Bitcoin abaixo dos 100 mil USD: o fim da euforia e o início de um novo equilíbrio macro
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com o Bitcoin. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta criptomoeda e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights – 06 novembro 2025
- Bitcoin cai para 98–99 mil USD, o nível mais baixo desde julho, num contexto de recuo global do apetite por risco.
- O movimento segue-se ao maior “flush” de alavancagem do ciclo, com 10 mil milhões USD em posições liquidadas, e um open interest 30% inferior ao pico de setembro.
- Apesar da correção, o ativo ainda acumula +32% em 2025, sustentado por reformas regulatórias nos EUA e adoção institucional crescente.
- O sentimento deteriorou-se com a revisão das expectativas de cortes da Fed e o fortalecimento do dólar.
- O risco de novas quedas aumenta caso o mercado global de ações e crédito sofra um novo “sell-off”, o Bitcoin tende a amplificar esses choques.
Nota de Contexto
O Bitcoin é hoje um ativo macro de alta sensibilidade à liquidez global, cujo comportamento reflete as forças dominantes de política monetária, confiança institucional e apetite por risco.
Com uma capitalização superior a 2 biliões USD, o ativo evoluiu de experiência financeira descentralizada para ativo de risco alternativo, sujeito às mesmas pressões que afetam tecnologia, small caps e crédito high-yield.
A sua trajetória de 2025 mostra um mercado em maturação, mas ainda reflexivo e pró-cíclico: avança em ambientes de liquidez ampla e recua rapidamente quando o sistema se contrai.
Atualização de Mercado – novembro 2025: transição para um ciclo defensivo
O recuo recente para a faixa dos 98–99 mil USD confirma o fim da euforia observada entre julho e setembro.
A correção foi desencadeada por uma mudança de regime monetário e de sentimento global, marcada por:
- subida das yields reais,
- dólar mais forte,
- e redução de posições de risco em ativos tecnológicos e alternativos.
A revisão das expetativas da Fed foi o ponto de viragem.
Após meses de entusiasmo com cortes rápidos de taxa, o mercado reconhece agora que a autoridade monetária poderá manter juros elevados por mais tempo, reduzindo a liquidez marginal que alimentava o rali de criptoativos.
O efeito é duplo:
- Institucionais travam novas entradas em ETFs e ajustam posições táticas;
- Holders de longo prazo aproveitam para realizar lucros, enquanto o open interest em derivativos permanece contido, sinalizando desalavancagem controlada.
O resultado é um mercado cauteloso e redistributivo, com menor profundidade de compra e maior vulnerabilidade a choques externos.
Se os mercados de ações sofrerem um novo “sell-off”, o que não pode ser excluído dado o enfraquecimento do sentimento global, o Bitcoin tenderá a amplificar essas quedas, dada a sua correlação crescente com ativos de risco de alta beta.
1. Regulação e enquadramento: o ciclo político continua pró-cripto
A política norte-americana mantém-se como motor de legitimidade para o setor.
Em 2025, o Genius Act (stablecoins), o Clarity Act (custódia) e o Anti-CBDC Act consolidaram o quadro legal dos ativos digitais.
O executive order que autoriza cripto em planos 401(k) tornou-se um símbolo da aceitação institucional.
Contudo, o ambiente macro passou a dominar o comportamento dos preços.
Mesmo com suporte político, a sensibilidade do Bitcoin à liquidez financeira e ao dólar mantém-se elevada.
O ativo deixou de ser marginal e, com isso, perdeu parte da sua independência cíclica.
2. Comportamento e estrutura: de acumulação a redistribuição
Após atingir 124 mil USD em agosto, o mercado entrou em fase de realização de lucros.
Dados da Glassnode indicam que o saldo médio das grandes carteiras caiu para 488 BTC, o menor nível desde 2018.
Esta redução, somada à queda de 10 mil milhões USD em open interest em outubro, confirma uma reorganização estrutural: menos especulação, mais seletividade.
A liquidez migra do mercado de futuros para o mercado spot, refletindo menor alavancagem e maior disciplina.
Mas esta menor elasticidade também significa que eventos macro negativos (como fuga generalizada de risco) têm impacto direto e imediato no preço.
3. Um ativo reflexivo, não um barómetro
O Bitcoin deixou de ser um “termómetro” da liquidez global para se tornar um amplificador das suas variações.
A sua volatilidade é reflexiva: aumenta quando os investidores procuram risco e intensifica-se quando o evitam.
Num ambiente de stress financeiro, o Bitcoin tende a mover-se em sincronia com os ativos de maior beta, exagerando os movimentos do mercado tradicional.
Isso não reduz a sua relevância, pelo contrário, confirma o seu estatuto de ativo sensível à confiança sistémica.
A sua resposta rápida a choques monetários faz dele um indicador adiantado de confiança e uma proxy de liquidez especulativa global.
4. Perspetiva estrutural: fundamentos intactos, mas volatilidade persistente
A médio prazo, a narrativa de integração institucional e escassez programada mantém-se.
O halving de 2024 continua a exercer pressão descendente na oferta nova, enquanto os ETFs e os fundos de pensões norte-americanos estabilizam a procura estrutural.
O desafio para 2026 é a convergência entre adoção e disciplina monetária:
se o dólar permanecer forte e a Fed mantiver juros elevados, o Bitcoin poderá testar zonas de suporte mais profundas (80 ou até 60 mil USD).
Mas, caso o ciclo global de liquidez retome, o ativo deverá reconstruir momentum com base em fundamentos sólidos e menor dependência especulativa.
Conclusão
O Bitcoin entra no final de 2025 numa fase de consolidação e prudência, após o período mais intenso de euforia desde 2021.
A queda abaixo dos 100 mil USD não representa uma inversão estrutural, mas uma reprecificação do risco num ambiente em que a liquidez e a confiança institucional se tornam mais seletivas.
O ativo atua agora como amplificador de fluxos de risco: beneficia de forma desproporcional quando há entrada de capital e sofre de forma mais aguda quando há fugas.
Por isso, qualquer correção nos mercados tradicionais de ações, crédito ou ativos tecnológicos, num contexto de stress ou reprecificação monetária, pode gerar perdas adicionais no BTC.
A sua resiliência, porém, continua notável: cada fase de desalavancagem reforça o mesmo padrão histórico sobrevive à compressão e emerge mais institucionalizado.
O desafio para 2026 será atravessar esta transição sem regressar à especulação excessiva, consolidando o papel do Bitcoin como ativo alternativo legítimo, ainda que de alta volatilidade e dependente da liquidez global.
Visite o Disclaimer para mais informações.
Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre BTC Bitcoin, formato “News”, atualizado com informações até 06 de Outubro de 2025. Categorias: Blockchain. Tags: BTC, Bitcoin, BTCUSD, Cripto)