BYD, News – 04 Dez 25

BYD: Expansão Agressiva na Europa e Pressões Financeiras na China em Novembro 2025


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a BYD. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta empresa e consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights — 17 novembro 2025

  • BYD planeia duplicar a rede de vendas na Europa até ao final de 2026, partindo de 1.000 pontos de venda previstos para 2025.
  • Estratégia industrial europeia acelera com fábrica na Hungria, segunda unidade planeada na Turquia e Espanha candidata a terceiro polo.
  • Vendas europeias triplicam para 80.807 veículos nos primeiros nove meses de 2025.
  • BYD prepara abandono do sistema de pagamentos Dilian, pressionado por nova regulação e deterioração do ambiente competitivo na China.
  • Queda operacional significativa: vendas domésticas de outubro -12%, quota de mercado 13,2% (vs. 19,1%), receitas -3%, lucros -33%.

Nota de Contexto

A BYD é atualmente o maior fabricante automóvel da China e um dos principais grupos globais no segmento elétrico e híbrido plug-in. Embora mantenha forte dependência do mercado doméstico, que representa mais de 80% das suas vendas, o grupo tem avançado com uma estratégia de internacionalização acelerada, especialmente na Europa, onde conjuga expansão comercial com implantação industrial. Em paralelo, a BYD tem sido conhecida pela utilização intensiva de instrumentos de financiamento da cadeia de fornecimento, nomeadamente o sistema interno “Dilian”, que lhe permitiu preservar liquidez e reduzir necessidades de financiamento, mas que tem sido alvo de críticas e escrutínio regulatório.

1. Expansão Comercial e Industrial na Europa

A 17 de novembro de 2025, a BYD reforçou publicamente a ambição de transformar a sua presença europeia num pilar estratégico de crescimento. O plano prevê duplicar a rede de vendas até 2026, a partir de um objetivo de 1.000 pontos de venda até ao final de 2025.

Segundo Maria Grazia Davino, responsável pelo negócio europeu, a prioridade é assegurar proximidade ao cliente, um fator crítico num mercado altamente competitivo e dominado por marcas estabelecidas.

O projeto europeu não se limita ao reforço da distribuição: integra um plano de localização industrial profunda, que inclui:

  • abertura iminente da fábrica na Hungria, o primeiro grande polo industrial BYD no continente;
  • desenvolvimento de uma segunda fábrica na Turquia;
  • avaliação de uma terceira unidade industrial, com a Espanha como candidata preferencial.

A expansão é suportada por um forte dinamismo comercial. Nos primeiros nove meses de 2025, as vendas europeias triplicaram para 80.807 unidades, impulsionadas pela entrada simultânea em elétricos e híbridos plug-in, um portefólio alinhado com políticas europeias de descarbonização.

A BYD apresenta assim um posicionamento claro: combinar oferta diversificada, fabrico localizado e malha de vendas ampliada para ganhar escala europeia de forma acelerada.

2. Mudança Estrutural no Modelo de Financiamento: O Fim do Dilian

A 14 de novembro de 2025, fontes avançaram que a BYD pretende abandonar o sistema interno de pagamentos Dilian, um instrumento que se tornou central na sua ascensão. O sistema permitia à empresa emitir IOUs eletrónicos, mantidos fora da regulação direta, que podiam ser usados para pagar fornecedores ou circular informalmente na cadeia de valor.

A decisão surge num contexto simultaneamente competitivo e regulatório:

  • A guerra de preços no mercado automóvel chinês aumentou drasticamente a pressão sobre fornecedores.
  • Os prazos de pagamento prolongaram-se a BYD registou em 2024 uma média de 127 dias, face aos 108 dias do sector.
  • Reguladores chineses introduziram novas regras (em vigor desde junho) impondo pagamento em até 60 dias, e limitando o uso de instrumentos não monetários.
  • Autoridades financeiras reforçaram ainda a supervisão sobre sistemas de financiamento da cadeia de valor, com um período de transição de dois anos para ajustamento.

O Dilian, apesar de vantajoso para a liquidez da BYD, permitindo maiores reservas de caixa e menor recurso a financiamento externo, tornou-se mais oneroso e arriscado para os fornecedores. Descontos para liquidação antecipada podiam atingir 6%, mais do triplo das taxas associadas a notas bancárias (<2%). Além disso, os IOUs Dilian circulavam mesmo fora da cadeia de fornecedores, levantando preocupações sistémicas.

Este potencial abandono representa assim uma inflexão importante na estrutura financeira da BYD, com impacto direto na sua capacidade de gestão de liquidez e de financiamento operacional.

3. Pressões Operacionais no Mercado Doméstico Chinês

As dificuldades no mercado interno tornam a mudança no sistema de pagamentos ainda mais significativa. O desempenho recente da BYD aponta para um ambiente de maior fragilidade:

  • Vendas de outubro -12% em termos homólogos.
  • Quota doméstica cai para 13,2%, face aos 19,1% registados um ano antes.
  • Receitas -3% no último trimestre, marcando a primeira queda em mais de cinco anos.
  • Lucros recuam um terço.

A deterioração do momento operacional coincide com investimentos substanciais na Europa e com a necessidade de adaptar o modelo de financiamento às novas regras chinesas. A transição para instrumentos regulados, como papel comercial e notas bancárias, poderá aumentar custos financeiros e reduzir a flexibilidade de tesouraria, especialmente num ciclo de expansão internacional intensiva.

Há ainda riscos adicionais associados às estimativas independentes de dívida líquida ajustada: a GMT Research aponta para 323 mil milhões CNY, face aos 27,7 mil milhões CNY reportados, devido ao peso do financiamento via cadeia de fornecimento.

Conclusão

Os desenvolvimentos de novembro mostram uma BYD numa encruzilhada estratégica:
por um lado, em plena expansão acelerada na Europa, consolidando presença industrial e comercial; por outro, a enfrentar pressões significativas na China, tanto operacionais como regulatórias.

A retirada do sistema Dilian simboliza um ajustamento profundo na gestão financeira, com potenciais impactos sobre margens e liquidez. Em simultâneo, a ambição europeia exige investimento pesado, execução rápida e robustez de balanço.

A conjugação destes fatores coloca a BYD numa fase crítica: conseguir sustentar o crescimento internacional num momento em que enfrenta a maior pressão competitiva e regulatória dos últimos anos no seu mercado doméstico.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre os Earnings (Resultados) da BYD, formato “News”, atualizado com informações até 17 de Novembro de 2025. Categorias: Transporte. Classe de Ativos: Ações. Tags: Acionista, BYD, China, Transporte, Automóveis, Veículos elétricos)

Avatar photo
About The Investment - Team 2911 Articles
A The Investment Team é a equipa editorial responsável pela coordenação e publicação dos conteúdos do The Investment. Saiba mais em theinvestment.pt/the-investment-team/