Boeing, News – 15 Out 25

Boeing e Airbus: Rivalidade entra em nova fase após domínio do A320 e travagem nos planos de novos modelos


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Strategic Highlights – 07 outubro 2025

  • A320 da Airbus ultrapassou o Boeing 737 como o avião comercial mais entregue da história, com 12.260 unidades entregues.
  • Boeing confirmou estar apenas nas fases iniciais de um sucessor do 737 MAX, sem decisão iminente sobre novo narrowbody.
  • Executivos da Boeing e Airbus descartaram o lançamento de novos modelos antes de obter ganhos de eficiência de 25–30%.
  • Boeing prestes a obter aprovação condicional da UE para a compra da Spirit AeroSystems, num negócio de 4,7 mil milhões USD, sujeito a desinvestimentos.
  • Conflito laboral agrava-se na Boeing, com a empresa a avançar para substituir 3.200 trabalhadores em greve nos EUA.

Nota de Contexto

Boeing (EUA) e Airbus (Europa) são os dois pilares do duopólio global da aviação comercial.
A Boeing, sediada em Seattle, mantém uma forte presença na aviação civil e defesa, mas enfrenta uma crise prolongada após os acidentes do 737 MAX e a paragem de produção em 2024.
A Airbus, com sede em Toulouse, consolidou-se como líder em entregas globais, impulsionada pelo sucesso da família A320, hoje o modelo mais rentável da indústria.
Ambas competem pelo domínio do mercado narrowbody (monocorredor), responsável por mais de 70% das encomendas mundiais.

1. Reconfiguração do equilíbrio industrial

O marco alcançado em 7 outubro 2025 assinala uma mudança simbólica e estrutural no setor: o Airbus A320 tornou-se o avião mais entregue da história, ultrapassando o Boeing 737, que detinha esse recorde há décadas.
A entrega de uma unidade A320neo à companhia Flynas elevou o total de aeronaves A320 entregues para 12.260 desde 1988, segundo dados da Cirium.

Este feito encerra uma disputa transatlântica de quatro décadas entre Toulouse e Seattle. O A320, lançado em 1984 e o primeiro a introduzir fly-by-wire num avião comercial, transformou-se no pilar da frota mundial de curta e média distância.
Por seu lado, o 737, introduzido em 1967 e modernizado em várias gerações (Classic, NG, MAX), viu a sua reputação abalada por incidentes fatais em 2018 e 2019, que ainda marcam a imagem da Boeing.

O domínio atual da Airbus reflete não apenas vantagem tecnológica acumulada, mas também capacidade industrial superior: a empresa planeia aumentar a produção simultaneamente na Europa, EUA e China, enquanto a Boeing ainda luta para estabilizar a sua cadeia de fornecimento e qualidade.

2. Estratégia da Boeing: recuperação e disciplina financeira

A Boeing continua a priorizar a execução do seu plano de recuperação, com 6.000 aviões em backlog e quatro modelos pendentes de certificação, 737-7, 737-10, 777-9 e 777X cargueiro.
Apesar das especulações sobre um sucessor para o 737 MAX, o vice-presidente de marketing Darren Hulst declarou que o lançamento de um novo avião “ainda está longe” e depende de progresso tecnológico, condições de mercado e da própria saúde financeira da empresa.

A Boeing acumula cerca de 50 mil milhões USD em dívida, resultado direto da crise do MAX e da disrupção industrial provocada pela pandemia. O CEO Kelly Ortberg mantém como prioridade “completar os programas existentes antes de iniciar novos”, reafirmando a prudência estratégica.

Ainda assim, o grupo mantém discussões preliminares com a Rolls-Royce sobre motores de nova geração, o que indica uma visão de longo prazo para um futuro narrowbody, provavelmente apenas na segunda metade da década.

3. Contexto competitivo: Airbus em vantagem estrutural

Enquanto a Boeing tenta recuperar, a Airbus consolida a sua posição dominante.
Desde 2020, o fabricante europeu acumulou 4.540 encomendas líquidas para a família A320, contra 3.300 para o 737 MAX, refletindo a confiança dos operadores no modelo europeu.

Os executivos da Airbus, contudo, também rejeitaram a ideia de um novo avião no curto prazo. François Collet, responsável de Asset Management, afirmou que “qualquer novo modelo precisará de ser 25–30% mais eficiente”, um salto tecnológico que “levará tempo a alcançar”.
Esta cautela partilhada indica que o mercado narrowbody permanecerá estável em termos de design, com o foco centrado em melhorias incrementais e redução de emissões através de motores e materiais compósitos.

4. Fusão com a Spirit AeroSystems: consolidação vertical

Em paralelo, a Boeing prepara-se para recomprar a Spirit AeroSystems por 4,7 mil milhões USD, operação que deverá obter aprovação condicional da Comissão Europeia até 14 outubro 2025.
O acordo inclui desinvestimentos obrigatórios das unidades europeias que fornecem a Airbus, nomeadamente em Prestwick (Escócia), Subang (Malásia) e Belfast (Irlanda do Norte).
A medida visa restaurar controlo sobre um elo crítico da sua cadeia de fornecimento, após anos de tensão sobre qualidade e custos.

O Reino Unido já aprovou a transação sem condições, o que deixa a decisão de Bruxelas como último passo regulatório.
A reaquisição da Spirit é vista como um movimento de reindustrialização interna, que reforça a integração vertical da Boeing, mas implica custos significativos numa fase de fragilidade financeira.

5. Pressão laboral e risco reputacional

No plano social, a Boeing enfrenta uma greve prolongada na divisão de defesa em St. Louis, com 3.200 trabalhadores parados desde 4 agosto.
A empresa decidiu substituir parte dos grevistas por novas contratações e subcontratados, desafiando apelos de senadores norte-americanos, incluindo Bernie Sanders e Josh Hawley, para chegar a um acordo justo.
O plano de substituição inclui início de formação de novos trabalhadores e eventual deslocação de parte do trabalho para terceiros.

Os sindicatos argumentam que a formação e as autorizações de segurança necessárias tornam esta medida impraticável a curto prazo.
O impasse ameaça prolongar-se até final do ano e agravar o clima interno da Boeing, cuja gestão é criticada por manter remunerações executivas elevadas, o CEO Ortberg recebeu 22 milhões USD em 2025, enquanto as propostas do sindicato implicariam apenas 40 milhões USD adicionais/ano.

Conclusão

O início de outubro de 2025 marca um ponto de inflexão simbólico e operacional na rivalidade Boeing–Airbus.
A Airbus assume liderança histórica na entrega de narrowbodies e reforça a sua supremacia industrial, enquanto a Boeing tenta estabilizar-se financeiramente e recuperar credibilidade operacional.

O foco simultâneo em disciplina de execução, reaquisição de fornecedores e prudência tecnológica mostra uma Boeing em fase de reconstrução, não de inovação.
A Airbus, por seu lado, colhe os frutos da sua consistência industrial e capacidade de escalar produção global, mantendo vantagem estrutural em encomendas e reputação de fiabilidade.

A médio prazo, a ausência de novos projetos de ambas as empresas prolongará a atual fase de consolidação tecnológica, até que surjam motores e materiais capazes de oferecer o salto de 25–30% em eficiência exigido pelo mercado.
O duopólio mantém-se firme mas o centro de gravidade da aviação comercial deslocou-se definitivamente para Toulouse.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Boeing, formato “News”, atualizado com informações até 07 de Outubro de 2025. Categoria: Aeroespacial e Defesa. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, Boeing, EUA, Aeroespacial, Aviões, Defesa)

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