Canadá, Inflação – 19 Mar 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia do Canadá. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


Inflação no Canadá Sobe para 2,6% em Fevereiro, Superando Expectativas

Destaques (18 Mar 25)

  • Inflação anual do Canadá subiu para 2,6% em fevereiro, acima das previsões de 2,2%.
  • Fim da isenção fiscal impulsionou preços, com impacto direto na inflação geral.
  • CPI-median e CPI-trim subiram para 2,9%, indicando pressão inflacionária subjacente.
  • Banco do Canadá (BoC) pode interromper ciclo de cortes nas taxas, após sete reduções consecutivas.
  • Dólar canadiano valorizou-se após os dados, enquanto os rendimentos das obrigações a dois anos subiram 5,7 pontos base.

Inflação Regista Maior Aumento em Oito Meses

A inflação no Canadá registou um aumento inesperado para 2,6% em fevereiro, superando a previsão dos analistas de 2,2% e marcando a primeira vez em sete meses que a inflação ultrapassa a meta de 2% do Banco do Canadá (BoC).

Os dados, divulgados pelo Statistics Canada a 18 de março de 2025, mostram que a pressão inflacionária foi intensificada pelo fim de uma isenção fiscal em meados de fevereiro, além da subida generalizada dos preços em várias categorias de bens e serviços.

Segundo o Statistics Canada, sem o impacto do fim da isenção fiscal, a inflação teria sido de 3%, reforçando os sinais de que a inflação subjacente continua a ganhar força.

Impacto nos mercados e política monetária

A surpresa inflacionária levou a uma revisão das expectativas do mercado quanto aos cortes das taxas de juro. Antes da divulgação dos dados, 58% dos traders previam que o BoC manteria os cortes na próxima reunião, mas essa estimativa subiu para 62% após o anúncio.

O dólar canadiano valorizou-se ligeiramente, subindo 0,06% para 1,4283 por dólar americano (70,01 cêntimos USD). Já os rendimentos das obrigações do governo a dois anos dispararam 5,7 pontos base para 2,596%, refletindo a expectativa de que o BoC possa adotar uma postura mais cautelosa quanto a cortes adicionais nas taxas.

Após anunciar a sétima redução consecutiva das taxas de juro, para 2,75%, o governador do BoC, Tiff Macklem, alertou para os desafios que as tarifas comerciais impostas pelos EUA podem representar para a inflação.

“Não podemos permitir que o problema das tarifas se transforme num problema de inflação”, disse Macklem, sugerindo que o banco central poderá precisar de interromper os cortes nas taxas para conter novas pressões sobre os preços.

Setores que mais contribuíram para a inflação

O aumento da inflação foi generalizado, com quase todos os itens do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) a registar subida. Os principais fatores que impulsionaram os preços foram:

  • Alimentação fora de casa: Principal responsável pelo aumento do CPI, com os preços dos restaurantes a subirem acentuadamente após o fim da isenção fiscal.
  • Roupas e calçado: Registaram um aumento anual de 1,4%.
  • Álcool: Também pressionado pelo fim da isenção fiscal.
  • Transporte: Aumento de 3% face ao ano anterior, refletindo preços mais elevados dos combustíveis e do transporte público.
  • Custos habitacionais: Subida de 4,2%, evidenciando o impacto contínuo da inflação no setor da habitação.

Inflação subjacente e implicações para o BoC

Apesar da distorção causada pelo fim da isenção fiscal, os economistas destacam que os indicadores de inflação subjacente também subiram, o que sugere que a inflação não está a abrandar tão rapidamente quanto o esperado.

Os dois indicadores preferidos do Banco do Canadá para medir a inflação subjacente – o CPI-median e o CPI-trimsubiram para 2,9% em fevereiro, face aos 2,7% registados em janeiro.

Essa subida reforça a posição de economistas como Royce Mendes, chefe de estratégia macroeconómica do Desjardins, que defende que o Banco do Canadá deve interromper os cortes nas taxas para evitar reacender a inflação.

“O BoC deve agora fazer uma pausa nos cortes das taxas, pois conter a inflação continua a ser a sua principal prioridade,” afirmou Mendes.

O próprio BoC já havia projetado uma inflação de 2,5% para março, indicando que os preços poderão continuar sob pressão devido à incerteza gerada pelas tarifas comerciais dos EUA e potenciais medidas de retaliação do Canadá.

Conclusão

A inflação no Canadá voltou a surpreender em fevereiro, ultrapassando a marca de 2% pela primeira vez em sete meses e levando o mercado a reavaliar as expectativas de cortes adicionais das taxas de juro.

A subida dos preços foi impulsionada pelo fim da isenção fiscal, mas a inflação subjacente também acelerou, com o CPI-median e o CPI-trim a atingirem 2,9%, sugerindo que a pressão inflacionária pode persistir nos próximos meses.

Com o Banco do Canadá a já ter reduzido as taxas sete vezes consecutivas, os economistas começam agora a defender que o ciclo de cortes pode ser interrompido temporariamente para evitar que a inflação se descontrole.

O foco estará agora na próxima decisão do BoC e nos dados de março, que irão determinar se o banco central precisará de manter as taxas estáveis por mais tempo ou adotar uma abordagem mais agressiva caso a inflação continue a subir.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre PIB do Canadá, formato “Geral”, atualizado com informações até 18 de Março de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Inflação, Inflação no Consumidor, CPI, Canadá)