Air India acelera planos de expansão com nova encomenda de widebodies apesar de cortes operacionais e atrasos de entrega

Nova encomenda de widebodies aprofunda modernização

A Air India está em negociações avançadas para encomendar entre 30 e 50 novos aviões widebody, incluindo Airbus A350 e Boeing 777X, para reforçar a sua operação internacional. A encomenda deverá ser formalizada até ao final do verão e vem somar-se à megacompra de 470 aviões em 2023 e outros 100 narrowbodies adquiridos em 2024, sinalizando a ambição do Grupo Tata de reposicionar a transportadora como player global.

A encomenda responde à forte procura por voos internacionais, que deverá crescer 15% a 20% no atual exercício fiscal, segundo a agência ICRA, superando o ritmo do mercado doméstico.

Atrasos de entrega forçam manutenção de frota antiga

Apesar da ambição, a Air India enfrenta atrasos significativos nas entregas, devido à escassez global de motores e componentes estruturais. A situação obrigou a empresa a manter em operação aviões antigos com interiores desatualizados, afetando parcialmente a perceção da marca num momento crítico de reposicionamento.

Segundo o CEO Campbell Wilson, os atrasos poderão prolongar-se por pelo menos mais quatro anos, obrigando o grupo a ajustar prazos do plano de transformação traçado pelo Grupo Tata.

Air India Express amplia frota e aposta em parcerias

A subsidiária low-cost Air India Express anunciou que irá acrescentar 15 aviões à sua frota em 2025/26, com parte do reforço vindo da frota principal da Air India. A empresa estima um aumento de capacidade de 45% no próximo ano fiscal, elevando o volume médio mensal para 2,5 milhões de passageiros.

A companhia está também a expandir acordos com transportadoras de baixo custo como Scoot (Singapura), Jazeera Airways (Kuwait) e Air Arabia (Emirados), permitindo aos passageiros maior conectividade sem custos de interlining tradicionais.

Ajustes operacionais e problemas de manutenção

Apesar do crescimento, a Air India cortou menos de 5% da frota narrowbody e encerrou duas rotas internacionais no segundo trimestre de 2025, como parte de uma estratégia de reorganização seletiva da rede e otimização de recursos. Os cortes visam aliviar pressão sobre tripulações e melhorar índices de pontualidade, face a problemas operacionais recentes.

Paralelamente, as autoridades indianas alertaram para falhas graves na manutenção da Air India Express, incluindo registos falsificados relativos a reparações de motores, o que levantou preocupações sobre segurança operacional. O caso está sob investigação, mas ainda não levou à suspensão de certificados.

Conclusão

A Air India avança com uma das maiores estratégias de expansão e renovação de frota no setor aéreo global, apostando na recuperação da sua relevância internacional após anos de declínio sob gestão estatal. Apesar do impulso, os atrasos nas entregas e os problemas operacionais representam riscos significativos, exigindo disciplina na execução e foco em segurança e qualidade de serviço.

Com apoio financeiro do Grupo Tata e um mercado em forte crescimento, a empresa tem os elementos estratégicos para crescer, mas o sucesso dependerá da sua capacidade de equilibrar crescimento rápido com solidez operacional e confiança regulatória.