EUA, Consumo em Queda – 02 Abr 25

Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia do EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.


Consumo nos EUA em Queda Face à Inflação e Perspectivas Económicas Negativas

DESTAQUES (25 de março de 2025)

  • Consumidores norte-americanos estão a reduzir gastos devido à inflação persistente e à incerteza económica.
  • Endividamento em alta, com aumento das dívidas em cartões de crédito, empréstimos automóveis e linhas de crédito para habitação.
  • Confiança do consumidor caiu para o nível mais baixo em dois anos e meio.
  • Grandes retalhistas como Target e Walmart relatam que clientes estão a procurar mais promoções e alternativas de menor custo.
  • Ações de empresas financeiras como American Express, Capital One e Synchrony desvalorizaram entre 15% e 22% no último mês.

Tendências de Consumo e Endividamento nos EUA

A Synchrony Financial, uma das maiores empresas de crédito ao consumo dos EUA, revelou que os americanos estão a conter os seus gastos devido ao impacto da inflação e ao aumento da incerteza económica. A tendência reflete-se num aumento das dívidas acumuladas pelos consumidores, com as taxas de incumprimento a subirem nos setores de cartões de crédito, empréstimos automóveis e linhas de crédito habitacional, segundo um relatório da Reserva Federal publicado em fevereiro de 2025.

O presidente da Fed da Filadélfia, Patrick Harker, alertou que a economia dos EUA enfrenta sinais de pressão no setor do consumo, com confiança dos consumidores em queda. A desaceleração no consumo já é notada em diversas faixas de rendimento, de acordo com Max Axler, diretor de crédito da Synchrony, que afirmou que, embora a maioria dos clientes ainda esteja a cumprir os seus pagamentos, há um aumento do aperto financeiro das famílias.

O volume de compras caiu em todo o setor financeiro, com consumidores a tornarem-se mais cautelosos em relação aos seus gastos, disse Axler. A Synchrony, que gere mais de 100 milhões de contas de crédito, destaca que esta mudança de comportamento poderá impactar diretamente os bancos e instituições financeiras nos próximos meses.

Impacto nas Empresas e no Mercado Financeiro

A confiança dos consumidores norte-americanos atingiu em março de 2025 o nível mais baixo desde setembro de 2022, impulsionada por expectativas de inflação em alta. Segundo economistas, as tarifas comerciais aplicadas pelo Presidente Donald Trump poderão aumentar ainda mais os preços e travar o crescimento económico.

A cautela dos consumidores já se reflete nas grandes cadeias de retalho: Target e Walmart relataram que os seus clientes estão à espera de promoções e optam por produtos de menor custo. Este comportamento é um sinal de alerta para os mercados financeiros, onde analistas apontam que a redução dos gastos domésticos pode ser um indicador antecipado de aumento dos pagamentos em atraso e incumprimento de empréstimos.

Os bancos também começam a sentir os efeitos desta desaceleração. De acordo com Saul Martinez, analista do HSBC, o crescimento dos empréstimos caiu entre 5% e 12% em fevereiro de 2025 comparado com o mesmo período do ano anterior. Esta redução pode resultar numa queda da receita líquida de juros dos bancos, impactando o desempenho financeiro das instituições.

As ações de empresas de crédito ao consumo, como American Express, Capital One, Synchrony e Discover, registaram desvalorizações entre 15% e 22% no último mês, refletindo a crescente preocupação dos investidores sobre a sustentabilidade da dívida dos consumidores.

O Risco da Dívida Estudantil e Perspectivas para 2025

Outro fator que poderá agravar a pressão financeira das famílias é a reintrodução das dívidas estudantis nos relatórios de crédito. Desde fevereiro de 2025, os prestadores de serviços de empréstimos estudantis da era COVID-19 voltaram a reportar incumprimentos ao sistema de crédito, um processo que continuará até maio de 2025.

Segundo Rikard Bandebo, economista-chefe da VantageScore, esta mudança poderá provocar um aumento nas taxas de incumprimento, num momento em que o endividamento das famílias já se encontra elevado.

“Ao fim de cinco anos, as dívidas estudantis federais em atraso voltam a aparecer nos relatórios de crédito, e esperamos que muitos consumidores fiquem pressionados por isso”, afirmou Bandebo.

Conclusão

O mercado de consumo dos EUA encontra-se numa fase de retração, com os americanos a ajustarem os seus hábitos de compra devido à persistente inflação e ao aumento da incerteza económica. A tendência é preocupante, pois pode indicar um agravamento da inadimplência e um risco crescente para bancos e instituições financeiras.

As perspectivas para 2025 são de maior cautela no crédito ao consumo, especialmente à medida que as famílias enfrentam novas pressões financeiras, incluindo o fim das moratórias da dívida estudantil. Com os consumidores mais prudentes nos seus gastos e nas suas decisões de endividamento, os bancos poderão ver um desaceleramento no crescimento dos empréstimos e uma redução das receitas, tornando o ambiente financeiro ainda mais desafiador nos próximos meses.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre o consumo nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 25 de Março de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, EUA, Consumo, Dívida, Inflação)