EUA e Europa, Acordo de Energia – 28 Ago 25

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Europa aceita acordo assimétrico com os EUA sob pressão energética e comercial

Strategic Highlights (29 de julho de 2025)

  • A 29 de julho de 2025, a União Europeia oficializou um novo acordo comercial com os EUA, comprometendo-se a importar anualmente 250 mil milhões de dólares em energia norte-americana, incluindo petróleo, LNG e derivados
  • Vários analistas classificam a meta como irrealista e economicamente insustentável, sublinhando que o volume excede de forma significativa as capacidades de importação, armazenamento e rede da Europa
  • A França opôs-se publicamente ao acordo, considerando-o desproporcional e prejudicial para a indústria energética europeia, mas acabou por ficar isolada entre os pares
  • O acordo surge num contexto de crescente dependência energética da UE e de pressões tarifárias intensas por parte da administração Trump
  • Setores estratégicos como energia, indústria pesada e agricultura foram os mais afetados nas concessões feitas por Bruxelas, com impacto direto nas empresas e políticas de transição energética

Acordo imposto sob pressão tarifária

Entre 27 e 29 de julho de 2025, a União Europeia concluiu negociações urgentes com os Estados Unidos, aceitando um acordo comercial altamente assimétrico. Sob a ameaça de novas tarifas sobre exportações europeias, particularmente nos setores automóvel, agrícola e farmacêutico, Bruxelas cedeu a várias exigências, destacando-se o compromisso de gastar 250 mil milhões de dólares por ano em energia norte-americana.

Este valor cobre essencialmente importações de LNG, petróleo bruto e refinado, e combustíveis industriais, com parte do compromisso já em vigor desde o início de 2024, mas agora formalizado em novas cláusulas vinculativas. A motivação explícita da administração norte-americana foi garantir acesso preferencial ao mercado europeu para a sua produção energética, numa altura em que os EUA enfrentam excesso de oferta doméstica e querem reduzir a exposição asiática.

A promessa energética: 250 mil milhões de dólares/ano

O aspeto mais controverso do acordo é o montante comprometido em energia. A UE prometeu adquirir 250 mil milhões de dólares por ano em energia norte-americana, valor que representa aproximadamente o dobro do volume atual e mais de 30% do total das importações energéticas da UE em 2024.

Especialistas classificam esta promessa como “economicamente insustentável e logisticamente impossível”, dado que:

  • A infraestrutura portuária europeia não está preparada para absorver esse volume adicional de LNG no curto prazo;
  • Os contratos de longo prazo já existentes com outros fornecedores (Qatar, Argélia, Noruega) dificultam substituições imediatas;
  • O preço médio de referência para o LNG norte-americano está atualmente acima dos benchmarks alternativos, colocando em risco a competitividade industrial europeia.

Resistência francesa e divisões internas

A França manifestou publicamente o seu desagrado com o resultado do acordo, classificando-o como uma submissão comercial e energética face a Washington. O governo francês alertou que a política de compras forçadas de energia dos EUA coloca em risco:

  • A autonomia energética europeia
  • A viabilidade da transição para fontes renováveis
  • A competitividade da indústria francesa, fortemente dependente de contratos regulados e energia nuclear

Apesar das críticas, outros Estados-membros aceitaram o acordo como o “mal menor”, preferindo evitar uma escalada tarifária com os EUA, que ameaçava exportações-chave em vários setores.

Impactos económicos e estratégicos

O acordo representa um ponto de inflexão nas relações comerciais e energéticas transatlânticas, com implicações profundas:

  • Indústria energética europeia sob pressão: produtores locais enfrentam concorrência direta de energia americana subsidiada;
  • Risco de distorção nos mercados internos: países com menor capacidade de armazenamento ou terminais LNG poderão pagar prémios adicionais;
  • Retrocesso nos objetivos climáticos: o aumento das importações de combustíveis fósseis pode comprometer metas de redução de emissões e investimentos em renováveis;
  • Fragilização do bloco europeu nas negociações multilaterais, ao mostrar falta de coesão estratégica e capacidade de resistência económica.

Reações do mercado e geopolítica

Os mercados energéticos reagiram com alguma volatilidade. Os contratos futuros de LNG europeu mostraram pressão descendente, antecipando oferta acrescida de origem americana, enquanto os spreads com o LNG asiático alargaram-se.

Empresas energéticas norte-americanas registaram ganhos em bolsa após o anúncio, especialmente produtoras e exportadoras de gás natural liquefeito. Já os produtores europeus enfrentaram quedas, refletindo preocupações com sobrecapacidade e margens comprimidas.

No plano geopolítico, o acordo reforça o reposicionamento dos EUA como fornecedor energético dominante da Europa, esvaziando parcialmente o espaço para fornecedores como a Rússia, Qatar ou Nigéria. Contudo, este movimento também levanta novos riscos de dependência estratégica, agora com sinal invertido.

Conclusão

O novo acordo comercial entre os EUA e a União Europeia, firmado entre 27 e 29 de julho de 2025, representa um dos maiores compromissos unilaterais de importação de energia alguma vez assumidos pela UE, com a promessa de adquirir 250 mil milhões de dólares por ano em energia norte-americana. Acordado sob intensa pressão tarifária, o pacto levanta sérias dúvidas sobre a sua viabilidade económica, sustentabilidade energética e coerência estratégica.

Apesar das promessas de estabilidade comercial e segurança energética, o acordo poderá acabar por minar a transição climática europeia, enfraquecer a sua autonomia estratégica e exacerbar divisões internas entre os Estados-membros. A médio prazo, a verdadeira medida do impacto será a capacidade da Europa de executar este compromisso sem sacrificar competitividade, independência e coesão política.


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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.

(Artigo sobre o acordo de Energia entre EUA e Europa, formato “Geral”, atualizado com informações até 29 de Julho de 2025. Categoria: Política. Classe de Ativos: N/A. Tags: Trump, Política, Geopolítica, EUA, Tarifas, Europa)