
Aqui pode acompanhar as últimas noticias relacionadas com discursos de membros dos bancos centrais fora do âmbito das comunicações oficiais dos próprios bancos centrais. Este tipo de discurso é fundamental para ajudar a entender a futura orientação da política monetária.
China Mantém Taxas de Juro Inalteradas e Dá Prioridade à Estabilidade Monetária
DESTAQUES (20 de fevereiro de 2025)
- Banco Popular da China (PBOC) mantém taxas de juro de referência inalteradas, priorizando a estabilidade financeira.
- A taxa principal de empréstimo a um ano (LPR) fixa-se em 3,10%, enquanto a LPR a cinco anos permanece em 3,60%.
- Expansão do crédito desacelera, apesar de um forte aumento dos novos empréstimos em janeiro.
- Yuan regista perdas de 2,4% contra o dólar desde a vitória de Trump, pressionado pela incerteza comercial.
- Governo chinês adota postura cautelosa face ao risco de escalada da guerra comercial com os EUA.
China Mantém Política Monetária Cautelosa
O Banco Popular da China (PBOC) optou por manter as suas taxas de juro de referência inalteradas na fixação mensal desta quinta-feira, refletindo uma abordagem prudente na condução da política monetária.
A decisão era amplamente esperada pelo mercado, com os analistas a anteciparem que o governo chinês priorizaria a estabilidade monetária e financeira, num momento em que o país enfrenta desafios internos e externos.
A taxa de empréstimo a um ano (LPR) manteve-se em 3,10%, enquanto a taxa a cinco anos permaneceu nos 3,60%. Estas taxas influenciam diretamente os custos de financiamento para empresas e consumidores, sendo um importante instrumento de estímulo económico.
Pressões do Mercado e Expansão Moderada do Crédito
A manutenção das taxas ocorre num contexto de dificuldades no crescimento do crédito, apesar do forte aumento dos novos empréstimos concedidos pelos bancos chineses em janeiro.
Foram registados 5,13 biliões de yuans (cerca de 704,35 mil milhões de dólares) em novos empréstimos, um valor que quadruplicou face a dezembro e superou as expectativas dos analistas. No entanto, o ritmo de crescimento anual dos empréstimos atingiu um mínimo histórico, evidenciando uma procura de crédito fraca no meio de incertezas económicas.
Além disso, a recente desvalorização do yuan reforça as limitações do PBOC para estimular a economia através de cortes agressivos nas taxas de juro. Desde a vitória de Donald Trump nas eleições de novembro, a moeda chinesa perdeu 2,4% contra o dólar, refletindo preocupações sobre o impacto de novas tarifas comerciais impostas pelos EUA.
Tensões Comerciais com os EUA e Impacto na Política Monetária
O banco central chinês enfrenta ventos contrários externos, particularmente com o regresso de Donald Trump à presidência dos EUA e o aumento das tensões comerciais.
Trump já anunciou uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas, como parte de uma estratégia para reduzir o défice comercial dos EUA. A China, por sua vez, prepara medidas de retaliação, o que poderá agravar ainda mais a pressão sobre o yuan.
Durante o primeiro mandato de Trump, entre 2018 e 2020, uma série de tarifas impostas pelos EUA e contra-medidas chinesas desvalorizaram o yuan em mais de 12% contra o dólar, um cenário que Pequim pretende evitar desta vez.
Perspectivas para a Política Monetária da China
A decisão do PBOC de não cortar as taxas agora sugere que as autoridades chinesas procuram manter uma abordagem mais calibrada na flexibilização da política monetária, de forma a equilibrar a necessidade de estímulo com a preservação da estabilidade do sistema financeiro.
Segundo Wang Qing, analista da Golden Credit Rating, o PBOC deverá recorrer a reduções moderadas nas taxas de depósito e à recapitalização dos bancos, aliviando a pressão sobre as margens de lucro das instituições financeiras.
Apesar das incertezas, Wang acredita que as futuras decisões da Reserva Federal dos EUA e as oscilações do yuan não terão um impacto material na estratégia do banco central chinês, que continuará a implementar uma política monetária flexível e ajustada às condições do mercado.
Conclusão
O Banco Popular da China opta por uma abordagem prudente, mantendo as taxas de juro de referência estáveis e monitorizando de perto os riscos externos, nomeadamente a política comercial dos EUA.
A economia chinesa continua a enfrentar desafios, com um crescimento do crédito lento, desvalorização do yuan e tensões comerciais crescentes. No entanto, Pequim parece comprometida com uma estratégia de estímulo gradual, evitando medidas drásticas que possam comprometer a estabilidade financeira a longo prazo.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre a Política Monetária da China, formato “Geral”, atualizado com informações até 20 de Fevereiro de 2025. Categorias: Política Monetária. Tags: Política Monetária, PBOC, Banco Central, Taxa de Juro, China)