PMI do Canadá melhora em junho, mas divergência entre sectores revela fragilidade económica

Ivey PMI regista recuperação significativa

O índice Ivey PMI, que mede a atividade económica geral com base em compras de gestores canadianos, subiu para 62,5 em junho de 2025, o valor mais alto desde fevereiro, indicando uma expansão sólida da atividade no mês. Esta leitura representa uma clara melhoria face aos 53,5 registados em maio e sugere uma retoma pontual da procura doméstica, apesar da incerteza externa.

Este indicador contrasta com a fragilidade revelada nos PMI setoriais, mostrando que a economia como um todo beneficia de alguns segmentos mais resilientes, nomeadamente ligados ao consumo interno e serviços públicos.

Serviços continuam em contração prolongada

O PMI dos serviços caiu para 47,2 em junho, abaixo da marca dos 50 pontos pelo nono mês consecutivo. A atividade continua a ser prejudicada por incertezas políticas e receios em torno das tarifas comerciais com os EUA, destino de cerca de 75% das exportações canadianas.

O setor de serviços tem sido particularmente afetado por uma quebra persistente no volume de novos negócios e pressão sobre os preços, com muitas empresas a reportarem dificuldade em manter margens num contexto de custos elevados e procura instável.

Indústria melhora ligeiramente, mas mantém-se em retração

O PMI da indústria transformadora subiu para 49,3 em maio, melhorando face aos 45,3 registados em abril, mas ainda abaixo da linha que separa crescimento de contração. Embora se tenha verificado uma recuperação modesta na produção, as novas encomendas continuam fracas e o pessimismo sobre o futuro permanece elevado.

A indústria continua a lidar com os efeitos de tarifas aplicadas pelos EUA sobre automóveis, aço e alumínio, bem como atrasos logísticos e custos elevados de matérias-primas, sobretudo metais.

Impacto económico e implicações de política monetária

O Banco do Canadá tem monitorizado de perto os efeitos das tensões comerciais na inflação e no crescimento. Embora os dados do Ivey PMI de junho sugiram alguma aceleração, a persistência de leituras abaixo de 50 nos serviços e na indústria levanta dúvidas sobre a força da retoma.

Analistas consideram provável que o banco central mantenha uma abordagem prudente quanto à política de taxas de juro, evitando cortes agressivos enquanto persistirem sinais mistos na economia real.

Conclusão

Os dados de junho de 2025 revelam uma economia canadiana em transição, com sinais pontuais de recuperação, mas sem consistência sectorial. A subida do Ivey PMI é positiva, mas a fraqueza persistente nos serviços e na indústria sublinha os riscos de uma recuperação desigual. O ambiente externo, em particular a guerra comercial com os EUA, continua a ser o principal entrave a uma retoma mais robusta. As decisões futuras do Banco do Canadá dependerão da evolução destes indicadores no terceiro trimestre.