Coreia do Sul, Política Monetária – 12 Dez 25

Bank of Korea: Estabilidade financeira adia cortes apesar de orientação dovish crescente


Aqui pode acompanhar os últimos desenvolvimentos relacionadas com a Política Monetária da Coreia do Sul (BOK). Acompanhamos de forma contínua os desenvolvimentos mais relevantes que impactam esta economia e mundo com as políticas, consolidamos os pontos essenciais num formato que oferece uma visão clara, objetiva e alinhada com a nossa análise.    


Strategic Highlights – 25 novembro 2025

  • O BOK manteve a taxa diretora em 2,50% em outubro, com votação 6–1 pela manutenção.
  • 4 membros do Conselho mostraram abertura a cortar a taxa para 2,25% ou menos nos 3 meses seguintes.
  • A inflação subiu para 2,4% em outubro, enquanto o PIB do 3.º trimestre acelerou para +1,2%, o crescimento mais forte em mais de um ano.
  • O won enfraqueceu durante 4 meses consecutivos, pressionado por riscos internos e tensões comerciais com os EUA.
  • O corte antes esperado para novembro foi adiado para o 1.º trimestre de 2026, com a taxa mediana projetada a 2,25% durante 2026.

Nota de Contexto

O Bank of Korea é uma autoridade monetária com dupla preocupação: estabilidade de preços e gestão dos riscos financeiros, num país onde a dívida das famílias é das mais elevadas do mundo e o mercado imobiliário de Seul é sistemicamente sensível. Este enquadramento condiciona fortemente a capacidade de executar cortes rápidos, mesmo quando o crescimento económico fica aquém do potencial. Além disso, a Coreia do Sul é uma economia profundamente exposta ao comércio externo, pelo que a política monetária é moldada não apenas por condições domésticas, mas também pela evolução do dólar, das tarifas norte-americanas e das expectativas sobre a Fed.

Resultados da Reunião de Outubro: Estabilidade Primeiro

Na reunião de 23 outubro 2025, o BOK optou por manter a taxa diretora em 2,50%, apoiado por uma votação 6–1, refletindo prudência perante pressões significativas no mercado imobiliário e na moeda. A decisão ocorre num momento em que o rácio preço/rendimento de imóveis em Seul supera referências internacionais e a dívida das famílias continua a subir sem sinais de abrandamento. Estes fatores criam um risco para a estabilidade financeira que o banco central não pode ignorar, especialmente após cortes acumulados de 100 pontos base desde outubro de 2024.

Apesar desta contenção, a comunicação revelou um tom marcadamente dovish: segundo o governador Rhee Chang-yong, quatro dos seis membros (excluindo o próprio governador) admitem cortes adicionais para 2,25% ou abaixo nos três meses seguintes. Esta mensagem gerou um desfasamento entre a decisão atual e a direção esperada da política monetária, influenciando de imediato as condições financeiras, o won desvalorizou para mínimos de seis meses, enquanto o Kospi atingiu novo máximo histórico, acumulando +62% no ano.

Minutas de 11 Novembro: Divisão Interna e Riscos Crescentes

As minutas divulgadas a 11 novembro aprofundaram a perceção de um Conselho dividido. Embora a maioria dos membros defenda que a política deve permanecer acomodatícia, prevalece a visão de que qualquer flexibilização deve ser calibrada com cuidado, dada a volatilidade cambial atribuída a fatores internos e ao impacto das medidas governamentais para travar a subida dos preços das casas.

Neste contexto, destaca-se o dissidente Shin Sung-hwan, que voltou a defender que um corte está “significativamente atrasado”, mesmo admitindo que a execução da política foi dificultada por fatores de risco. A sua posição evidencia a tensão entre a necessidade de apoiar a economia e a preocupação com potenciais desequilíbrios financeiros.

Em paralelo, o desempenho da economia no 3.º trimestre surpreendeu pela positiva, crescendo ao ritmo mais forte em um ano e meio, impulsionado por exportações robustas e estímulos fiscais, uma dinâmica que atenua parcialmente o argumento para cortes imediatos.

Evolução das Expectativas de Mercado: Outubro → Final de Novembro

As sondagens de 21 outubro indicavam que a manutenção em outubro seria amplamente antecipada, mas o mercado esperava um corte em novembro. Contudo, à medida que o won continuou a depreciar, acumulando 4 meses de queda e os preços das casas permaneceram elevados, o consenso mudou rapidamente.

Na sondagem publicada a 25 novembro, 32 de 36 economistas esperavam outra manutenção da taxa em 2,50% na reunião de 27 novembro. O corte inicialmente previsto foi adiado para o 1.º trimestre de 2026, refletindo:

  • Inflação de outubro de 2,4%, acima do objetivo de 2%.
  • PIB do 3.º trimestre a 1,2%, o mais forte em mais de um ano.
  • Riscos persistentes na moeda e no mercado imobiliário.

Além disso, a projeção mediana para 2026 subiu para 2,25%, face aos 2,00% estimados na sondagem anterior, evidenciando uma revisão para cima das expectativas de restrição monetária.

Fatores Estruturais: Imobiliário, Câmbio e Política Comercial

O mercado imobiliário permanece no centro das preocupações. A escassez de nova oferta causada pelo aumento dos custos de construção, mão-de-obra e materiais, limita a capacidade de resposta da oferta, pressionando preços em Seul. O governo teve de anunciar a 3.ª ronda de medidas imobiliárias em quatro meses, sublinhando o caráter persistente do problema.

No plano cambial, o won está sob pressão devido à incerteza em torno de um acordo comercial com os EUA que prevê investimentos de 350 mil milhões USD e à ausência de consenso sobre tarifas automóveis. O BOK salientou que a volatilidade recente da moeda deriva sobretudo de fatores domésticos, aumentando a necessidade de estabilidade na taxa diretora.

Outro elemento estrutural é o comportamento da Fed, que já cortou 150 pb desde setembro de 2024 e deverá continuar a cortar em 2026. Esta tendência poderá, mais à frente, aliviar parte das tensões cambiais e oferecer ao BOK maior margem para flexibilização.

Perspetivas: Dovish no Médio Prazo, Hawkish no Curto

A leitura integrada dos documentos mostra um BOK que opera num equilíbrio delicado:

Razões para adiar cortes (curto prazo)

  • Inflação acima de meta (2,4%).
  • Crescimento trimestral mais forte (1,2%).
  • Mercado imobiliário ainda a aquecer.
  • Fragilidade externa do won.

Razões para retomar cortes (médio prazo)

  • Crescimento anual projetado em apenas 0,9%, o mais fraco desde 2020.
  • Hiato do produto negativo.
  • Sinalização dovish de 4 membros.
  • Pressão política e económica para apoiar a procura interna.

Deste modo, a trajetória esperada é de manutenção imediata, mas flexibilização moderada em 2026, com uma probabilidade elevada de corte até março de 2026, como indicado por 60% dos economistas na sondagem de 25 novembro.

Conclusão

Entre outubro e novembro de 2025, a narrativa do BOK evoluiu de uma pausa cautelosa para uma postura claramente dependente dos riscos. O Conselho está dividido, mas a inclinação geral é para cortes futuros, desde que o imobiliário estabilize e o won recupere alguma tração. Enquanto isso, a combinação de inflação acima de meta, crescimento trimestral sólido e pressões cambiais impede uma flexibilização prematura.

A política monetária sul-coreana entra assim em 2026 com um quadro híbrido: hawkish no curto prazo para proteger a estabilidade financeira, mas dovish no médio prazo para sustentar uma economia que cresce abaixo do potencial. A execução do acordo comercial com os EUA e a evolução da Fed serão determinantes na cadência dos próximos movimentos.


Visite o Disclaimer para mais informações.

Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre a Política Monetária do Banco Central da Coreia do Sul (BOK), formato “Geral”, atualizado com informações até 25 de Novembro de 2025. Categorias: Bancos Centrais. Tags: Política Monetária, BOK, Banco Central, Taxa de Juro, Coreiado Sul)

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