Alemanha, Eleições – 19 Dez 24

Destaques (16 Dezembro 2024)

• Eleições antecipadas marcadas para 23 de fevereiro, após voto de confiança perdido pelo chanceler Olaf Scholz.
• Coligação tripartida desmoronou-se devido à saída dos Democratas Livres por divergências sobre a dívida.
• Conservadores liderados por Friedrich Merz têm vantagem confortável nas sondagens, com a Alternativa para a Alemanha (AfD) a subir.
• Medidas urgentes, incluindo cortes de impostos e aumento dos abonos de família, estão em negociação para aprovação antes das eleições.

Desafios e Propostas de Scholz e Merz

Após o colapso da coligação tripartida liderada por Olaf Scholz, o parlamento alemão aprovou o voto de confiança perdido pelo chanceler, abrindo caminho para eleições antecipadas em 23 de fevereiro. A saída dos Democratas Livres deixou os Sociais-Democratas (SPD) e os Verdes sem uma maioria, numa altura crítica de crise económica na Alemanha.

Em discurso após o voto, Scholz defendeu o seu histórico como líder durante a guerra na Ucrânia e a crise económica, destacando planos para investir em infraestruturas desgastadas. Contrapondo-se, Friedrich Merz, líder conservador e principal adversário, acusou Scholz de sobrecarregar as gerações futuras com dívida excessiva e falhar no rearmamento do país.

“Assumir dívidas à custa da geração jovem não é solução”, disse Merz, enquanto Scholz argumentou que cortes excessivos hipotecariam o futuro do país.

Cenário Político Fragmentado

As sondagens mostram os conservadores com uma vantagem de mais de 10 pontos sobre o SPD, enquanto a AfD, de extrema-direita, ultrapassou ligeiramente os sociais-democratas. A recusa dos principais partidos em formar coligações com a AfD torna o cenário parlamentar mais complexo, aumentando a probabilidade de alianças difíceis de gerir.

Robert Habeck, dos Verdes, alertou para o impacto deste cenário, afirmando: “É muito improvável que o próximo governo tenha as coisas facilitadas”.

Medidas Antes das Eleições

Apesar das divergências, Scholz apelou à aprovação de medidas urgentes antes das eleições, incluindo cortes de impostos no valor de 11 mil milhões de euros e um aumento dos abonos de família. Outras propostas, como um bilhete de transporte subsidiado, estão em discussão.

Por outro lado, Merz rejeitou uma proposta dos Verdes para reduzir os preços da energia, insistindo numa reestruturação completa da política energética.

O Papel da AfD

A ascensão da AfD também marca um ponto crítico no cenário político alemão. A líder do partido, Alice Weidel, aproveitou a crise para reforçar a sua retórica, apelando ao regresso de refugiados sírios após o colapso do regime de Bashar al-Assad. A presença da AfD, embora marginalizada nas coligações, complica ainda mais a aritmética política.

Perspetivas Futuras

Com eleições a aproximar-se rapidamente, o cenário político alemão enfrenta incertezas significativas. A possibilidade de um novo governo liderado por Friedrich Merz promete mudanças na direção económica e fiscal do país, enquanto as divisões internas e os desafios externos continuam a pressionar uma Alemanha em transição.

A capacidade dos partidos em construir alianças viáveis será essencial para evitar uma nova crise política e garantir estabilidade num dos momentos mais desafiantes da história recente da Alemanha.