
Imobiliário na China continua em queda, mas ritmo de descida abranda nas grandes cidades
Aqui pode acompanhar as últimas informações relacionadas com o Imobiliário na China. Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos da atividade económica mais relevantes que impactam esta economia e mundo, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.
Strategic Highlights (15 de agosto de 2025)
- Preços das casas novas na China caíram em julho pela décima primeira vez consecutiva, embora a um ritmo mais lento nas cidades de topo.
- Em maio de 2025, os preços desceram 0,7% face ao mês anterior e 3,9% em termos anuais, prolongando uma queda de dois anos.
- Em fevereiro de 2025, os preços caíram 0,1% no mês e 4,8% em termos homólogos, com descidas em todas as categorias de cidades (tier-one, tier-two e tier-three).
- O investimento imobiliário caiu 9,8% e as vendas recuaram 5,1% no acumulado de janeiro e fevereiro de 2025; os novos projectos registaram uma queda acentuada de 29,6%.
- O governo chinês está a implementar políticas específicas por cidade para reanimar o sector, mas problemas estruturais como o envelhecimento populacional, excesso de stock e fraca confiança persistem.
- A fraca procura no sector imobiliário continua a penalizar mercados adjacentes como o aço e o minério de ferro, refletindo-se numa menor procura por materiais de construção.
Preços continuam em queda, mas ritmo desacelera nas principais cidades
Segundo os dados de julho de 2025, os preços das casas novas caíram pelo 11.º mês consecutivo, refletindo a persistente fraqueza do mercado. No entanto, o ritmo da descida abrandou nas cidades de primeiro nível (“tier-one”), sinalizando uma possível estabilização parcial.
Em maio de 2025, os preços recuaram 0,7% em termos mensais e 3,9% face ao mesmo mês do ano anterior. Já em fevereiro, a descida mensal foi de 0,1%, com uma queda homóloga de 4,8%, ligeiramente inferior à de janeiro.
Analistas sublinham que, apesar destes números, os preços oficiais podem não refletir totalmente as pressões do mercado devido a controles informais de preços impostos por governos locais para evitar correções mais abruptas.
Segmento de revenda e construção também em retração
O segmento de habitação usada (revenda) registou também quedas consistentes, com descidas verificadas em todas as categorias de cidades, incluindo grandes centros urbanos como Pequim e Xangai.
No conjunto dos dois primeiros meses de 2025, os dados oficiais mostram:
- Queda de 9,8% no investimento imobiliário;
- Redução de 5,1% nas vendas de imóveis;
- Colapso de 29,6% no arranque de novas construções, acentuando o recuo de 23,0% registado em 2024.
Estas quedas reforçam a tendência de travagem nos lançamentos de novos projetos, com os promotores a tornarem-se cada vez mais seletivos nas localizações onde decidem construir.
Contexto económico e origem da crise
A crise do sector teve origem no aperto regulatório de 2021 sobre os níveis de endividamento dos promotores, o que levou a um colapso de liquidez, projetos por terminar e uma quebra generalizada da confiança dos compradores.
O imobiliário, que chegou a representar cerca de 25% do PIB chinês, tornou-se um dos principais obstáculos à recuperação económica pós-COVID, agravando os efeitos de:
- Confiança do consumidor em mínimos;
- Desaceleração da economia global;
- Pressões comerciais com os EUA (tarifas sobre exportações).
Problemas estruturais como a estagnação dos rendimentos, o envelhecimento demográfico e o excesso de stock de imóveis mantêm a procura reprimida, apesar das intervenções estatais.
Medidas do governo e perspetivas
O governo chinês tem reiterado a prioridade de estabilizar o sector imobiliário ao longo de 2025, adotando medidas específicas por cidade, como:
- Ajustes às restrições de compra de casa;
- Incentivos para aquisição da primeira habitação e substituição por casas de melhor qualidade.
No entanto, segundo Lynn Song, economista-chefe do ING para a Grande China, o cenário mais provável é uma recuperação em forma de “L”, e não em “V” ou “U”. A recuperação será lenta, desigual e dependente de estímulos sustentados, incluindo eventual melhoria da confiança e normalização dos stocks.
Zhang Dawei, analista da Centaline Property, acrescenta que a recuperação depende da estabilidade do emprego e da perceção de rendimento futuro, mais do que apenas da política de crédito.
Efeitos colaterais no sector de matérias-primas
A fraqueza do sector imobiliário chinês tem tido efeitos diretos noutras áreas, nomeadamente no mercado de minério de ferro e aço. Em maio de 2025, os futuros do minério de ferro registaram perdas semanais consecutivas, com os traders a ajustarem as posições devido à procura mais fraca por aço ligada ao abrandamento da construção.
Este abrandamento no imobiliário, por sua vez, também reduz o impulso para a recuperação industrial interna e pode comprometer os objetivos de crescimento mais amplos da China para o segundo semestre do ano.
Conclusão
O mercado imobiliário chinês permanece sob forte pressão em 2025, com quedas persistentes nos preços, investimento e construção, apesar de algum abrandamento nas perdas nas grandes cidades. As medidas de estímulo têm tido efeito limitado, sendo travadas por fatores estruturais como o excesso de oferta, o enfraquecimento demográfico e a fraca confiança dos consumidores.
A recuperação parece cada vez mais dependente de medidas específicas, estímulos prolongados e normalização do stock antes que os promotores retomem a atividade de forma sustentada. Enquanto isso, os efeitos negativos continuam a espalhar-se para setores adjacentes como o do aço e dos materiais de construção, tornando o imobiliário uma peça central no desafio da China para estabilizar a sua economia em 2025.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre o setor Imobiliário na China, formato “Geral”, atualizado com informações até 15 de Julho de 2025. Categoria: Economia. Classe de Ativos: N/A. Tags: Economia, China, Imobiliário)