Canadá, Inflação – 20 Out 25

Inflação canadiana desacelera e reforça perspetivas de corte de taxas pelo Bank of Canada


Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com a inflação do Canadá. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.


Strategic Highlights – 16 setembro 2025

  • Inflação anual de 1,9% em agosto, ligeiramente abaixo das previsões de 2%.
  • CPI mensal -0,1%, refletindo abrandamento generalizado nos preços.
  • Medidas centrais CPI-trim e CPI-median estabilizam em torno de 3%, ainda no limite superior da meta.
  • Probabilidade de corte de 25 pb em setembro atinge 97%, segundo os mercados.
  • Gasolina e habitação continuam a ser os principais moderadores da inflação, com impacto acumulado desde maio.

Nota de Contexto

O Bank of Canada (BoC) tem estado num ciclo prolongado de flexibilização monetária, iniciado em meados de 2024, com reduções sucessivas que colocaram a taxa diretora em 2,75%. Este processo refletiu o abrandamento económico pós-pandemia, o recuo das pressões energéticas e a desaceleração no setor imobiliário. A meta do BoC é manter a inflação entre 1% e 3%, com foco particular nas métricas subjacentes (CPI-trim e CPI-median) como referência para decisões de política.

1. Ponto de Partida: Estabilização em Maio

Em maio de 2025, a inflação manteve-se em 1,7%, sem alteração face a abril.

  • O CPI mensal subiu 0,6%, impulsionado por custos sazonais de energia e viagens.
  • O preço da gasolina caiu 15,5% em termos homólogos, após um recuo de 18,1% em abril.
  • Os custos de habitação (30% da cesta do CPI) cresceram 3%, abrandando face aos 3,4% de abril.
  • As medidas centrais (CPI-trim e CPI-median) desceram para 3%, o limite superior da meta do banco central.

Economistas alertaram que a estabilidade da inflação colocava “pressão sobre o próximo relatório do PIB”, dado que a economia dava sinais de perda de tração. Com base nestes números, os mercados atribuíram 68% de probabilidade de manutenção da taxa em 2,75% na reunião de 30 julho 2025.

2. Julho: Persistência da moderação

Em julho, o ritmo de preços manteve-se contido, com inflação de 1,7%.

  • A queda homóloga da gasolina (-16,1%) foi o principal fator de contenção.
  • Excluindo combustíveis, o CPI aumentou 2,5%, evidenciando alguma rigidez nos preços básicos.
  • A média móvel de três meses das medidas centrais desceu para 2,4%, o valor mais baixo desde setembro de 2024.
  • Os custos da habitação subiram 3%, refletindo ainda pressões residuais nas rendas e juros hipotecários.

O economista Doug Porter (BMO Capital Markets) notou que, se o ritmo das medidas centrais se mantiver, “isso abrirá caminho para cortes futuros”, embora reconhecendo a volatilidade potencial dos dados mensais.
O mercado elevou para 40% a probabilidade de uma redução em setembro, num contexto de desaceleração visível da procura interna e moderação dos preços alimentares.

3. Agosto: Inflação abaixo das previsões e viragem monetária

O relatório de agosto confirmou a tendência de moderação. A inflação subiu 1,9%, face a 1,7% em julho, mas abaixo das expectativas (2%).

  • O CPI mensal recuou 0,1%, refletindo contração em transporte e habitação.
  • A gasolina subiu 1,4% mensal, mas caiu 12,7% em termos anuais, comparado com -16,1% em julho.
  • Alimentos +3,4%, com destaque para carne (+7,2%).
  • O CPI-trim caiu para 3% (de 3,1%), e o CPI-median manteve-se em 3,1%.
  • A parcela da cesta de bens com aumentos acima de 3% subiu para 39,1%, face a 37,3% em julho, sinal de inflação de base ainda resiliente.

Apesar desta resistência, a tendência geral é de arrefecimento, o que levou o economista Andrew Grantham (CIBC Capital Markets) a afirmar que o corte de 25 pontos base “é uma decisão fácil”.
Os mercados passaram a atribuir 97% de probabilidade a uma redução na reunião de 17 setembro 2025, com expectativa adicional de novo corte em outubro.

4. Dinâmica de Política Monetária

Desde março de 2025, o BoC manteve a taxa de referência em 2,75%, após um ciclo de nove cortes acumulando 225 pontos base em 12 meses.
Os dados recentes, inflação contida, desaceleração do crédito e arrefecimento do mercado laboral, consolidaram o cenário de retoma dos cortes.

O dólar canadiano apreciou 0,13% após a divulgação de setembro, fixando-se em 1,3761 CAD/USD, enquanto os rendimentos das obrigações a dois anos subiram marginalmente para 2,51%.
Estes movimentos indicam que os investidores já antecipam uma política monetária mais acomodatícia, mas sem deterioração abrupta da confiança económica.

Conclusão

Entre junho e setembro de 2025, a inflação no Canadá permaneceu consistentemente abaixo de 2%, sustentando o argumento para uma política monetária mais flexível.
A remoção da taxa de carbono, a queda nos combustíveis e a moderação no mercado imobiliário foram os principais fatores de estabilização.

Contudo, o núcleo da inflação, ainda em torno de 3%, impede um ciclo agressivo de cortes.
O Bank of Canada deverá prosseguir com reduções graduais até final de 2025, visando apoiar o crescimento sem reacender pressões inflacionistas.

A evolução do PIB do 3.º trimestre e o comportamento do mercado laboral serão determinantes para calibrar a trajetória das taxas no final do ano.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre Inflação do Canadá, formato “Geral”, atualizado com informações até 16 de Setembro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, Inflação, Inflação no Consumidor, CPI, Canadá)

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