte. Tags: Acionista, França, Transporte, Companhia Aérea, Air France-KLM)

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