China, Inflação – 11 Abr 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia da China. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


Inflação da China recua em Março com impacto das tarifas a pesar no consumo

Destaques (10 de Abril de 2025)

  • O índice de preços no consumidor caiu 0,1% em Março, a segunda queda consecutiva.
  • A deflação industrial agravou-se, com o índice de preços à produção a cair 2,5%.
  • A guerra comercial com os EUA intensificou os receios sobre excesso de oferta e queda dos preços internos.
  • Pequim deverá anunciar novos estímulos fiscais para combater a desaceleração económica.
  • O crescimento do PIB está em risco, com os contributos líquidos das exportações a tornarem-se negativos.

Inflação sob pressão no início do ano

A inflação na China voltou a terreno negativo em Março, numa altura em que a intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos começa a deixar marcas no consumo e nas exportações. O índice de preços no consumidor (CPI) recuou 0,1% em termos homólogos, uma desaceleração face à queda de 0,7% registada em Fevereiro, segundo dados do Gabinete Nacional de Estatísticas (NBS).

Embora menos acentuada, a descida foi inferior ao esperado, os analistas consultados pela Reuters apontavam para uma estabilização dos preços. Em termos mensais, o CPI caiu 0,4%, face a uma descida de 0,2% no mês anterior.

O índice de preços à produção (PPI), que mede os preços praticados à saída das fábricas, agravou a sua queda para 2,5% em Março, o pior registo dos últimos quatro meses. A pressão vem sobretudo do recuo dos preços internacionais do petróleo e da normalização sazonal da procura energética com o fim do aquecimento de inverno.

Guerra comercial agrava os riscos de deflação

A fraqueza dos preços surge numa semana marcada por forte instabilidade nos mercados, após a entrada em vigor das tarifas generalizadas dos EUA sobre os seus principais parceiros comerciais. Apesar de um recuo parcial no dia anterior, o Presidente norte-americano Donald Trump manteve e até reforçou as tarifas sobre as importações chinesas, elevando a tensão entre as duas maiores economias do mundo.

Julian Evans-Pritchard, economista-chefe para a China na Capital Economics, alertou que a pressão deflacionista deverá intensificar-se nos próximos meses, à medida que se torna mais difícil para as empresas chinesas escoarem os seus excedentes através da exportação. A isto junta-se a recente queda dos preços das matérias-primas.

A inflação subjacente (excluindo alimentos e energia) aumentou 0,5% em termos homólogos, revertendo a queda de 0,1% registada em Junho, o que sugere alguma resiliência em certos segmentos da procura interna.

Pequim prepara novos estímulos ao consumo

Com o contributo líquido das exportações a virar negativo, o governo chinês tem colocado a ênfase no consumo interno como motor alternativo de crescimento. A meta oficial de crescimento do PIB mantém-se em “cerca de 5%”, mas os dados mais recentes lançam dúvidas sobre a sua concretização.

Para contrariar a tendência, a China deverá avançar com novas medidas de estímulo fiscal, incluindo expansão dos subsídios à renovação de bens de consumo, apoio às famílias com crianças e transferências para os agregados de baixo rendimento. O Citi estima um pacote fiscal adicional entre 1 e 1,5 biliões de yuans (cerca de 136 a 204 mil milhões de dólares).

Entretanto, os reguladores financeiros já ordenaram aos bancos a flexibilização dos limites de crédito ao consumo e dos prazos de pagamento dos empréstimos, numa tentativa de travar a queda do consumo privado.

Conclusão

A inflação negativa e o agravamento da deflação industrial em Março são mais um sinal da fragilidade da recuperação económica da China, exposta a choques externos como as tarifas norte-americanas e à debilidade da procura interna. Embora Pequim sinalize vontade de intervir com medidas fiscais e de estímulo ao consumo, há dúvidas quanto à sua eficácia total num contexto de queda nas exportações e abrandamento global. A evolução da inflação nos próximos meses será determinante para avaliar se o governo conseguirá sustentar a meta de crescimento económico em 2025.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação da China, formato “Geral”, atualizado com informações até 10 de Abril de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, China, Inflação)