Resultados de agosto

Os dados divulgados pelo National Bureau of Statistics em 10 de setembro de 2025 revelaram uma aceleração da pressão deflacionista no consumo. O CPI caiu 0,4% em termos homólogos, a maior descida em seis meses, refletindo sobretudo a forte queda de 4,3% nos preços dos alimentos, após um recuo de 1,6% em julho.

Em contraste, a vertente “core” do CPI, que exclui alimentos e energia, aumentou 0,9% face a agosto de 2024, um valor que não se verificava desde fevereiro de 2023, sinalizando alguma recuperação na procura de bens e serviços fora dos setores mais voláteis.

No setor industrial, o PPI recuou 2,9%, um alívio face à contração de 3,6% no mês anterior. Apesar da melhoria, este foi o 36.º mês consecutivo em terreno negativo, refletindo margens comprimidas e fraca confiança no setor transformador.

Contexto de julho

Os números de julho de 2025 já antecipavam dificuldades crescentes. O CPI manteve-se inalterado (0,0%), interrompendo uma sequência de quedas, enquanto o PPI caiu 2,6%, igualando o mínimo de quase dois anos registado em junho. A vertente “core” atingiu, contudo, um máximo de 17 meses, sugerindo que os estímulos internos começavam a ter impacto parcial.

Apesar disso, a procura doméstica continuou limitada pela fragilidade do setor imobiliário e pelas tensões externas, em especial a incerteza em torno do comércio global.

Impacto de políticas e medidas

O governo chinês intensificou em agosto as medidas de contenção da guerra de preços em setores como o automóvel, impondo restrições adicionais para evitar cortes excessivos que comprimem margens industriais. Foram ainda anunciados subsídios a créditos ao consumo e apoios a empresas em setores de serviços, como turismo e restauração, numa tentativa de reforçar o dinamismo da procura interna.

Mesmo assim, os analistas sublinham que a trajetória de recuperação continua frágil, condicionada por sobrecapacidade industrial, pelo arrefecimento da procura global e pelas pressões resultantes da fraqueza prolongada do mercado imobiliário chinês.

Perspetivas

O alívio parcial no PPI sugere que os esforços de Pequim para conter a deflação industrial podem estar a produzir efeitos iniciais. No entanto, a persistência de um CPI negativo demonstra que a confiança do consumidor continua limitada e que os estímulos ainda não são suficientes para inverter a tendência.

A manutenção de medidas de apoio ao consumo e a estabilização do setor imobiliário serão determinantes para evitar que a economia entre numa espiral deflacionista prolongada. O risco de um ambiente de preços persistentemente baixos, conjugado com exportações em queda, mantém-se como um dos maiores desafios para a segunda maior economia mundial.

Conclusão

A inflação na China entrou em terreno negativo em agosto de 2025, com o CPI a cair 0,4% e os preços dos alimentos a recuarem 4,3%, mesmo com a recuperação do core CPI para 0,9%. O PPI, em -2,9%, revelou algum alívio face ao mês anterior, mas continua a pesar sobre a rentabilidade industrial. O equilíbrio entre medidas de estímulo ao consumo, disciplina industrial e estabilização do setor imobiliário será crucial para determinar se a economia chinesa consegue evitar uma deflação prolongada nos próximos meses.

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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Inflação da China, formato “Geral”, atualizado com informações até 10 de Setembro de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, China, Inflação)