PMI da Alemanha continua a sinalizar fraqueza, apesar de ligeira melhoria na indústria

Indústria melhora ligeiramente, mas continua em queda

Os dados divulgados a 2 de julho de 2025 mostram que o PMI industrial alemão subiu para 43,5 em junho, um progresso face aos valores dos meses anteriores, mas ainda longe da linha dos 50,0 que separa contração de expansão. Este foi o valor mais elevado desde julho de 2023, alimentando alguma esperança de estabilização na indústria transformadora, depois de um período prolongado de retração.

Apesar da subida, os indicadores continuam a revelar um enfraquecimento das encomendas, excesso de capacidade e recuo da atividade exportadora, sinal de que a retoma ainda não ganhou tração real.

Setor dos serviços recua novamente e pressiona crescimento

O setor dos serviços voltou a contrair-se em maio, com o PMI a registar 48,7, depois de ter atingido 49,0 em abril e 50,9 em março, revelando um declínio consistente da atividade. A queda foi motivada por redução no volume de novos negócios, elevada incerteza e preocupações com tarifas comerciais, especialmente entre prestadores de serviços orientados para o comércio internacional.

O índice composto caiu de 51,3 em março para 50,1 em abril, refletindo uma quase estagnação da atividade privada na maior economia da zona euro.

Perspetiva empresarial continua frágil

Os dados de abril e maio revelam um ambiente de confiança empresarial muito limitado. Apenas 25% das empresas inquiridas manifestaram otimismo quanto às perspetivas futuras, número apenas ligeiramente superior aos 22% que se declararam pessimistas. A persistência de condições económicas frágeis e incerteza regulatória continua a pesar sobre as decisões de investimento.

No entanto, destaca-se o aumento do emprego nos serviços ao ritmo mais rápido em quase um ano, sugerindo que, apesar da contração, as empresas ainda mantêm algum grau de resiliência e planeamento de médio prazo.

Tarifa e investimento público moldam o ambiente futuro

As empresas apontam como principais fatores de risco as tarifas comerciais e a redução da procura interna. Em contrapartida, analistas destacam que os planos do governo alemão, incluindo um fundo especial de 500 mil milhões de euros para infraestruturas e reforço da despesa social, poderão fornecer algum suporte à atividade nos próximos trimestres.

Contudo, enquanto esses estímulos não forem totalmente implementados, a atividade industrial e dos serviços deve continuar pressionada, num contexto externo ainda desafiante, especialmente para economias exportadoras como a Alemanha.

Conclusão

Os dados mais recentes dos PMI revelam uma Alemanha ainda presa num ciclo de estagnação, com melhorias ténues na indústria, mas fragilidade crescente nos serviços. A hesitação das empresas, combinada com fraca procura interna e obstáculos externos como as tarifas, continua a limitar a recuperação. Embora haja sinais pontuais de resiliência, como o aumento do emprego e algum investimento público em perspetiva, a economia alemã ainda enfrenta um caminho instável para uma retoma sustentada.