China, Desafios e Estímulos – 10 Out 24

Os Estímulos da China: Medidas Fiscais e Monetárias para Revitalizar o Crescimento Económico

O Banco Popular da China (PBoC) tomou recentemente medidas decisivas para impulsionar a economia, ao baixar as taxas de juro e injetar liquidez no sistema bancário. Esta resposta surge num momento crítico, à medida que Pequim enfrenta desafios económicos consideráveis, incluindo uma crise imobiliária prolongada e sinais de deflação. O banco central cortou o rácio de reservas obrigatórias (RRR) em 50 pontos base, libertando 1 bilião de yuans (cerca de 142,5 mil milhões de dólares) no sistema bancário, com os cortes a entrarem em vigor na sexta-feira. Pan Gongsheng, governador do PBoC, sugeriu que novas reduções da RRR poderão ocorrer ainda este ano, uma indicação rara de possíveis ações futuras.

Foco nas Medidas Fiscais

Apesar dos cortes nas taxas de juro, os investidores e economistas estão a concentrar-se principalmente nas próximas medidas fiscais, dado que a procura por crédito continua fraca, tanto por parte das famílias como das empresas. Pequim deverá anunciar em breve um pacote robusto de estímulos fiscais, que inclui a emissão de obrigações especiais no valor de 1 bilião de yuans (aproximadamente 142,5 mil milhões de dólares). Parte desse valor será destinado a subsídios para um programa de substituição de bens de consumo e modernização de equipamento empresarial.

Além disso, o governo planeia introduzir um subsídio mensal de cerca de 800 yuan (114 dólares) por criança para agregados familiares com dois ou mais filhos, numa tentativa de incentivar o consumo interno e apoiar famílias com múltiplos dependentes. Esta mudança reflete uma nova direção nas políticas de estímulo, mais voltada para o consumo, uma área em que a China tem tido dificuldades em fazer progressos.

Apoio às Administrações Locais e aos Bancos

Outro bilião de yuans será angariado através de uma emissão especial de dívida para ajudar as administrações locais a resolver os seus crescentes problemas de endividamento. Atualmente, a dívida das administrações locais ronda os 13 biliões de dólares, o que sobrecarrega os governos regionais e limita a sua capacidade de investimento.

Além disso, a Bloomberg News noticiou que Pequim considera injetar até 1 bilião de yuans de capital nos seus maiores bancos estatais, uma medida que visa reforçar o sistema bancário e garantir a continuidade do crédito em momentos de fragilidade económica.

O Desafio do Consumo Interno

As despesas das famílias chinesas representam menos de 40% da produção económica anual, um valor significativamente inferior à média global, que se situa cerca de 20 pontos percentuais acima. Em contraste, o investimento em infraestruturas e outros projetos continua elevado, mas os retornos têm vindo a diminuir, enquanto sobrecarregam as finanças públicas com níveis crescentes de dívida. Com os novos estímulos fiscais, Pequim parece tentar corrigir este desequilíbrio, apostando agora em aumentar o consumo interno, uma mudança de estratégia que há muito era necessária, mas que até agora se revelou difícil de implementar de forma eficaz.

A Crise Imobiliária e os Esforços de Recuperação

Outro ponto central nas reformas é a estabilização do mercado imobiliário, um setor que tem sido uma fonte significativa de problemas para a economia chinesa. Durante a última reunião do Politburo, os líderes comprometeram-se a revitalizar este mercado, alargando a lista de projetos de habitação elegíveis para financiamento e reabilitando terrenos ociosos.

As megacidades de Xangai e Shenzhen estão a eliminar as restrições ao número de imóveis que os residentes podem comprar, juntando-se a outras cidades chinesas que adotaram medidas semelhantes para tentar travar o colapso do mercado imobiliário. Pequim, por sua vez, também está a considerar levantar restrições semelhantes de forma gradual.

Sinais de Urgência

A reunião de setembro do Politburo, que normalmente não se concentra em questões económicas, refletiu uma crescente preocupação entre os dirigentes chineses com o rumo da economia. Segundo uma análise do BNP Paribas, “A última reunião do Politburo dá-nos uma sensação de urgência, sugerindo que os principais dirigentes da China estão cada vez mais preocupados com a atual situação económica”.

Com as novas medidas a serem implementadas, a China procura equilibrar a sua economia e evitar um abrandamento mais profundo. Embora as ações recentes reflitam uma resposta vigorosa, resta saber se serão suficientes para atingir a meta de crescimento de 5% e restaurar a confiança dos consumidores e investidores.

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