
AstraZeneca garante acordo histórico com os EUA e reforça posição global com nova listagem e pipeline inovador
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a Astrazeneca. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 13 outubro 2025
- AstraZeneca assinou acordo com a administração Trump para redução de preços de medicamentos em troca de isenção tarifária de três anos, evitando tarifas de até 100% sobre fármacos importados.
- O CEO Pascal Soriot consolidou uma relação direta com a Casa Branca, combinando diplomacia empresarial e investimento de 4,5 mil milhões USD em nova fábrica no estado da Virgínia.
- A farmacêutica vai duplicar a presença nos EUA até 2030, com investimento total de 50 mil milhões USD, e prepara-se para cotação direta na Bolsa de Nova Iorque (NYSE) em fevereiro de 2026.
- O medicamento baxdrostat obteve resultados “revolucionários” em ensaio de fase 3 para hipertensão resistente, com potencial de vendas acima de 5 mil milhões USD/ano.
- A empresa mantém meta de 80 mil milhões USD em receitas anuais até 2030, metade provenientes do mercado norte-americano.
Nota de Contexto
A AstraZeneca plc (LSE: AZN; Nasdaq: AZN) é uma das maiores farmacêuticas globais, com sede no Reino Unido e dupla listagem em Londres e Estocolmo.
A companhia consolidou-se nos últimos anos como um dos pilares da biotecnologia europeia, com foco em oncologia, doenças cardiovasculares, imunologia e vacinas.
Desde 2023, sob liderança de Pascal Soriot, a empresa redefiniu a sua estratégia internacional, apostando na americanização operacional e na expansão do portefólio cardiovascular, mantendo simultaneamente a I&D no Reino Unido e na Suécia.
1. Acordo com os EUA: uma vitória geoeconómica e diplomática
A 10 de outubro de 2025, o presidente Donald Trump anunciou na Casa Branca um acordo com a AstraZeneca para redução de preços de medicamentos vendidos ao programa Medicaid, em troca de uma isenção tarifária de três anos.
O pacto segue um modelo previamente negociado com a Pfizer e integra a ofensiva de Trump para baixar preços farmacêuticos internos, ameaçando o setor com tarifas de até 100% sobre importações.
O acordo cobre descontos de até 80% em medicamentos selecionados e estabelece a criação da plataforma “TrumpRx”, prevista para 2026.
Impactos principais:
- Isenção tarifária total (2026–2028) para fármacos importados pela AstraZeneca.
- Redução controlada de preços em medicamentos específicos (diabetes, asma e cardiovasculares).
- Compromisso de expansão industrial nos EUA, reforçando a narrativa de “produção nacional”.
Apesar das concessões, o acordo é amplamente favorável à empresa:
- Evita tarifas sobre produtos europeus e garante previsibilidade regulatória.
- Consolida a presença política da AstraZeneca em Washington.
- Protege margens, já que o impacto financeiro é limitado aos programas Medicaid (≈ 15% da base de vendas nos EUA).
O CEO Pascal Soriot classificou o resultado como “a última peça do puzzle estratégico” e foi elogiado pela capacidade de “navegar a política americana com pragmatismo industrial”.
2. O papel de Soriot e a diplomacia corporativa
Segundo fontes próximas, o acordo foi resultado de uma campanha de bastidores iniciada logo após as eleições norte-americanas de 2024.
Soriot iniciou contactos diretos com Trump e o secretário do Comércio Howard Lutnick, culminando num banquete de Estado em Windsor (18 setembro), onde consolidou a relação bilateral.
O pilar simbólico dessa aproximação foi o investimento de 4,5 mil milhões USD na fábrica da Virgínia, concluído em apenas um mês de negociações.
A planta, apresentada como “a maior instalação da AstraZeneca no mundo”, reforça o posicionamento da empresa como “uma companhia muito americana”, nas palavras do próprio CEO.
Com esta operação, a AstraZeneca:
- Ganha acesso privilegiado à Casa Branca e ao Congresso.
- Neutraliza a ameaça de tarifas sobre importações do Reino Unido.
- E posiciona-se como parceiro de referência da política industrial de saúde dos EUA.
3. Expansão nos EUA e nova listagem em Nova Iorque
No final de setembro, a AstraZeneca confirmou planos para cotação direta na Bolsa de Nova Iorque (NYSE), mantendo listagens em Londres e Estocolmo.
O movimento é justificado pela crescente relevância do mercado americano, que já representa 43% das receitas de 2024 e deverá atingir 50% até 2030.
A decisão ocorre num contexto em que o FTSE 100 cresceu apenas 58% na última década, contra 250% do S&P 500, evidenciando a superior liquidez dos mercados norte-americanos.
O governo britânico reagiu com alívio, após especulações de uma possível saída total da bolsa de Londres.
O presidente Michel Demaré garantiu que a empresa “permanece enraizada no Reino Unido”, mas reconheceu que “Nova Iorque é hoje o centro natural para a biotecnologia global”.
Vários analistas consideram que o gesto poderá inspirar outras empresas britânicas, como HSBC, Shell ou Rolls-Royce a seguir o mesmo caminho, aprofundando o êxodo de capital do mercado londrino.
4. Pipeline e inovação: o caso baxdrostat
A nível científico, o principal destaque do trimestre foi o sucesso do ensaio clínico de fase 3 do medicamento baxdrostat, destinado a hipertensão resistente.
O estudo demonstrou uma redução estatisticamente significativa da pressão arterial sistólica em 12 semanas, com efeito sustentado ao longo do dia.
O fármaco atua bloqueando a aldosterona, mecanismo distinto dos diuréticos e dos inibidores da ECA, e é também investigado para doença renal crónica e insuficiência cardíaca.
Foi adquirido em 2023 com a compra da CinCor Pharma e é considerado um dos 20 novos medicamentos que irão suportar a meta de 80 mil milhões USD/ano até 2030.
“Estes resultados são transformadores e podem redefinir o tratamento da hipertensão resistente”,
afirmou o Dr. Bryan Williams, coordenador do estudo (UCL).
O lançamento regulatório está previsto para 2026, e as vendas anuais de pico poderão ultrapassar 5 mil milhões USD, colocando-o entre os fármacos de maior potencial do portefólio cardiovascular da AstraZeneca.
5. Perspetivas financeiras e geoestratégicas
Com base nas decisões recentes, o posicionamento da AstraZeneca evolui em quatro eixos complementares:
Pilar Estratégico | Iniciativa | Impacto |
Industrialização americana | 50 mil MUSD em I&D e produção local até 2030 | Neutraliza tarifas e reforça acesso a incentivos federais |
Listagem na NYSE | Aumenta liquidez e atratividade institucional | Potencial reavaliação de capitalização superior a 250 mil MUSD |
Inovação terapêutica | Lançamento de 20 novos medicamentos (ex: baxdrostat) | Sustenta crescimento orgânico acima de 10% CAGR até 2030 |
Diplomacia corporativa | Relação direta com Washington e governadores estaduais | Estabilidade regulatória e vantagem competitiva face a rivais europeus |
Conclusão
O ciclo setembro–outubro de 2025 confirma uma mudança de paradigma para a AstraZeneca:
de campeã europeia de I&D para potência biofarmacêutica transatlântica.
A combinação de acordo político nos EUA, relocalização industrial, nova listagem e pipeline robusto coloca a empresa num patamar único entre as big pharma globais.
Embora o Reino Unido mantenha o estatuto simbólico de sede, o centro de gravidade da AstraZeneca desloca-se para os Estados Unidos, agora o seu principal mercado, base de fabrico e fonte de capital.
A empresa encerra 2025 com posição estratégica reforçada, previsibilidade tarifária e novas fontes de crescimento farmacêutico sustentável, emergindo como o modelo mais avançado de diplomacia económica da indústria biofarmacêutica global.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a AstraZeneca, formato “News”, atualizado com informações até 13 de Outubro de 2025. Categoria: Saúde. Classe de Ativos: N/A. Tags: Acionista, Saúde, Reino Unido, Farmacêutica, AstraZeneca)