Resultados fortes, mas com desafios no segmento de IA

A AMD apresentou resultados robustos no primeiro trimestre de 2025, com um crescimento de 36% nas receitas totais, para 7,44 mil milhões de dólares, e um lucro ajustado de 96 cêntimos por ação, ligeiramente acima das previsões.

O destaque vai para o segmento de data centers, onde as vendas cresceram 57% para 3,7 mil milhões, refletindo a forte procura por processadores avançados para aplicações de inteligência artificial, sobretudo por parte de gigantes tecnológicos como Microsoft e Meta. No entanto, a empresa continua a perder tração no mercado de GPUs face à Nvidia, que mantém uma liderança sólida no fornecimento de chips otimizados para IA.

Pressão regulatória e dependência da China afetam previsões

A administração da AMD revelou que as novas restrições impostas pelos EUA às exportações de chips para a China deverão ter um impacto de 1,5 mil milhões de dólares nas receitas de 2025. A empresa também registou uma provisão de 800 milhões de dólares relacionada com estas tarifas.

Apesar disso, os executivos mostraram-se confiantes de que o efeito está “bem contido” no contexto geral da operação, dado que clientes anteciparam encomendas antes da entrada em vigor das restrições, o que poderá, no entanto, provocar uma desaceleração no terceiro trimestre.

A China representa aproximadamente 25% do volume de negócios da AMD, o que torna a situação particularmente sensível para a empresa. Ainda assim, a previsão de receitas de 7,4 mil milhões no segundo trimestre, com uma margem de 300 milhões, sugere que a procura por chips continua forte.

Recompra de ações sinaliza confiança estratégica

Em 14 de maio, a AMD anunciou um novo programa de recompra de ações no valor de 6 mil milhões de dólares, elevando a capacidade total para 10 mil milhões. Esta decisão surge como uma resposta à queda acumulada de 6% nas ações em 2025 e visa reforçar a confiança dos investidores.

Segundo a CEO Lisa Su, a medida “reflete a confiança do Conselho na direção estratégica da empresa e na sua capacidade de gerar fluxo de caixa consistente”. No entanto, o free cash flow caiu 33% no trimestre, para 727 milhões de dólares, e o total de passivos correntes já supera os 7,7 mil milhões, o que poderá levantar dúvidas sobre o ritmo de execução do programa.

Parcerias e novas frentes para competir no mercado de IA

Para além da recompra, a AMD anunciou uma colaboração de 10 mil milhões de dólares com a empresa Humain, centrada no desenvolvimento de aplicações de IA no Médio Oriente. Esta iniciativa junta-se a um conjunto de parcerias semelhantes estabelecidas por tecnológicas norte-americanas na região, procurando expandir influência em mercados emergentes e diversificar canais de receita.

Ainda assim, analistas alertam para a crescente aposta de clientes como Microsoft e Meta no desenvolvimento de chips próprios, o que poderá reduzir a dependência de fornecedores como AMD e Nvidia. Esta tendência, aliada à forte ascensão de fabricantes de chips personalizados como a Broadcom, pode dificultar a consolidação da AMD no espaço da IA.

Conclusão

A AMD entra no segundo trimestre de 2025 com crescimento sólido e forte procura pelos seus processadores, mas enfrenta desafios significativos no mercado de inteligência artificial, onde a Nvidia continua a dominar. O impacto das restrições comerciais com a China, embora mitigado a curto prazo, coloca pressão adicional sobre a empresa. A combinação de recompra de ações, expansão internacional e novos acordos estratégicos mostra uma tentativa clara de reposicionar a marca num setor altamente competitivo. O sucesso dessa transição dependerá da sua capacidade de acelerar a inovação e assegurar relevância no ecossistema de IA a médio prazo.