EUA, Corporate Bonds – 19 Mar 25

Aqui pode acompanhar as últimas noticias relacionadas com as Corporate Bonds nos EUA. As notícias são uma componente importante pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que afetam esta empresa.


Spreads das Obrigações Empresariais dos EUA Atingem Máximos Desde Setembro, Sinalizando Maior Preocupação com Recessão e Guerra Comercial

DESTAQUES (12 de março de 2025)

  • Spreads das obrigações empresariais dos EUA atingiram os níveis mais altos desde setembro de 2024, refletindo um aumento da incerteza económica.
  • Os spreads das obrigações de grau de investimento chegaram a 94 pontos base na terça-feira, segundo o ICE BofA Corporate Index.
  • Os spreads das obrigações de alto rendimento (“junk bonds”) alargaram-se para 322 pontos base, também o maior nível desde setembro.
  • Crescem as preocupações com a inflação e a impossibilidade da Fed cortar taxas de juro devido a novas tarifas comerciais.
  • Investidores estrangeiros aumentaram a procura por dívida corporativa norte-americana, ultrapassando seguradoras e fundos de pensões em 2024.

Aumento dos Spreads e Impacto no Mercado Financeiro

Os spreads das obrigações empresariais dos EUA aumentaram significativamente nesta semana, atingindo os níveis mais altos desde setembro de 2024, à medida que crescem os receios de uma recessão e de uma guerra comercial global.

Na terça-feira, os spreads das obrigações de grau de investimento atingiram 94 pontos base, enquanto os spreads das obrigações de alto rendimento (junk bonds) aumentaram para 322 pontos base, segundo o ICE BofA High Yield Bond Index.

Os investidores consideram os spreads das obrigações corporativas um importante indicador de stress financeiro, sobretudo a diferença entre os títulos de empresas com classificação de crédito mais fraca e as obrigações do Tesouro dos EUA, vistas como um ativo de refúgio. O alargamento dos spreads indica uma diminuição do apetite por risco, com os investidores a afastarem-se de ativos mais arriscados, como as junk bonds.

Guerra Comercial e Impacto na Inflação

O alargamento dos spreads ocorre num momento de crescente ansiedade sobre a economia, impulsionada por uma série de novas tarifas comerciais impostas pela administração de Donald Trump. Estas tarifas aumentam os receios de uma guerra comercial global, que pode pressionar ainda mais os mercados financeiros.

Segundo Andrzej Skiba, chefe da BlueBay U.S. Fixed Income na RBC GAM, a imposição de tarifas “será inflacionária”, tornando improvável que a Reserva Federal (Fed) consiga cortar as taxas de juro neste ambiente. Para Skiba, isto pressionará os ativos de rendimento fixo, podendo levar a um alargamento ainda maior dos spreads e a um aumento do risco financeiro.

Uma sondagem da Reuters realizada na semana passada revelou que 95% dos economistas nos EUA, Canadá e México acreditam que o risco de recessão aumentou significativamente devido à implementação desordenada das tarifas comerciais por Trump.

Os analistas do Société Générale alertaram que a reavaliação das ações do setor tecnológico está a gerar contágio entre ações e crédito, um fenómeno que não era observado há bastante tempo. Esse movimento aumenta os receios de uma desaceleração económica e pode fazer a economia “sair dos trilhos”, escreveram os analistas numa nota divulgada na quarta-feira.

Expectativas para os Próximos Meses

Desde o último mínimo registado a 18 de fevereiro de 2024, os spreads das junk bonds já aumentaram 59 pontos base, de acordo com os analistas do JPMorgan. A equipa da instituição espera que os spreads continuem a alargar nos próximos meses, impulsionados pela elevada incerteza macroeconómica em torno da política comercial, inflação e recessão.

Embora os spreads das obrigações empresariais ainda se mantenham baixos em comparação com os padrões históricos, os analistas sublinham que o risco está a aumentar. No final de 2023, os spreads das junk bonds chegaram a cair para 250 pontos base, o nível mais baixo desde 2007, antes da Crise Financeira Global, período em que dispararam para mais de 2.000 pontos base (20%). Durante 2022 e 2023, os spreads permaneceram acima dos 350 pontos base durante a maior parte do tempo, segundo o ICE BofA High Yield Index.

Atração pelo Mercado de Dívida e Procura por Obrigações Corporativas

Nicholas Elfner, co-diretor de pesquisa da Breckinridge Capital Advisors, afirmou que, à medida que os efeitos das políticas económicas e fiscais de Trump se tornam mais claros, espera-se que os spreads das obrigações empresariais norte-americanas continuem a aumentar.

Paradoxalmente, o aumento dos spreads pode tornar a dívida corporativa mais atrativa, já que os investidores tendem a procurar rendimentos mais elevados. Elfner destacou que os investidores estrangeiros aumentaram significativamente a sua procura por obrigações empresariais dos EUA em 2024, ultrapassando fundos de pensões e seguradoras como os principais compradores deste tipo de ativos.

Conclusão

O alargamento dos spreads das obrigações empresariais nos EUA reflete uma crescente preocupação dos investidores com a recessão, inflação e a guerra comercial desencadeada pelas novas tarifas da administração Trump.

O mercado de crédito enfrenta um ambiente de risco elevado, com spreads das junk bonds a expandirem-se e os investidores a afastarem-se dos ativos mais arriscados. Apesar disso, a procura estrangeira por dívida corporativa continua forte, impulsionada pelos maiores retornos oferecidos por esses títulos.

Nos próximos meses, a evolução dos spreads dependerá da trajetória da política monetária da Fed, das medidas protecionistas dos EUA e da capacidade da economia norte-americana de resistir a um possível abrandamento global.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre as Corporate Bonds nos EUA, formato “News”, atualizado com informações até 14 de Março de 2025. Categorias: Obrigacionista. Tags: Corporate Bonds, Dívida, EUA)