
Aqui pode acompanhar as últimas notícias relacionadas com a economia dos EUA. As notícias são uma componente importante, pois ajudam a manter uma linha condutora em relação aos eventos mais relevantes que influenciam o crescimento económico, a estabilidade financeira e as dinâmicas do mercado local e global.
Mercado de Trabalho dos EUA Mostra Sinais de Arrefecimento em Fevereiro
Destaques (07 Mar 25)
- Criação de empregos nos EUA desacelerou, com 151.000 novos postos em fevereiro, abaixo das previsões de 160.000.
- Taxa de desemprego subiu para 4,1%, refletindo um declínio de 588.000 no emprego doméstico.
- Ganho médio por hora aumentou 0,3% no mês, levando o crescimento anual dos salários para 4,1%.
- Política comercial e cortes nos gastos federais criam incerteza, afetando confiança das empresas.
- Fed deverá manter taxas inalteradas em março, mas mercado espera cortes a partir de junho.
Crescimento do emprego abranda, mas ainda não sinaliza recessão
A criação de empregos nos EUA desacelerou em fevereiro de 2025, com 151.000 novas vagas adicionadas, um número abaixo das expectativas de 160.000 e inferior à média mensal de 209.000 no quarto trimestre de 2024.

O Bureau of Labor Statistics divulgou os dados a 7 de março de 2025, mostrando que, embora o mercado de trabalho continue a crescer, o ritmo de criação de postos de trabalho está a abrandar. A taxa de desemprego subiu para 4,1%, em comparação com os 4,0% registados em janeiro, refletindo uma queda de 588.000 empregos domésticos e um aumento no número de trabalhadores a tempo parcial.
Impacto da política comercial e cortes governamentais
O governo Trump introduziu novas tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá e duplicou as tarifas sobre produtos chineses para 20%. No entanto, a isenção temporária dos produtos do Canadá e do México trouxe alguma incerteza às empresas sobre o futuro das relações comerciais.
As empresas também foram afetadas por cortes profundos nos gastos federais, que já levaram a 6.700 despedimentos no setor público (excluindo os correios). O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, continua a reduzir o tamanho do governo, restringindo as contratações e contribuindo para a queda geral no emprego público.
Os setores mais afetados incluem serviços profissionais e empresariais, que perderam 2.000 postos de trabalho, principalmente em ciência, tecnologia e engenharia.
Setores que mais contrataram
Apesar da desaceleração geral, alguns setores ainda registaram crescimento:
- Cuidados de saúde: 52.000 novos empregos, impulsionados pelo aumento de contratações em hospitais e centros de saúde ambulatoriais.
- Atividades financeiras: 21.000 novos postos de trabalho.
- Transportes e armazenamento: 18.000 empregos adicionais, com aumento na contratação de correios e serviços de entrega.
- Construção: 19.000 novos postos, impulsionados por investimentos em infraestruturas.
- Manufatura: 10.000 novos postos, refletindo um ligeiro crescimento na produção industrial.
No entanto, alguns setores enfrentaram dificuldades. O setor do retalho perdeu 6.000 empregos, parcialmente devido ao impacto de uma greve numa grande cadeia de supermercados. O setor de bares e restaurantes registou uma queda significativa, com 27.500 postos a menos, indicando um possível abrandamento no consumo.

Preocupações com o horário de trabalho e desemprego oculto
O número de trabalhadores a tempo parcial por razões económicas aumentou em 460.000, atingindo 4,9 milhões, o nível mais alto desde junho de 2023.
Além disso, a percentagem de trabalhadores com mais de um emprego atingiu 5,4%, o maior valor desde abril de 2009, sugerindo que mais americanos precisam de múltiplos empregos para sustentar o seu nível de vida.
A taxa de participação na força de trabalho caiu para 62,4%, o nível mais baixo desde março de 2023, enquanto o rácio emprego-população caiu para 59,9%, indicando uma menor capacidade da economia de gerar emprego suficiente para a população ativa.

Uma medida mais ampla de desemprego, que inclui trabalhadores desmotivados e pessoas subempregadas, subiu para 8,0%, o nível mais alto desde outubro de 2021.

O que esperar da Reserva Federal?
A Fed deverá manter a sua taxa de juro de referência entre 4,25%-4,50% na próxima reunião, refletindo a necessidade de avaliar o impacto das tarifas e da desaceleração do emprego antes de tomar novas decisões.
Contudo, os mercados financeiros esperam que o banco central retome os cortes nas taxas a partir de junho, dependendo da evolução da inflação e da economia. Desde setembro de 2024, a Fed já reduziu as taxas em 100 pontos base, após o forte aumento de 5,25 pontos percentuais entre 2022 e 2023 para conter a inflação.
O presidente da Fed, Jerome Powell, reforçou na sexta-feira que “não há necessidade de pressa e estamos bem posicionados para esperar por maior clareza”.
Após os comentários de Powell, as ações em Wall Street subiram, o dólar caiu e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA aumentaram.
Conclusão
Os dados de fevereiro mostram um mercado de trabalho que ainda cresce, mas a um ritmo mais lento, com sinais de que a incerteza política e as tarifas comerciais estão a afetar a confiança das empresas.
Com o desemprego a subir, a taxa de participação a cair e o aumento do trabalho parcial, o mercado de trabalho pode estar a entrar num período de transição, no qual a resiliência dos últimos anos começa a dar lugar a um maior abrandamento económico.
Os próximos meses serão críticos para entender se a economia dos EUA poderá evitar uma recessão ou se os efeitos das políticas comerciais e fiscais começarão a pesar ainda mais sobre o crescimento e o emprego.
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Os valores encontram-se em sistema métrico europeu.
(Artigo sobre o emprego mensal nos EUA, formato “Geral”, atualizado com informações até 07 de Março de 2025. Categorias: Economia. Tags: Economia, EUA, NFPs, Emprego, Taxa Desemprego)