Computação Quântica em 2025 – 16 Out 25

Computação Quântica em 2025: Entre a Promessa e a Pragmática da Era NISQ


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Strategic Highlights – 15 outubro 2025

  • A computação quântica entrou na Era da Utilidade: hardware real, ainda ruidoso, mas já com aplicações limitadas em simulação e otimização.
  • Foi alcançado o primeiro regime de correção de erros “below-threshold”, validando a escalabilidade física de qubits supercondutores.
  • Sistemas de iões aprisionados atingiram fidelidades superiores a 99,9% e Quantum Volume acima de 2²⁵, os melhores valores de 2025.
  • Experiências com átomos neutros e fotónica mostraram escalabilidade e coerência sem precedentes, ampliando o leque de arquiteturas viáveis.
  • Apesar dos avanços, a computação quântica universal e tolerante a falhas permanece a uma década de distância da utilização em larga escala.

Nota de Contexto

A computação quântica é o ponto de convergência entre física fundamental e engenharia avançada.
Baseia-se na manipulação de qubits, unidades de informação capazes de existir em superposição e entrelaçamento, propriedades que permitem um paralelismo exponencial impossível na computação clássica.

Em 2025, a disciplina atravessa a sua fase mais crítica: a Era NISQ (Noisy Intermediate-Scale Quantum).
Esta fase caracteriza-se pela existência de processadores quânticos com dezenas ou centenas de qubits, operacionais, mas ainda instáveis, com ruído elevado e coerência limitada.
O desafio da década é transformar esses protótipos ruidosos em sistemas fiáveis, escaláveis e economicamente úteis.

1. Estado Atual da Tecnologia: Da Teoria à Engenharia

Durante décadas, o avanço da computação quântica foi dominado por provas de conceito, demonstrações experimentais que confirmavam a viabilidade teórica de certas operações.
Hoje, a investigação desloca-se da comprovação para a engenharia de estabilidade e fidelidade.

Os progressos são particularmente visíveis em três áreas:

  • A física do controlo quântico, que alcançou níveis inéditos de precisão.
  • Os algoritmos variacionais, capazes de operar em hardware imperfeito.
  • A integração com supercomputadores clássicos, num paradigma híbrido designado HPC+QC.

Esta convergência marca a transição de uma ciência experimental para uma tecnologia aplicada ainda imatura, mas com fundamentos sólidos.

2. Arquiteturas e Abordagens Tecnológicas

Supercondutores

A tecnologia mais consolidada em 2025 é a dos qubits supercondutores, que utilizam circuitos elétricos arrefecidos a temperaturas criogénicas próximas do zero absoluto.
As experiências recentes demonstraram redução de erros lógicos abaixo do limiar (“below-threshold”), um marco decisivo para a futura correção de erros.
Estes sistemas destacam-se pela velocidade de operação e pela compatibilidade com processos industriais de semicondutores, mas enfrentam limites severos de decoerência e custos criogénicos elevados.

Iões Aprisionados

A segunda família tecnológica, baseada em iões individuais presos em campos eletromagnéticos, oferece a maior fidelidade de operação e tempos de coerência mais longos.
Os registos recentes de Quantum Volume superiores a 2²⁵ e fidelidade >99,9% confirmam o domínio desta arquitetura na precisão.
O obstáculo principal é a lentidão das portas quânticas e a complexidade de manipular múltiplos iões simultaneamente, fatores que limitam a escalabilidade.

Átomos Neutros

Uma das áreas mais promissoras da investigação é o uso de átomos neutros controlados por pinças óticas.
Ensaios realizados em 2024–2025 demonstraram o controlo de mais de 6.000 átomos com coerência de 12,6 segundos, o que constitui um recorde mundial.
Esta abordagem combina escala física com tempos de estabilidade longos, embora ainda dependa de infraestruturas laboratoriais altamente complexas.

Computação Fotónica

Na computação fotónica, os qubits são representados por fotões, que oferecem uma vantagem natural: operam à temperatura ambiente e são intrinsecamente resistentes ao ruído térmico.
Apesar de promissora, esta tecnologia enfrenta o desafio da interação controlada entre fotões, essencial para operações de dois qubits.
O seu potencial está na tolerância a falhas e escalabilidade, com aplicações futuras em comunicações quânticas e redes distribuídas.

Recozimento Quântico

Por fim, o recozimento quântico (quantum annealing) ocupa um lugar distinto.
Não é uma arquitetura universal, não executa todos os algoritmos quânticos, mas é praticamente utilizável hoje em tarefas de otimização combinatória.
O seu valor reside na aplicabilidade imediata, especialmente em contextos industriais que requerem soluções aproximadas rápidas.

3. Software, Algoritmos e Ecossistema de Desenvolvimento

O avanço do software quântico é o elo que permite transformar hardware experimental em plataformas programáveis.
Linguagens como OpenQASM 3 e representações intermédias como QIR tornaram-se padrões para interoperabilidade entre máquinas.

O progresso nos algoritmos variacionais (VQE, QAOA) e em técnicas de machine learning quântico criou uma nova geração de aplicações híbridas, que combinam processadores clássicos e quânticos.
Estas abordagens não eliminam o ruído, mas tiram partido dele, ajustando os parâmetros em tempo real para maximizar resultados úteis.

O verdadeiro avanço de 2025 está nesta dimensão: a aproximação pragmática entre ciência teórica e engenharia de software.

4. Segurança e Criptografia Pós-Quântica (PQC)

Um dos impactos mais tangíveis da evolução quântica está na cibersegurança.
Com a publicação, em agosto de 2024, das normas FIPS 203, 204 e 205 de Criptografia Pós-Quântica, o mundo entrou na primeira fase de migração preventiva.
Mesmo sem computadores quânticos universais, já existe a ameaça futura (“harvest now, decrypt later”), que obriga empresas e governos a substituir sistemas de encriptação clássicos.

A normalização da PQC é, portanto, a primeira consequência prática da computação quântica moderna e o início de um novo paradigma de segurança.

5. Barreiras Técnicas e Horizonte Temporal

A maturidade científica da computação quântica não elimina os seus desafios fundamentais:

MétricaEstado atual (2025)Necessário para escala
Qubits físicos100–1.000≥ 1.000.000
Fidelidade média99–99,9%> 99,9999%
Tempo de coerênciamilissegundos–segundoshoras
Correção de errosexperimentaloperacional
Ambiente térmicocriogénicoindustrializável

Mesmo nos sistemas mais avançados, a computação quântica universal e tolerante a falhas continua a pelo menos uma década de distância.
Os próximos anos serão dominados por arquiteturas híbridas (HPC+QPU), capazes de tirar partido do quântico em subtarefas específicas, sem substituir o processamento clássico.

6. Perspetiva Científica e Caminhos Futuros

A investigação futura concentra-se em quatro eixos:

  1. Correção ativa de erros e códigos lógicos de superfície.
  2. Materiais e criogenia avançada (refrigeração a <10 mK).
  3. Integração eletrónica direta entre controladores clássicos e qubits.
  4. Escalabilidade modular, com interligação de múltiplos chips quânticos.

A convergência destes avanços determinará quando e como a computação quântica deixará de ser experimental.
Mais do que aumentar o número de qubits, o foco está agora na qualidade, coerência e conectividade.

Conclusão: A Década da Engenharia Quântica

Em 2025, a computação quântica alcançou maturidade científica suficiente para deixar de ser promessa, mas ainda não é tecnologia industrial.
As provas de conceito multiplicam-se, e o conhecimento físico cresce, mas a engenharia de estabilidade, correção de erros e escalabilidade continua a ser o maior obstáculo.

A verdadeira revolução quântica não será um evento súbito, mas um processo contínuo de refinamento tecnológico.
A próxima década (2025–2035) será a década da engenharia quântica: o período em que o hardware deixará de ser um protótipo e passará a ser uma ferramenta científica e industrial.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Computação Quântica em 2025, formato “Geral”, atualizado com informações até 15 de Outubro de 2025. Categorias: Global. Tags: Global, Computação Quântica, Quantum Chips, Microsoft, D-Wave, IBM, Google, Sistema Informáticos)

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