
Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia da Alemanha. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.
Economia alemã cresce 0,2% no 1.º trimestre, mas continua em estagnação sob peso das tarifas e da fraca procura interna
Destaques (30 de abril de 2025)
- A Alemanha registou crescimento de 0,2% no 1.º trimestre de 2025, escapando tecnicamente à recessão, mas sem sinais de retoma sustentada
- O governo revê previsão anual para estagnação em 2025, face à estimativa anterior de crescimento de 0,3%
- A inflação caiu para 2,2% em abril, mas a inflação ‘core’ subiu para 2,9%, alimentando incerteza sobre a política do ECB
- O consumo continua fraco, com retalho em queda em março (-0,2%) e consumidores a reforçarem a poupança em vez de gastar
- As tarifas comerciais dos EUA são apontadas como principal risco externo, com impacto direto nas exportações, na confiança e no investimento industrial
Crescimento técnico não esconde fragilidade estrutural
Segundo dados preliminares divulgados a 30 de abril, o PIB da Alemanha cresceu 0,2% entre janeiro e março, após uma contração de igual magnitude no último trimestre de 2024. Esta variação evita tecnicamente uma recessão, mas a leitura geral dos dados permanece preocupante.
O economista Carsten Brzeski, do ING, alertou que o número “é demasiado pequeno para terminar a estagnação prolongada da Alemanha”. O país foi o único do G7 a não crescer em 2023 e 2024 e pode estar a caminho do terceiro ano consecutivo sem crescimento, algo inédito na era pós-guerra.
Exportações em risco com tarifas e guerra comercial
As tarifas aplicadas pelos EUA sobre veículos, aço e alumínio da UE, em vigor desde abril, começam a ter impacto claro nas exportações alemãs. Em fevereiro, os dados mostraram um salto de 8,5% nas exportações para os EUA, motivado pela antecipação de encomendas, mas a expectativa é de retração a partir do segundo trimestre.
O governo alemão espera agora uma queda de 2,2% nas exportações em 2025, depois de já terem caído 1,1% em 2024. O ministro da Economia, Robert Habeck, apelou a um entendimento com os EUA, mas defende que a UE se prepare para medidas de retaliação.
A produção industrial caiu 1,3% em fevereiro e as encomendas industriais estagnaram, com destaque para o setor automóvel. A confiança empresarial permanece baixa, e os analistas preveem novos cortes na produção durante o verão.
Consumo e confiança das famílias sem retoma
Apesar da ligeira recuperação do consumo no início do ano, os dados de março voltaram a desapontar:
- Vendas a retalho caíram 0,2% no mês, com aumento dos preços de importação
- Índice de confiança dos consumidores permanece negativo (-24,5 pontos)
- A taxa de poupança permanece elevada, em torno dos 20%, muito acima da média da UE (15%)
O novo governo de coligação liderado por Friedrich Merz apresentou medidas para estimular o consumo, como cortes fiscais para rendimentos médios e aumento do salário mínimo para 15 euros/hora. No entanto, a maioria dos analistas considera que os efeitos só serão sentidos a partir de 2026.
A tendência para o consumo sustentável e a contenção de gastos, especialmente entre os mais jovens, também contribuem para a recuperação lenta da procura interna.
Inflação em queda, mas núcleo inflacionário preocupa
A inflação harmonizada caiu para 2,2% em abril, reforçando a expectativa de cortes nas taxas pelo ECB a partir de junho. Contudo, a inflação ‘core’ subiu para 2,9%, alimentando dúvidas sobre a trajetória da política monetária.
A inflação tem sido impulsionada por serviços e alimentos, enquanto os preços da energia continuam a aliviar. O ECB já reduziu a taxa de referência para 2,25%, mas novos cortes dependem da trajetória da inflação estrutural.
Mercado de trabalho começa a ressentir-se
Apesar do crescimento no início do ano, o mercado de trabalho dá sinais de desgaste:
- Taxa de desemprego subiu para 6,3% em abril, a mais alta desde a pandemia
- O governo prevê que esta suba se mantenha até ao final de 2025, com melhoria apenas em 2026
- O setor industrial é o mais afetado, com retracção nas contratações nas áreas ligadas à exportação
Conclusão
A economia alemã continua a atravessar um período prolongado de estagnação estrutural, com crescimento residual, consumo contido e indústria penalizada por tarifas externas e competitividade em erosão. A ligação profunda da Alemanha às cadeias globais de valor torna-a particularmente vulnerável à fragmentação comercial em curso.
As medidas de estímulo doméstico poderão aliviar parte da pressão, mas os efeitos serão graduais, e o país enfrenta o risco de um novo ciclo de contração se as exportações não se estabilizarem e a confiança dos consumidores não for restabelecida.
A margem de manobra está agora nas mãos do ECB e da nova coligação governamental, que terá de provar rapidamente que é capaz de reativar o motor económico da Europa.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Economia da Alemanha, formato “Geral”, atualizado com informações até 30 de Abril de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Alemanha, PIB)